- Acorda, logo. Não posso ficar te chamando a manhã inteira. - Z me cutucava, puxando meu edredon e colocando música, que saía por sua cabeça, para me acordar.
- Ok. Já levantei! - bufei, puxando meu chinelo.
- São dez e trinta e dois. - disse ele, parecendo adivinhar meus pensamentos. - Hoje você vai ter que fazer café. Sua mãe já disse que você está bem grandinha.
Eu levantei, me espreguiçando e abrindo a janela.
Nós morávamos quase no alto da colina, no maior condomínio que havia na cidade.
Fazia um ano e meio que estávamos ali, sem pretensão de uma nova mudança tão cedo.
Por isso, eu já me sentia em casa nos últimos nove meses.
- Faz 24 graus lá fora e não vai chover. - anunciou Zupo, admirando a vista ao meu lado.
- Bom, então é bom irmos aproveitar, né?
- Quais suas ideias pra hoje? - perguntou ele, observando enquanto eu esperava o café expresso da máquina, escorada no balcão.
- Forjar minha própria morte e ir para a África?
- Isso foi sarcasmo. - constatou ele, fingindo rir (rá rá rá). Zupo também conseguia ser muito irônico.
- Bom... o que você está afim de fazer?
- Me colocar no automático e explodir. - respondeu, com o meu tom sarcástico. Nós gargalhamos.
Bom, era assim quase todas as manhãs.
Talvez meu humor tenha interferido no desenvolvimento de Zupo, mas a culpa é toda de meus pais.
Zupo me levou para o teste de motorista, o que estávamos praticando há algumas semanas e ficou orgulhoso quando exibi o documento que informava que minha carteira de motorista chegaria em casa em alguns dias.
- Você é um ótimo instrutor, Z.
- Eu sou. - concordou. - Meus cálculos mostram que tivemos sucesso em 87% de nossas investidas. Temos os fracassos, por exemplo, quando você decidiu aprender a andar de skate, fazer um bolo de aniversário para mim, costurar, aprender mandarim, construir um robô para mim...
- Ei! Nós tivemos sucesso no Flock. - interrompi.
- Correção: eu tive sucesso no Flock. Você queimou seu cabelo com os fios. - eu ri, lembrando da cena e de meu pai correndo para a garagem com meus berros.
Nós saímos dali e fomos para o deque na praia. Era férias e uma turma enorme estava lá.
A turma enorme não cabia a Lyana.
Acontece que ser rico era muito bom, mas não ter amigos e um robô como substituto em casa não era algo aceito por essa "galera".
Mas era algo que já estávamos acostumados... eu, no caso.
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o MELHOR verão de nossas vidas
RomansaVocê já imaginou crescer tendo um robô como melhor amigo? Lyana viveu anos ao lado de Z, seu melhor amigo que não envelhece e aprendeu direitinho o que é sarcasmo. Mas o que será que vai acontecer quando esse garoto Dean aparece de repente na sua v...