Eu não conseguia pensar, estava sem reação, minha respiração era pesada, levantei da cama um pouco desnorteada sem ouvir nada, andei em direção ao banheiro. Parei na frente da pia e respirei fundo, era difícil. Molhei o rosto e voltei ao normal. Eu não conseguia chorar. Simplesmente não conseguia demonstrar nenhuma reação. Peguei meu celular e entrei no site de passagens aéreas, comprei uma direto para a Argentina, sem falar com ninguém. Troquei de roupa e sai do banheiro com a minha mochila nas costas.
- Pilar, onde você vai? – Purre dizia preocupado e com o rosto inchado. Provavelmente estava chorando.
- Não te interessa. – Falei andando indo até meu tênis e colocando-o.
- A gente pode conversar? – Ele disse. Soltei uma risada irônica.
- Eu morri pra você, Purre. – Levantei e fui em direção a porta do quarto. – Não vai atrás de mim. – Falei abrindo a porta e saindo, sem olhar pra trás. Meu coração estava disparado, eu não sabia ser forte. Cheguei no Hall do Hotel e tinha um taxi parado na porta, estava chovendo muito e os seguranças do hotel me ajudaram com um guarda-chuva.
- PILAR! PILAR! – Eu conseguia ouvi-lo gritar de dentro do taxi, seu grito era alto, fazia meu coração disparar, ele estava completamente desnorteado.
- Moça, nós podemos ir? – O motorista perguntou enquanto me observava olhar para fora do carro.
- Sim. Podemos. – Respondi. Assim que o carro andou, Purre caiu de joelhos no chão. Eu me desmoronei de chorar. Estava transito então demoramos um pouco para chegarmos ao aeroporto. Liguei pra minha mãe para contar o que aconteceu e avisar que eu estava voltando pra casa, ela ficou super preocupada mas eu disse que estava tudo bem. Chegamos no aeroporto e eu me despedi do motorista.
- Mocinha, seja lá o que aquele moço tiver te feito, eu tenho certeza que ele te ama muito. Todo mundo merece uma segunda chance. Pense nisso. Boa noite, fique com Deus. – Apenas sorri e fechei a porta. Andei pelo aeroporto e fiz meu Check in, não tinha bagagem para despachar então foi tudo mais rápido. Tinha 1 hora até meu vôo ainda então decidi parar no Starbucks e tomar um Frapuccino. Peguei meu celular e tinha um milhão de mensagens e ligações perdidas do Purre. E algumas da Renata e da Caro. Meu coração doía de ter que ignora-las mas eu não queria falar sobre, talvez amanhã quando eu acordasse. Também estava chateada com o Simon, que era um dos meus melhores amigos e sabia dessa aposta toda. Fiquei um tempo me distraindo olhando o instagram.
- Última chamada para o vôo 112 para Buenos Aires, Argentina. – A voz da comissária me assustou. Me levantei e fui direto para o meu portão de embarque, enfrentei a fila e entrei no avião. Fui andando até minha poltrona e era bem do lado da janela.
- Que ótimo. – Falei bufando e sozinha. Agradeci mentalmente que eram apenas 45 minutos de vôo. Fechei meus olhos e tirei um cochilo, acordei com a aeromoça avisando que havíamos chego. Fiz todo processo para sair do avião e quando cheguei na saída, meu pai já estava lá me esperando. Dei um abraço forte nele e era tudo que eu precisava. Meu pai era meu porto seguro, graças a Deus éramos muito unidos.
- Tenho uma surpresa pra você quando chegarmos em casa. – Ele falou baixinho no meu ouvido enquanto me abraçava. Entrei no carro e começamos a conversar, contei tudo que aconteceu e ele ouviu tudo sem falar nada. Meu pai sempre preferiu ver o lado bom das coisas, sempre me ensinou a entender o outro lado da história.
- Filha, mas se você disse que ele estava altamente bêbado, você não acha que ele pode nem se lembrar de ter dito isso? Você não acha que essa menina aí, armou de propósito? Por ciúmes? – Ele dizia e eu ouvia quieta. – Você o conhece com certeza mais do que ninguém pelo tempo que eram próximos. Você acha mesmo que ele teria coragem de te machucar?
- Você vê muita bondade nas pessoas, papai. O mundo não é bom assim. A gente nunca pode esperar nada de ninguém. – Disse abaixando a cabeça. Ele não respondeu, seguimos caminho em silêncio. Chegamos em casa e já eram umas 23h. Assim que desci do carro ouvi as vozes mais lindas do mundo:
- TIA PILIIIIIII – Mattia e Luca saíram de casa correndo pra me abraçar. Tomei um banho e fui ficar com eles um pouco, colocamos um filme e começamos a assistir. Meu celular continuava cheio de mensagens e ligações do Purre e das meninas, mas não estava nem um pouco afim de atender. Fiquei com os meninos até tarde e depois coloquei eles para dormir, e foi observando-os que eu percebi mais do que nunca que não teria outro lugar melhor para estar do que ali.
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P.s. Eu te amo - #Pilurre
Teen FictionDois atores, uma série, um casal fictício. Será que eles vão ter forças para levar esse amor para a realidade?