Eu amo o Z

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Quando nos encontramos na sala, eu estava com meu vestido transparente de saída de praia, e meu biquíni verde, eu gostava de como meu cabelo um pouco alaranjado ficava quando eu usava verde. Eu reparei quando Dean não desgrudou os olhos de mim até pegarmos tudo e sairmos para o carro.
Meu celular vibrou, era uma mensagem de Z? Ele estava bem ali ao meu lado, dirigindo.
"O coração dele está muito acelerado desde que voltamos para a sala. Devo acionar o modo vigília?"
Eu sorri. Olha só pra mim, Hannah.
"Aí meu Deus, não. Não deve ser nada."
Z olhou pra mim, assentindo e voltando a dirigir. Dean cantarolava a música de Billie Eilish que tocava. Z era realmente muito fã dela.
Ao estacionarmos, a praia estava mais cheia que o normal, isso porque alguns colégios já haviam iniciado o período de férias e todos os adolescentes se reuniam para beber em copos plásticos, escondidos de qualquer polícia.
Não foi diferente com a gente. Logo ao chegarmos, alguns garotos que não eram de nosso colégio nos ofereceram alguns copos.
O que eu já estava bem grandinha pra saber que não deveria aceitar. Mas Dean não deve ter tido essa conversa.
Havia muitos bancos de madeira, Z foi correndo para o mar e eu notei algumas garotas darem risadinhas para ele. Às vezes, Z não parecia mesmo um robô. Quase esqueci que estava ali com Dean, quando ele apareceu do meu lado com um picolé de laranja.
- Aqui. Para combinar com seu cabelo. - sorriu ele, um pouco animado. Eu agradeci, um pouco sem graça. Até que ele começou a acariciar meu cabelo e eu senti meu rosto começar a queimar.
- Z gosta me...
- Eu quero te falar uma coisa.
Nós falamos ao mesmo tempo, rindo depois.
- Pode falar. - disse ele, fazendo sinal para eu continuar.
- Não. Pode falar. - respondi, tomando do meu picolé.
- Não sei se Z já te contou onde eu estava antes de vir pra cá... - começou ele.
- Califórnia. - interrompi.
- Isso. Onde eu estava na Califórnia, eu quis dizer.
- Ele não falou. - "2 meses fora do mapa".
- Eu meio que roubei uma loja de conveniência lá..
- O que?! - ri, incrédula. Ele permaneceu sério, com seu olhar verde brilhante me encarando. - Sério?
- Sim. Mas foi besteira, aquilo só foi a gota d'água para meu pai me mandar para um reformatório.
- Reformatório?
- Sim.
- Sinto muito... mas, por que? - meu picolé estava acabando e o sol ainda estava iluminando o céu.
- Ah... eu meio que gostava de uma garota e ela acabou namorando outro cara. - claro que tinha uma garota. Ele parou por uns segundos. - Mas vejo que eu nem gostava dela, sabe? Ela era meu Z.
- Você teve um robô que começou a namorar?! - eu imaginei Z saindo de casa e se casando, comprando uma casa e trabalhando com papai. Dean gargalhou.
- Não! No sentido de ser minha amiga... quando meus pais se separaram ela era minha vizinha. Então... nós basicamente saíamos juntos pra festas e essas coisas... Mas eu estava sempre pegando grana do meu pai, ou pegando o carro escondido a noite pra ir festas com ela e a galera...
- Entendo. Você também não tinha amigos. - suspirei, aquilo não era nada novo pra mim. Mas pelo menos eu tinha o Z.
- É... acho que é. Aí vim pra cá, cheguei atrasado na escola logo no primeiro dia...
- Conheceu Hannah, sua esposa. - interrompi, fazendo-o rir.
- E conheci você. Toda esquisita.
- Eu não sou esquisita. - Eu sou esquisita. Ele torceu o nariz, me fazendo rir com sua pequena constelação de pontinhos alaranjados no nariz se mexendo. - Eu acho lindo suas sardas. - ai minha nossa.
