Eu ainda estava um pouco estressada na manhã seguinte, por isso, tive a brilhante ideia em usar meu roupão de banho cor caqui, que era o mesmo que Z usava quando estava em seu "dia ruim".
- Oh oh. - suspirou ele ao me ver entrar na cozinha.
- Preciso que ligue pra escola dizendo que não posso ir pois estou doente.
- Mas você não está.
- Mas você vai ligar e dizer que estou.
- Por que quer faltar? Faltam poucos dias para suas férias.
- Não estou bem, Z. - puxei a corda do roupão, lembrando-o da cor. Ele ficou uns instantes tentando me ler.
- A palavra é "decepcionada". Você usou essa palavra quando cortou o cabelo em chanel no nono ano. Também ficou 4 dias sem ir para o colégio pois não se "se sentia bem". A palavra era decepcionada.
- Isso. Pode ser essa mesma. - concordei, pensando que poderia estar decepcionada mesmo, mas talvez por ser sido estupida achando que eu poderia coexistir em uma interação com Dean em um mundo que existe Hannah. - Ficarei no meu quarto se precisar de mim, está bem?
- Sim.
- Z?
- Sim?
- Não podemos contar isso para...
- Papai. Eu já sei. - interrompeu ele, dando um sorriso caloroso. Eu o abracei, suspirando e indo para o quarto, passar a tarde maratonando qualquer filme idiota de adolescente.
Era sexta feira de tarde ( sim, eu podia "me dar ao luxo" de faltar alguns dias na escola! eu era a melhor da turma e você está prestando atenção quando eu disse que estava em Álgebra Avançada?) quando a campainha tocou. Z não estava em casa, tinha ido ao mercado há pouco para fazer milkshake (novidade).
Eu levantei, a contragosto, arrumando meu cabelo em um coque bagunçado. Eu olhei meu celular, que mostrava a caneta da frente da porta.
- Merda. - era Dean. O que ele fazia ali? Eu arrumei minha blusa e meu shorts rapidamente, enfiando meu pé em qualquer par de chinelo. A campainha tocou de novo. - Oi. - disse ao abrir a porta, um pouco ofegante.
Ele estava com um boné preto e roupas escuras e entrou sorrindo, um pouco tímido.
- Oi.... - Eu fechei a porta, ficando de costas pra ela e um pouco perdida onde enfiar meus braços, em um segundo eu já tinha esquecido o que fazer com meu corpo mas Dean não pareceu notar, ele mesmo estava inquieto.
- Oi. - repeti. Dean então, sorriu, tirando seu boné e jogando sua mochila ao lado de seu corpo, no braço do sofá. Minha mãe ficaria muito nervosa se visse isso.
- Pensei que estivesse doente. - disse ele, agora parecendo me analisar milimetricamente. Eu senti meu rosto em chamas conforme seus olhos subiam das minhas pernas muito expostas, para meus braços, pescoço.... olhos. Ele sorriu, genuinamente.
- Eu estou. - respondi, fingindo tossir. Ele gargalhou, se aproximando.
- O que vai fazer hoje? - me senti, de alguma forma, intimidada. Mas não que aquilo fosse ruim, Dean só estava perto demais.
- Estou ocupada assistindo filmes com Z. - respondi, me desvencilhando dele e indo direção ao meu quarto.
- E cadê ele? - indagou, me seguindo.
- No mercado.
- Hm... então você está "assistindo filmes" sozinha, você quis dizer. Eu também gosto de ficar sozinho.
- Não parece. - retruquei. Ele franziu a testa, me encarando como se esperasse uma explicação.
- Não entendi.
- Quis dizer que não parece. Está aqui, não está?
- Entendi... - houve um silêncio constrangedor e eu imaginei que ele fosse pedir para lhe acompanhar até a porta para ir embora. - Corrigindo: eu gosto de ficar sozinho com você. Podemos assistir filmes sozinhos juntos. - ele caminhou até minha poltrona de pelos, que era muito confortável e minha favorita, onde Z "descansava" até algum tempo atrás quando ainda dividia o quarto comigo. A imagem do filme ainda estava pausada e eu estava extremamente sem graça. - E aí? Não vamos assistir?
