Capítulo Vinte e Oito

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Minhas mãos tremem enquanto leio as mensagens de Ethan no meu celular

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Minhas mãos tremem enquanto leio as mensagens de Ethan no meu celular. Seu desespero inunda minha tela, me sinto mal por ter deixado tudo para trás sem dizer a ninguém.

Embora tecnicamente eu ainda tenha um apartamento em NY, me hospedei na casa de Allie. A última coisa que eu desejo é me encontrar com Ethan na nossa casa.

Allie e James saíram, disseram que entendiam que eu precisava de um tempo sozinha para associar tudo o que aconteceu. Me sinto uma víbora egoísta por praticamente expulsá-los de sua própria casa.

Alcanço uma carta de Ethan. Ela foi a última a ser enviada, uma semana atrás. Ainda não tive coragem de abri-la, talvez por medo de nela estar escrito que ele finalmente desistiu de mim, ou encontrou outra pessoa. Deus, como eu sou egoísta.

A campainha toca e, mesmo sem querer, solto uma risada nasal. É super a cara de Allie esquecer alguma coisa em casa. Não me preocupo em secar as lágrimas do meu rosto ou arrumar meu cabelo, afinal, minha melhor amiga já viu coisas bem piores que isso.

Estampo um sorriso falso no rosto e abro a porta. — O que você esqueceu agor... — Não é a figura baixa e loira da minha amiga que me recebe.

Ethan parece mais magro, mas seus músculos ainda são perceptíveis embaixo de sua camisa, olheiras estampam o espaço embaixo de seus olhos, ele tem um cabelo desgrenhado e uma cara de quem não dorme há dias.

Ele tem um envelope branco de carta em mãos. Seu rosto fica ainda mais pálido quando ele percebe quem o atendeu. Um nó se forma em meu estômago, minhas mãos tremem e um suor frio desce pelas minhas costas.

Ele pisca seus olhos com força e balança a cabeça. Choque passa pelo seu olhar quando ele volta para mim e me encara. Meu corpo está travado, minhas pernas parecem gelatina e eu não consigo me mover. Então, faço a única coisa que me vem à mente.

Um estrondo soa quando bato a porta. Ainda não consigo me mover, então fico parada, encarando a grande tábua de madeira escura. Saio do transe quando batidas começam a soar.

— Victoria! Victoria, por favor, abra a porta! — Continuo a encarar, muda.

As batidas persistem e temo que os vizinhos se assustem. Estou tremendo da cabeça aos pés.

— Victoria, por favor, converse comigo. — As batidas se tornam socos. — Vic, amor, abra a porta.

A voz dele soa tão estridente e desesperada que minha cabeça lateja. Ouço soluços do lado de fora.

Um sussurro soa. — Por favor. Eu estou te implorando. Abra a porta.

Minha mão gira a maçaneta e vejo o corpo encolhido de Ethan do lado de fora. Sua cabeça sobe de seus braços quando ele ouve o barulho da porta se abrindo. Rápido, ele se levanta do chão e se aproxima.

— Por favor... — Sua voz está calma agora, mas um tom desesperado ainda predomina. — Me deixe entrar, por favor, me escute.

Dou espaço para ele passar. O homem que eu amo, o homem que matou meus pais, o homem que tem meu coração na palma de suas mãos.

Tomo coragem para virar quando ele já está sentado no sofá, me encarando com preocupação. Mesmo sem falar, consigo ler sua expressão: "Por favor, não fuja de novo." Dor lampeja em seus olhos quando sento na cadeira, quanto mais longe dele, melhor.

— Quando... — Ele respira fundo. — Quando você voltou?

— Ontem. — Minha voz não passa de um fio rouco.

O farfalhar das almofadas soa quando ele se levanta. Meu corpo gela quando ele se aproxima, quando está perto o suficiente, seu indicador toca a minha bochecha. Levanto o olhar para ele.

— Você realmente está aqui?

Fungo. — Claro que estou. Está me vendo, não está?

Uma risada chorosa sai de sua garganta. — Depois de tudo o que aconteceu, eu não duvido mais do meu inconsciente.

Encaro-o quando ele volta a se sentar. Não deixo de notar que ele não voltou para a ponta do sofá, ele está mais próximo de mim em seu novo lugar. O lugar que ele tocou em meu rosto formiga com saudades de seu toque.

— Seu cabelo — Ele finalmente diz, um sorriso pequeno adorna seu rosto — Seu cabelo está mais curto.

Inconscientemente, toco nos meus fios, me pergunto se ele gosta, ou se preferia antes. Se ele ainda sente por mim o que eu sinto por ele, se ele realmente sentiu minha falta ou se as cartas eram apenas culpa.

— Eu senti sua falta, Vic. Eu senti tanto a sua falta.

Engulo em seco. O "eu também" queima em minha garganta.

O silêncio se quebra quando ele levanta e estende a mão para mim — Vamos sair daqui. Vou te levar para almoçar.

Não me movo. Meus olhos ainda estão grudados em seu rosto. — Não estou com fome. — Minha barriga ronca.

— Nem eu. Eu só preciso... só preciso de mais um tempo com você.

Alcanço sua mão e me levanto.

***

Com meu jeans escuro e um suéter confortável, me sinto mal vestida nesse restaurante absurdamente chique. Não deixo meu choque transparecer quando percebo que é o mesmo daquele dia. Do nosso último dia.

Coincidentemente, a hostess nos leva à mesma mesa de antes. Um espelho decora a parede do canto, me encaro. Mesmo tendo arrumado meu cabelo, uma Victoria morta e infeliz me encara de volta.

Ethan pede nossos pratos. Ele não para de me encarar enquanto faz o pedido. Quando o garçom sai, ele procura minha mão em cima da mesa, então, percebe o que estava prestes a fazer e coloca-a em seu colo novamente. Não ouso dizer que minha mão ainda espera o calor da sua em cima da mesa.

— Eu preciso... eu preciso que você me perdoe. — Ele diz. — Eu não consigo viver sabendo que a pessoa que eu mais amo no mundo me odeia, eu...

— Eu não te odeio. — Minha voz firme surpreende até a mim. — Um ano se passou, Ethan, eu não te odeio mais. — "Não sei nem se um dia te odiei." A frase não dita soa em minha cabeça.

— Não quero que continue assim. Você diz que me odeia mas mal consegue me olhar nos olhos, mal fala comigo.

Solto uma risada ácida sem querer. — Meus pais estão mortos, Ethan. É óbvio que não consigo encarar quem fez isso com eles.

Dor ocupa seu rosto quando falo isso. Tanta dor que quase pergunto se ele
não precisa de água.

— Eu preciso do seu perdão mais do que qualquer coisa no mundo. — Sua voz é tão falha que mal escuto. — Eu preciso de você mais do que qualquer coisa.

Engulo em seco. Eu amo Ethan mais do que qualquer coisa, mas será que eu conseguiria voltar ao normal e fingir que nada aconteceu?

— Volte para mim, Victoria. — Ele não me encara. Seus olhos estão baixos.

— Se... Se eu te perdoar — Seus olhos se voltam para mim numa velocidade sobre-humana. — Nós voltaremos a namorar?

Pela primeira vez no dia, esperança lampeja em seu rosto. — Não.

Franzo as sobrancelhas.

— Se você me perdoar, Victoria, você será minha noiva.

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