Spam

124 18 1
                                    

- Zupo. - disse, ainda um pouco perdida, ao entrar no carro e jogar minha mochila no chão.
- Bruxa. - retrucou ele, eu ri.
- Acho que acabei de conhecer uma pessoa.
- Uma? - ele olhou pela janela enquanto nos afastávamos do gramado da escola. - Consigo contar, pelo menos, umas duzentas pessoas bem ali, L! - eu revirei os olhos. Não tinha sentido conversar sobre aquilo. O garoto novo não lembraria que eu existo no dia seguinte, assim como não lembrei de anotar seu telefone antes de jogar minha roupa na máquina de lavar e me sentindo estupida 30 minutos depois ao retirar o papel do casaco e vendo tudo borrado.
Durante a tarde, eu usava o computador enquanto Z preparava nossa janta.
Nós tínhamos permissão para pedir comida quando quiséssemos (eu, no caso, você já deve saber que robôs não possuem a mesma necessidade que nós), mas Z era muito bom na cozinha.
Ao papai chegar, Z fez o relatório do dia, como sempre fizera. Informando os nutrientes que absorvi, meu peso, minha temperatura, meu estado emocional do dia (irônico; estressada; sarcástica; repete tudo de novo). Hoje, no entanto, ele disse somente irônica e curiosa.
- Curiosa, uh? - suspeitou papai, eu encarei Z, sem entender.
- Ele está louco. Já deve estar velho, isso sim. - reclamei, mostrando a língua pra Z, que me mostrou o dedo do meio.
- Ei, ei. Eu vi isso, hein? - ralhou papai para nós dois. - Você, definitivamente, estragou o pobre Zupo, Lyana. - disse papai, ao se afastar para seu quarto.
  - Você recebeu uma mensagem. - disse Zupo ao entrar no meu quarto enquanto eu me trocava para dormir.
- Eu já falei! Custa bater?! - ralhei, afastando ele pra fora do quarto até que eu me trocasse. Ele bateu 2 vezes.
- Sei que já se trocou. - disse ele. - Você recebeu uma mensagem.
- Deve ser spam. Boa noite, Z. Vai dormir. - mandei, indo fazer o mesmo depois de um dia atípico.

o MELHOR verão de nossas vidasOnde histórias criam vida. Descubra agora