Capítulo 34

6.7K 191 5
                                    

💜Lê narrando💜

22: 27 da noite

Depois que o Lipe chegou com a Bela nos braços daquela forma, com hematomas roxos e tudo mais eu só pensei em chorar, entrei no meu quarto e fiz isso que eu já desejava a tempos. Aki no morro a gente não pode chorar que já é coisa de pessoas fracas, tu não anda por aí e vê uma pessoa chorando não, claro a não ser crianças de rua e pessoas que são pobres de condições.

Eu tenho uma história de antigamente quando o meu pai mandou o LP novinho ir estudar com uma tia nossa. Eu sempre amei a minha mãe e o meu pai, mais antes ele se drogava sempre e por isso chegava em casa maluco. Claro que mamãe ameaçava fugir de casa caso algum dia ele encostasse a mão em alguma de nós. Um dia mamãe saiu para trabalhar e disse que iria demora o dia todo, eu fiquei sozinha em casa porque era criança e o meu pai iria cuidar de mim. Ele saiu pra rua e logo depois voltou bêbado e drogado, ele não aceitava que o morro estivesse decaindo e por isso descontava a culpa nas drogas, pelo menos era o que a mamãe falava. Ele me bateu e bateu muito e depois pediu a amante dele pra cuidar de mim por uma semana até que meu irmão voltasse e eu não tivesse com nenhum hematoma. Eu chorava e pedia ajuda mais eu era apenas uma criancinha. A amante do meu pai sempre foi uma mulher boa e gentil por isso me pediu pra nunca contar isso à ninguém, eu fiquei com medo do meu pai por muito tempo mais logo quando o morro começou a lucrar ele me pediu perdão de joelhos e nunca mais encostou a mão em mim.

Isso foi um trauma que levei por anos e anos. Quando o Lipe começou a ficar agressivo eu temia que algo assim acontecesse, e aconteceu. Ele sempre foi o melhor irmão que eu poderia ter, mais a droga leva as pessoas a fazerem coisas que se estivessem sã não fariam. O Lipe chegava em casa e quando me via no sofá até tarde era motivo de discussão e eu acabava apanhando, muitas vezes o DG já chegou a entrar na minha frente mais acabava sendo empurrado ou causando uma briga maior. Eu fico feliz que depois que a Bela apareceu o meu irmão tenha mudado, pode ser que por pouco ele quase voltou a ser o LP agressivo mais foi só por pouco mesmo.

Desci o morro com os pensamentos rodeando a minha cabeça. Passei na rua do Mercadinho do seu José e acenei, as pessoas daki que são humildes amam quando eu tenho um certo carinho com todos eles. Desci uma boca e bati no portãozinho vermelho bonito. Depois que conheci a Bia viramos boas colegas de vizinhança, ela conta sobre a sua cidade e eu conto como é morar aki no morro do Alemão.

A Bia apareceu no portão de pijama curtinho e sorriu ao me ver.

Bia -- Oi Lê! Mulher mesmo que seja perto da sua casa não fica vindo aqui de noite não bem, mesmo com o costume eu ainda acho perigoso bem. Entra. - sorri da sua preocupação e entrei.

A casa da Bia e do André é confortável, claro que não é tão exagerada como a minha, porque o LP quando subiu no poder renovou tudo que ele tem. Principalmente as casas aki do morro, que não são poucas e as de outras cidades que não sei onde fica já que não me meto nas coisas dele. A casa tem um cheirinho bom de lar, coisa que muitas casas humildes daki do morro também tem. Subir na vida é pedir emprego para o LP que rapidinho tu vira bandido de cordão de ouro. É o dilema dos homens daki do Alemão. O André cresceu assim e eu acho tão lindo a história deles, já que ele veio pro morro pra juntar dinheiro e trazer a esposa contigo e o melhor é que ele nunca a traiu.

Entramos na sala e eu me joguei no sofá marrom novinho deles. Sabe aquela fofura que o sofá tem quando ainda tá novinho? É tão gostoso de deitar e tipo outras coisas que eu não preciso falar...

Bia -- Cê é folgada em bem. - Bia murmurou passando e indo pra sua cozinha.

Aproveitei já me sentindo em casa e liguei a TV também nova deles. Na verdade toda a casa aki é nova. Acho que todos que passavam por aki nunca imaginaram que essa casa que tava sendo arrumada fosse ser do André pra dá de presente pra esposa. Sonho casar com um homem assim Deus.

A PATRICINHA GRÁVIDA DO DONO DO MORRO Onde histórias criam vida. Descubra agora