1. Mudanças são necessárias e incontroláveis.

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Mais um mês que eu recebo o dinheiro que meus pais me mandaram para pagar o aluguel da casa, me sinto injusta com os mesmos, é muito dinheiro e eu nem preciso de uma casa tão grande para morar só.

Desde que eles decidiram voltar para Busan e eu fiquei para terminar a faculdade em Seul, eles têm me mandando dinheiro para sobreviver, sem muitos luxos é claro, porém sou sincera em dizer que tenho uma vida muito confortável.

Mas agora essa casa sem eles se tornou grande demais e vazia demais, eu preciso me mudar para um lugar menor e mais barato, mas ao mesmo tempo não quero sair desse bairro, eu o amo e já me acostumei com ele, além de ser seguro e perto da faculdade.

Suspiro fundo e me sinto afundar mais nesse sofá pequeno já que meus pais levaram muitas das mobílias para Busan, sinto meu celular vibrar na minha perna mas é só mais uma mensagem da operadora.

Penso em ligar para a mamãe, talvez ela saiba o que fazer.

— Alô. - ela diz do outro lado da linha provavelmente estava assitindo alguma das novelas da tarde. — Filha? tá tudo bem?

— Oi mãe tô bem sim, na verdade eu liguei por que eu tô com um problema. - começo. — Há um tempo que eu já estou me sentindo só nessa casa tão grande sem vocês...

— Você quer vim para Busan? É isso? E a sua faculdade? - diz com um tom de euforia e me interrompe antes que eu possa concluir, típico.

— Não, não é isso, na verdade eu queria me mudar mas não quero sair desse bairro, liguei para saber se a senhora pode falar com a senhora Lee sobre alguma casa para alugar por aqui, ela sabe de tudo afinal. - não é de hoje que a mamãe me propõe voltar para Busan e trancar a faculdade mas eu estou determinada a termina-la.

— Ah, tudo bem. - ela fala perceptivelmente frustrada.

— Mãe, você sabe que eu sinto falta de vocês, mas terminar a faculdade é o meu objetivo de vida, sempre foi. - mordo minha bochecha e me deito no sofá até ficar com a cabeça para baixo e as pernas para cima.

— Eu sei disso e te apoio, vou falar com a senhora Lee, te amo. - ela finaliza a chamada e finalmente me levanto para fazer algo de produtivo no meu fim de semana.

[...]

Tiro a última caixa da caminhonete do meu namorado, ele me ajudou com a mudança. Já que eu vou me mudar para o final da minha rua, contratar um caminhão seria desnecessário e caro.

Há uma semana liguei para a minha mãe com um problema e hoje tenho ele resolvido, ela falou com uma das amigas dela que sabe de tudo sobre todos e ela disse que a casa 141 foi desocupada recentemente e estava para alugar.

Incrível, não?

A casa não é tão pequena assim, talvez ainda seja um pouco grande demais para morar sozinha mas definitivamente é mais barata e está localizada no bairro que eu gosto.

Subo com as caixas pelas escadas para me levar ao meu novo quarto, uma suíte simples com uma pequena varanda e uma janela grande que deixa o quarto bem mais iluminado.

— Então esse é seu novo quarto? - meu namorado, Hoseok, pergunta maravilhado enquanto olha para todos os cantos na tentativa de gravar tudo na mente.
— Eu gostei! - diz sorrindo e mostrando suas covinhas no canto inferior da boca.

— Que bom que gostou, quando vem dormir comigo? - sorrio colocando as caixas no chão e me sento na cama, eu e o hoseok namoramos oficialmente há quatro meses e eu ainda não apresentei ele para os meus pais, ainda é tudo muito recente e tudo pode acontecer.

Sua expressão muda bruscamente como se ele quisesse me dar uma resposta que seria difícil de aceitar ou como se tivesse inventando alguma desculpa.

— Bom essa semana definitivamente não, já que eu tô muito ocupado com os trabalhos da faculdade. - ele solta as caixas no canto do quarto e vem até mim, pega as minhas mãos me levantando da cama e me selando carinhosamente. — Mas, que tal semana que vem? - sorri e me abraça, maneio a cabeça concordando sobre seu peito e sinto seu cheiro doce como o de uma flor me invadir.