- Eu acho você linda. - ele estava muito perto, muito perto. Sua boca estava azul por conta do seu picolé, eu podia sentir o cheiro doce quase como podia sentir o gosto. Sua respiração estava quase em minha boca.
- Está tudo bem? - Z nos fez dar um pulo.
- Caralho, cara! Tinha esquecido de você ai. - Dean exclamou ao pular. Z franziu a testa e me olhou curioso. Eu já sabia o que ele estava lendo em mim.
- Aquelas garotas deram em cima de você? - apontei com a cabeça para as duas meninas que se afastavam e estavam minutos antes no mar, ao lado de Z.
- Deram o que em cima de mim? - indagou.
- Cara... se uma menina quisesse te beijar na boca... você poderia beijá-la?
- Claro. - respondi Z, sem emoções. - Mas por que eu faria isso? - Dean gargalhava alto, chacoalhando a cabeça.
- Seu humor é hilário. - ria ele. Z me entreolhou, confuso.
- As pessoas quando se gostam, se beijam, Z.
- Você não me beija na boca e gosta de mim. - eu senti meu rosto esquentar rapidamente.
- Isso é porque você é... como um irmão pra mim. - sorri. - As pessoas quando se beijam na boca não se tratam como irmãos ou amigos só... entendeu?
- Assim - Dean me puxou devagar, por trás do pescoço, colando seus lábios nos meus. Quando me soltou, eu me sentia um pouco zonza. Z olhava atentamente de um para o outro.
- E quando são aqueles beijos que vemos nos filmes? É mentira? - ele parecia muito curioso.
- Não, não! Aí é quando as coisas estão sérias. Aí fica assim.. - ele já estava se aproximando novamente quando eu levantei em um pulo do banco, ficando ao lado de Z.
- Está na hora de irmos embora. - eu sentia minhas pernas tremerem. Como eu ia beijar um garoto se nunca tinha beijado antes? Dean me olhava em um misto de "por que você se afastou?" e um "você se afastou!"
- Mas falta uma hora para seu pai chegar em casa.
- Nós vamos embora agora, Z. Temos que levar Dean. - Eu já caminhava em direção onde tínhamos estacionado o carro.
No caminho para casa de Dean, enquanto os dois cantavam eu repassava, nervosa, a cena no banco da praia.
Eu não acredito que tinha fugido de um beijo de Dean Beker. É claro que ele nunca mais olharia na minha cara. Ele não me beijaria se me visse como uma amiga, né? Eu sorri, espontaneamente.
Ao chegarmos, eu saí do carro para abrir o porta malas e ajudar Dean a pegar sua mochila e antes mesmo que nós fechássemos a porta, Dean me puxou pela cintura, passando uma mão pela minha cintura enquanto segurava sua mochila com a outra.
Sua boca estava doce, sua língua passou devagar por meu lábio superior.
Era uma sensação de deixar a barriga gelada. Eu ouvi ele soltar a mochila para ficar com as duas mãos em minha cintura e depois acariciar meu pescoço, enquanto sua língua ainda brincava com a minha. Seus lábios pareciam mais cheios que os meus, ele também mordeu levemente meu lábio inferior.
Ao nos afastarmos, os dois tinham um leve sorriso no rosto.
- Não devo mencionar isso para ninguém, certo? - questionou Z, ao caminho de casa.
- Nunca! Por favor, por favor.
- Certo. - ele sorriu, parecendo orgulhoso de conseguir guardar segredo.
- Z... Eu nunca tinha beijado antes.
- Sei disso.
- E ele foi muito gentil... ele nem tentou... me agarrar, sabe? E ele beija tão bem! Você acha que nós vamos nos beijar de novo?
- Sim.
- Sério?
- Ué. Se ele te beijou igual aos filmes, eles sempre voltam a se beijar. Não é?
Eu amo o Z.

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