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Henry amaldiçoou até a décima geração do Lord Timeless, o novo vilão que eles estavam combatendo durante uma tempestade. Em resumo, esse tal Lord os levou até o alto de um prédio onde alguma máquina estranha, a qual ele não tinha a mínima ideia do que fosse mesmo com as explicações de Charlotte, estava ligada e coletando a energia dos raios que atraía. Após alguns minutos de batalha Ray teve a brilhante ideia de jogar o Lord em cima da máquina estranha, ajudando mesmo sem querer o vilão.

A última coisa que Henry lembrava era de um imenso clarão cega-lo e sentir a sensação de estar sendo puxado para algo, assim que abriu os olhos se viu em um quarto com a decoração muito parecida com a do dele, mas consideravelmente menor no tamanho. A janela estava aberta permitindo que ele visse as nuvens brancas no céu claro, o relógio ao seu lado marcava 8 horas e iria continuar a observar os detalhes se pancadas fortes na porta fechada não o tivessem assustado.

- Sai logo desse quarto e vai trabalhar! A mamãe disse que se você não descer em dez minutos ela vai te jogar outro balde de água fria!

A voz de sua irmã foi um consolo. Deixou seu corpo cair para trás e recebeu de bom grado a maciez de seu travesseiro. Tinha a plena certeza de estar em preso de novo em um sonho, mas este até o momento estava se mostrando bem mais calmo que o passado. Fechou os olhos sentindo um cansaço imenso em seu corpo e relaxou sob os lençóis macios, estava quase em sono profundo quando sentiu seu corpo ser encharcado por água gelada. Levantou em um pulo escutando risadas familiares preencherem o quarto. Sua mãe estava ao lado da cama segurando um balde vazio e sua irmã se encontrava escorada no batente da porta aberta em um acesso de risos.

- Eu definitivamente tenho que encontrar uma nova família. - resmungou inconsciente as fazendo rir ainda mais.

- Oh meu querido, eu te disse pra levantar! - o tom doce e firme o surpreendeu.

Sua mãe estava parada à sua frente com os braços cruzados e o olhar divertido, ela parecia relaxada, mas as olheiras claras denunciavam alguma preocupação. Quando ela bangunçou seus cabelos molhados com a mão ele sentiu internamente que talvez aquilo não fosse um sonho, estava real de mais. Na outra vez, mesmo quando sentia o contato de outras pessoas Henry sabia que estava em um sonho, mas agora já não tinha mais certeza e isso o estava apavorando.

- Acho que nem vou te acordar mais só pra ver essa cena todo dia. - Piper finalmente havia parado de rir e ele pôde notar que seu cabelo estava cortado no ombro em camadas, que a deixavam com um ar menos rabugento.

Henry realmente não sabia como agir, abriu a boca e a fechou diversas nervoso pela atenção que agora estava toda voltada para ele.

- O que houve, Hen? - sua mãe perguntou em um tom preocupado que ele só tinha ouvido poucas vezes nos últimos tempos.

- Nada. - depois de muito esforço ele conseguiu falar. - Eu, hum, acho que vou me arrumar pro trabalho. - quis desesperadamente que elas saíssem dali e o deixassem só.

- Pois se arruma logo que eu te deixo lá antes de ir pra loja. - Piper o avisou antes de se retirar para algum lugar que ele não fazia ideia.

- Querido, você está bem?

O tom altamente preocupado de sua mãe o estava começando a irritar, e ele não sabia o motivo.

- Sim, estou. É só o cansaço mesmo. - afirmou vendo que ela não havia acreditado, mas assentiu mesmo assim.

- Ok, mas qualquer coisa você me liga viu? Acho que não vou ficar de plantão hoje.

- Tudo bem. - respondeu alheio enquanto caminhava em direção ao closet, mas parou no meio do caminho e se virou intrigado para ela que já saía do quarto. - Plantão? Plantão onde mesmo?

- Ora Henry, no hospital. Onde mais seria? - indagou confusa.

- É o sono, sabe. Tô bem ainda não. - explicou nervoso a vendo fechar a porta desconfiada. - Ah merda! O que é que tá acontecendo?! Porque isso definitivamente não é um sonho!

Sua vontade era gritar de desespero, mas não podia aumentar o tom de voz ou era possível que sua mãe preocupada retornasse. Soltou um grito abafado pelas próprias mãos e sentou de forma desolada na cama.

- Não é possível ela ser minha mãe, eu devo tá em alguma realidade alternativa. E ainda tem a Piper! Ela sempre disse que nunca iria cortar o cabelo e quase me matou quando eu cortei uma pequena mecha sem querer. - resmungou descrente enquanto olhava ao redor do quarto de novo.

Mas algo ascendeu em sua mente e ele finalmente lembrou o que a máquina fazia. Ela era uma ponte entre vários universos e se Charlotte estivesse certa talvez naquele exato instante, no seu universo, seu sósia estivesse tentando entender o que diabos acontecia com ele.

- Caramba, garoto! Vamos logo!

E de novo os gritos de sua irmã o assustaram e o fizeram correr em automático para se arrumar. Talvez o trabalho fosse o mesmo e torcia, imensamente, que seus colegas de trabalho também.

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Em uma Swellview chuvosa e escura um garoto loiro continuava desacordado em uma maca no meio de uma sala de controles. Seus amigos se encontravam espalhados em cantos opostos e somente esperavam o momento dele acordar.

Ray trocava mensagens com alguma mulher da Croácia que conheceu em um site suspeito de namoro, Jasper tentava acertar mini almôndegas em um balde à sua frente, Schowoz polia uma grande estátua dourada na forma de seu chefe e Charlotte alternava sua atenção entre o livro em suas mãos e o garoto inconsciente no meio da sala.

Já era tarde da noite, mas após o vilão ser derrotado devido a um plano de Charlotte e Schowoz que foi executado por Jasper, eles levaram Henry para a Caverna man e ligaram para os seus pais avisando que iriam dormir na casa de amigos. Todos estavam apreensivos, bem, quase todos. Ray já estava fora de órbita a tempos assim como o cientista que cantava uma canção estranha, mas Jasper e Charlotte não conseguiam se concentrar e não iriam até que seu melhor amigo acordasse, ele não era indestrutível.

Um movimento na maca chamou a atenção dos dois que se dirigiram apressados para ficar ao lado dele.

- Você acha que se a gente colocar um pouco de Beyoncé ele acorda?

- Sério mesmo, Jasper? - indagou descrente o vendo dar de ombros ao mesmo tempo que pegava o celular.

Ela ligou a lanterna do seu próprio e apontou para o rosto de Henry a fim de desperta-lo mais rápido. Ela balançava de um lado para o outro quando às primeiras notas de Telephone começou a tocar. Encarou o garoto que estava com um sorriso animado no rosto e não conseguiu conter o seu próprio. Voltando a atenção para o que estava deitado eles somente esperaram alguma reação dele e tiveram. Henry começou a mexer as pálpebras e abriu os olhos piscando rapidamente para se concentrar à luz.

Charlotte desligou a lanterna e olhou em expectativa para ele que somente abriu um sorriso e pronunciou com a voz rouca.

- Você está assistindo muito Flash, querida.

Ela não sabe se foi pelo apelido carinhoso ou pela naturalidade com que ele falou, mas algo dentro dela gelou e ainda não tinha certeza se era um bom ou mau pressentimento.

TimelessOnde histórias criam vida. Descubra agora