- Sua mãe trabalha com meu pai. - eu disse, sentada na cama, tentando puxar algum assunto idiota. Ele me olhou alguns instantes, como se esperasse que eu fosse concluir alguma coisa.
- Hm... legal. Pelo menos quando namorarmos já poderemos pular essa etapa.
- O que?! - exclamei, deixando meu celular cair. Estupida. Ele gargalhou, daquela forma leve.
- Desculpa, não estou querendo apressar as coisas.
- Sua namorada Hannah sabe disso? - debochei, sarcástica. Ele arqueou a sobrancelha, parecendo se divertir com a conversa.
- Acho que terei que conversar com ela a respeito disso. Mas vai ser muito difícil já que ela tem toda a nossa vida planejada. Ela será uma vendedora de sucesso da Victoria's Secret e eu, um grande consultor de imóveis. - eu ri.
- E vocês terão um casal de filhos e um golden retriever chamado Puppy. - completei, ele riu, assentindo.
- É... acho que não posso fazer isso com ela. - nesse momento, ouvimos Z entrar em casa e em segundos aparecer na porta, animado.
- Vi que estava aí pela câmera! - anunciou Z, levantando as sacolas de compras. Dean me olhou, confuso, eu somente balancei a cabeça. Z era esquisito assim mesmo. - Vamos, eu trouxe sorvete extra para fazermos mais milkshake.
Nós o acompanhamos até a cozinha, onde Z nos serviu depois com dois enormes copos de milkshake com bolachas, chocolate, balas de goma, casquinhas e um enorme canudo.
- Z não sente fome ou tem as mesmas necessidades que a gente, acontece que acho que viciei ele nessa porcaria quando era mais nova. - disse, tomando um grande gole. Dean sorriu para Z.
- Estávamos discutindo sobre como eu deveria terminar com minha namorada imaginaria que Lyana deu pra mim, Z. Você quem tem todas as respostas... o que acha que devo fazer?
- Cala a boca. - ri.
- Estou confuso. Por que quer terminar uma relação com uma garota que não existe?
- Pois é! - Dean exclamou, eu ri da expressão confusa estampada em Z.
- Mas como sabe que minha mãe trabalha com seu pai? - perguntou ele, enquanto ainda estávamos na cozinha tomando milkshake.
- Z me falou.
- E o que mais Z te falou? - Dean se sentou mais preocupado, um pouco agitado.
- Seu coração está acelerando. - informou Z para Dean, que pareceu confuso.
- Ele também monitora batimentos cardíacos. - balancei a cabeça. - Bom, ele me contou que você era da Califórnia e mora com sua mãe, que nossos pais trabalham juntos e que fazemos aniversário no mesmo dia. - é claro que eu disse de uma forma que não parecesse que eu fosse uma stalker retardada. Dean ficou em silêncio por um tempo.
- Eu vou nessa. - anunciou, levantando e pescando sua mochila do chão rapidamente. - Z, valeu pelo sorvete. A gente se vê. - disse ele, acenando com a cabeça para mim e saindo de casa.
Um silêncio pairou por uns minutos depois que ele saiu.
- O que aconteceu? - indaguei.
- Não sei. - respondeu Z.
- Eu falei algo errado?
- Não, sua dicção foi perfeita.
- Não! Eu falei algo que... magoou ele?
- Sabe que não funciono assim, L. Só consigo ler as suas emoções. - disse, pragmático.
- Sim, claro... - eu terminei o restante do milkshake em silêncio.
- Não adianta ficar se perguntando se não entende. Não é melhor perguntar para Dean?
- Eu queria que as coisas fossem simples do jeito que você acha que são. - sorri, lhe dando um beijo na bochecha e indo para meu quarto.
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o MELHOR verão de nossas vidas
RomanceVocê já imaginou crescer tendo um robô como melhor amigo? Lyana viveu anos ao lado de Z, seu melhor amigo que não envelhece e aprendeu direitinho o que é sarcasmo. Mas o que será que vai acontecer quando esse garoto Dean aparece de repente na sua v...