Saí correndo do meu quarto para ver o que estava acontecendo. Não se passaram nem 24 horas que estou num país novo e eu já estou em apuros. Inacreditável.
Parei abruptamente quando vi uma figura alta na sala de estar. Ele se abaixou e pegou a caixa da pizza que eu tinha comido mais cedo com um olhar interrogativo no rosto.
— Mas que...?
Seu murmúrio foi interrompido quando gritei o mais alto que pude, seu olhar voou até mim. Ele parecia... assustado?
— Quem diabos é você? — Gritei e corri até o abajour, na esperança de conseguir acertá-lo.
O homem também gritou. — Quem é você? O que está fazendo na minha casa?
— Sua casa? Eu moro aqui! Saia antes que eu chame a polícia.
O homem deu uma risada estupefata.
— Qual é o seu problema? Quer saber? Fique ai, não se mexa. Isso é invasão de propriedade, sabia?
Solto alguns grunhidos irritados quando disco o número da polícia. Explico a situação para uma voz entediada do outro lado da linha e peço que se apressem.
A expressão do homem permaneceu perplexa, congelada em mim, como se não acreditasse no que estava acontecendo.
Empunho o abajour caríssimo e aponto para ele. — Se você ousar chegar perto de mim, eu juro que te bato com isso.
— Você é doida. Mal posso esperar para te ver saindo algemada do meu apartamento.
Solto uma risada amarga. Perplexa com a hipocrisia desse homem. — Acho que está invertendo os papéis, senhor.
— Era só o que faltava. — Ele murmura tão baixo que quase não consigo escutar.
Alguns minutos depois, escuto batidas na porta. Suspiro de alívio quando alguns oficiais da polícia entram. Explico o que houve para os oficiais, que nos ouvem atentamente.
— Senhores, o real proprietário desse apartamento possui a escritura dele. — Eles dizem, como se fosse óbvio o que devemos fazer.
Suspiro — Tudo bem, vou buscar.
Vou ao meu quarto e pego o papel cuidadosamente guardado em uma pasta dentro do meu guarda-roupa. Finalmente esse pesadelo vai acabar.
Volto para os homens em minha sala e paraliso quando vejo todos olhando para mim. Um dos policiais está com uma algema em mãos enquanto outro murmura alguns pedidos de desculpa ao invasor, que me encara com um sorriso de canto assustador.
— Senhora... hm, por favor, nos acompanhe.
— Como? O que está acontecendo?
A voz grossa traz um arrepio à minha coluna. — Essa brincadeira acabou. Não sei como entrou na minha casa, mas vou fazer questão de que sofra as consequências por isso.
Me debato quando um policial leva a algema ao meu punho e estico o papel. — Esse apartamento é meu, me soltem!
Os três homens se entreolham confusos, um deles pega o papel e analisa-o. — Isso é algum tipo de piada conosco? Essa escritura também é original.
O sorriso no rosto do estranho cai, tenho vontade de gritar um sonoro "Bem feito, seu babaca!"
— Senhor, houve um engano. Eu comprei esse apartamento, olhem. — O homem estica um papel idêntico ao meu.
Os oficiais parecem revoltados quando murmuram alguns xingamentos para nós, dizendo que o trabalho deles é muito sério para perderem tempo com um casal querendo pregar peças e saem do apartamento.
Que porra está acontecendo?
O homem tecla em seu celular, com uma expressão tão brava que me recuso a atrapalhar, então tento me acalmar com um copo de água.
Da cozinha, observo o homem e me dou conta de que é o cara mais bonito que eu já vi. Ele é alto, tem um cabelo preto com um belo corte bagunçado, seus olhos têm o tom mais azul que já vi. Seus músculos estão extremamente perceptíveis em sua blusa branca de botão.
— Ele não atende. — O homem passa a mão por seus cabelos, num gesto de exaustão.
— O que? Quem? — Pergunto.
Ele me olha como se tivesse esquecido de mim. — Sr. Davis, o antigo proprietário daqui. Ele deve ter alguma explicação para isso.
Como uma avalanche, tudo me atinge. Ele tem a escritura, sabe o nome do antigo proprietário e parece perdido, assim como eu. Eu não acredito que sofri um golpe, não pode ser.
Teclei o número do antigo proprietário e liguei pra ele, mas ninguém atendeu. Tentei mais algumas vezes, nenhuma com sucesso.
— O homem me bloqueou. — O cara falou.
— O que? Como assim?
— Como ele não atendia, tentei mandar algumas mensagens, mas ele me bloqueou logo quando viu quem estava mandando.
Peguei meu celular e fui atrás do contato do Sr. Davis, quando abri o aplicativo de mensagens, percebi que também estava bloqueada.
Me sentei no sofá e coloquei as mãos na cabeça.
— Não é possível!
— Eu acho que nós sofremos um golpe. — Ele solta— Consegui comprar esse apartamento por um valor incrível, Davis deve ter feito o mesmo com você, então ele saiu no lucro.
Não, não, não, não. Não há mais nenhuma explicação lógica, mas eu me recuso a acreditar nisso.
Coloco as mãos em meu rosto. — Meu Deus, e agora?Eu sempre senti alguma coisa estranha nele. Ele nem quis me encontrar pessoalmente. O que vamos fazer? Eu não posso abrir mão do apartamento, gastei todas as minhas economias nele.
Ele suspira e eu percebo seu semblante cansado. — Eu também não posso abrir mão. Pelo menos não agora. Nós dois vamos ter que ficar aqui e torcer para esse homem não ter vendido para alguém mais.
— Você está sugerindo que nós moremos juntos? Claro que não. Eu mal te conheço, Deus, eu nem sei o seu nome!
— Essa ideia também não me agrada, mas não temos nada o que fazer. — Ele estica a mão para mim. — Prazer, meu nome é Ethan.
Encaro sua mão estendida, depois subo o olhar para o seu rosto, ele não parece ser mau...
— Victoria. — No instante em que nossas mãos se encontram, sinto uma fagulha de calor se formando em minha barriga. Ignoro.— E eu ainda não gosto dessa ideia, você pode ser um serial killer e tentar me matar a qualquer momento.
Ethan joga a sua cabeça para trás e ri.
— Acredite, a última coisa que eu quero agora é matar você.
*
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Engano Irresistível
RomanceVictoria Mitchell achava que tinha tirado a sorte grande ao conseguir comprar um apartamento luxuoso no melhor bairro de New York por um preço incrível. Porém, ela se vê completamente perdida ao dar de cara com Ethan Parker na... sua casa? Ao se dar...