Acima da média

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Na manhã seguinte eu me senti nervosa e ansiosa para a escola.
- Você está arrumada! - constatou Z ao me ver chegando na cozinha e agarrando uma torrada. Eu dei de ombros.
Eu tinha arrumado o cabelo, para não parecer aquela vassoura desgovernada e passado um batom rosa claro. Minha roupa também estava mais passada, estava com minha camisa de mangas curtas amarelas e uma saia branca com um tênis preto já velho.
- Por que está arrumada? Não temos nenhum evento hoje. - perguntou Z, curioso.
- Sei lá... quis me arrumar.
- Por que está mentindo? - ele franziu a testa. Era muito difícil conversar com Z de vez em quando.
- Eu só quis me arrumar para me sentir um pouco mais bonita, Z. - Eu tomei um longo gole do café e o suco de laranja inteiro em seguida.
- Seu padrão de beleza está acima da media para as garotas de sua idade. Na verdade, de acordo com suas características físicas você está bem acima da média. Possui exatamente um metro e setenta e um centímetros, com cinquenta e oito kilos. Sua massa corporal também está acima da média, mesmo para uma pessoa sedentária como você.
- Eu não sou sedentária! - protestei, embora feliz em escutar aquele elogio bem estranho que não passava de estatísticas.
- Faz quatro anos que não pratica natação.
- Eu cansei. - dei de ombros. - Está pronto?
- Eu nasci pronto, baby. - respondeu ele, automático. Eu ri, pegando minha mochila marrom velha e jogando nas costas.
É claro que eu esperava encontrá-lo ao entrar no colégio e devo dizer que fiquei mais contente em vê-lo ao lado de meu armário.
Eu sorri, sentindo meu rosto corar, quando vi que ele me olhou de forma surpresa, com um brilho diferente no olhar quando eu me aproximei.
- Puxa. Bom dia.
- Bom dia. - sorri, provavelmente parecendo uma tapada.
- Você está linda. - elogiou ele, aparecendo do outro lado, onde podia me ver sem que a porta do armário interferisse. Eu desviei o olhar mas também notei que seu cabelo estava recém lavado e com um pouco de pomada, deixando-o propositalmente bagunçado.
- Você também não está nada mal. - e assim que eu acabara de falar, Hannah - a garota de ontem - apareceu da mesma forma de sempre.
- Uau... - miou ela, passando a mão no cabelo de Dean, fazendo-o se afastar. Eu fechei meu armário rápido, virei as costas e os deixei sozinhos.
Eu poderia estar "acima da média" de acordo com Z, mas eu nunca seria como Hannah.
A garota perfeita, capitã da equipe de líder de torcida, ela tinha cabelos bem pretos brilhante até o ombro, com a pele perfeitamente bronzeada e sempre com cheiro de baunilha. Ela era toda pequena e delicada, fazendo jus a uma perfeita imagem de boneca.
Antes que eu entrasse na aula de matemática, senti Dean puxar meu braço de leve.
- Ei, me espera. - sorriu, um pouco ofegante.
- Foi mal, eu não queria atrapalhar. - disse, entrando na sala sem olhá-lo.
Nós nos sentamos no mesmo lugar de segunda feira, eu abri o livro entre nós pois já sabia que Dean ainda não tinha recebido os dele.
- Você está brava comigo? - cochichou ele, no meio da aula, me encarando com um olhar preocupado.
- Eu? Por que estaria? - respondi, no mesmo tom. Ele desviou o olhar para o livro, dando de ombros.
- Não quero que fique brava comigo, só isso.
- Eu não estou.
- Ótimo.
- Ótimo. - repeti, voltando a olhar para o livro. Eu estava começando a desconfiar que aquele garoto gostava de ter toda a atenção possível.
E foi por isso que eu decidi almoçar na cabine do banheiro feminino, sozinha.
E ignorei as mensagem de Dean que perguntavam onde eu estava, se tinha saído para comer, se estava me sentindo bem e se podia me encontrar.
Quando eu saí da última aula, não encontrei Dean por perto mas eu sabia que era o dia dos garotos do segundo ano praticar futebol. Por isso, evitei o gramado ao sair do colégio e mandei mensagem para Z me buscar pela porta dos fundos.
- O que aconteceu? - indagou Z, quando entrei no carro.
- Por que os garotos gostam de ter todas as garotas?
- Não sei responder, mas podemos perguntar para seu pai.
- Foi uma pergunta retórica, Z. Não requer uma resposta.
- Quem você acha que quer todas as garotas? - perguntou, no meio do caminho de casa. - Dean Beker?
- Sim. Você precisa ver como aquela garota idiota fala com ele todos os dias. E nem se da ao trabalho de me cumprimentar. Sem contar que ele também não se importa em dizer "então, acho que você não reparou que Lyana e eu estamos conversando".
- Você está nervosa. - disse Z, como se eu tivesse perguntado.
- Você acha?
Ao chegarmos em casa, pedi que Z me deixasse sozinha para terminar minhas lições (o que era verdade dessa vez) e dormir. O que não foi nenhum problema, visto que a noite anterior eu tinha passado - ridiculamente - a maior parte do tempo pensando em Dean na minha piscina.

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