— Agora eu só tenho uma casa pra arrumar e móveis para colocar. - ironizo minhas palavras, a preguiça me toma por completo, se dependesse de mim eu apenas deitaria e dormiria aproveitando a presença do meu namorado.

— Vamos lá sua preguiçosa, a gente já fez a parte mais trabalhosa e eu vou te ajudar. - ele diz me largando e indo em direção a uma das caixas perto da cama, abrindo-a e colocando todos os objetos em cima da minha cama que ainda está sem os devidos lençóis.

Já eu me jogo novamente na cama, fecho os olhos e imagino o quão seria incrível ser o Harry Potter e fazer um feitiço para que tudo se arrumasse sozinho.

[...]

Já está de noite e eu estou deitada na minha cama sentindo como se um caminhão tivesse me atropelado, mas na verdade eu só estou cansada desse longo dia. Procuro algo de interessante para assistir na televisão enquanto como meu lamén apimentado.

Achei um programa culinário e decido por assiti-lo, já que eu estou jantando não vou ficar com tanta fome se eu ver belas comidas saborosas sendo preparadas, e é o momento perfeito já que não vou querer assitir isso outro dia.

A casa está toda arrumada e limpa, hoseok me ajudou com tudo e foi embora há pouco, confesso que ele fez a maior parte enquanto eu me arrastava pelo chão reclamando, mesmo eu tendo insistido para que ele ficasse e dormisse aqui ele foi embora, sinto falta dele, para ser sincera já faz umas semanas que ele não vem dormir comigo, talvez eu esteja sendo egoísta demais, ou carente demais, no fim das contas ele ainda tem os trabalhos para começar e também não tinha trazido nehuma roupa.

Olho para a grande janela do meu quarto e quase me engasgo com o lamén ao perceber que minha janela é exatamente de frente para a do meu vizinho, onde eu tenho total visão do andar de cima e ele do meu quarto.

— O engenheiro devia ser muito burro de colocar uma janela justo aqui. - praguejo de boca cheia. — E a privacidade fica ONDE? - reviro os olhos pensado que eu tenha que comprar uma cortina urgente, coloco esse fato nas notas do celular para não esquecer, mas por enquanto decido por improvisar com um lençol, depois de procurar pregos em uma das inúmeras caixas os posiciono e martelo-os na parede, quase martelo meu dedo no processo, porque sinceramente sou a vergonha da profissão quando se trata de trabalho manual.

Depois que termino tudo volto para a cama e continuo a comer ainda não conseguindo prestar atenção na televisão, tenho meus olhos fixos na janela, que agora está coberta por um lençol branco e velho, me pergunto quem seria meu vizinho do qual não teria a privacidade.

Minhas sobrancelhas se erguem e minha boca forma um perfeito "o", me lembrando de umas histórias e fofocas que ouvi quando me mudei de Busan para cá, há poucos anos.

A moça dizia que na casa 140 morava um jovem rapaz, ela dizia também que ele era louco e um psicopata em potencial, meus pais acreditaram na hora mas aquela história não me comprou. Ela dizia que ele era sozinho e quase nunca saía de casa o que não explica muita coisa já que eu também quase não saio do meu quarto e não sou uma psicopata louca.

Na época eu me senti muito curiosa em relação a ele, eu sabia que aquela história toda era baboseira mas eu queria saber a verdade, porque de fato eu quase nunca o via, sempre que podia passava na frente da casa dele de propósito na intenção de vê-lo e perguntar algo. Mas ele nunca aparecia.

Quando o vi pela primeira vez minha mente o associou a um personagem de anime, dos mais bonitos, com os detalhes angelicais e tudo, hoje em dia eu não lembro dele nem de seus detalhes em si, só lembro do fato que ele parecia um personagem, não sei o que isso significava para o meu eu do passado.

Eu só espero não ter realmente um psicopata como vizinho.

Me perdoem os possíveis erros na escrita e não esqueçam de votar se gostarem.

𝑴𝒆𝒖 𝒗𝒊𝒛𝒊𝒏𝒉𝒐 𝑲𝒊𝒎 𝑻𝒂𝒆𝒉𝒚𝒖𝒏𝒈 || 🄺🅃🄷Onde histórias criam vida. Descubra agora