Henry observava Charlotte que encarava um ponto fixo do chão. Ela mordia o lábio inferior, franzia a testa em concentração e batia a ponta dos dedos na coxa, o Hart sabia muito bem que daqui a alguns segundos ela apareceria com uma ideia. Charlotte sempre foi bastante transparente, pelo menos ele pensava que sim, já que podia prever muito bem sua reação para vários acontecimentos só prestando atenção em sua expressão. Daquela vez também não foi diferente.
- Tenho um plano. - anunciou um pouco nervosa.
O Hart se afastou da entrada da cela, de onde podia encarar a entrada do corredor, e deu alguns passos em direção à ela.
- O que vamos fazer?
- Primeiro, torcer para a minha invenção funcionar e só daí partir para a parte dois. - informou, rodando uma pulseira de contas prateadas que estava em seu braço esquerdo.
- Que invenção? - não precisou de mais de dois segundos para descobrir.
Charlotte apertou uma das contas e mirou para a parede, um facho de luz saiu da pequena esfera e se ampliou na parede cinza da cela. Vários números começaram a se misturar como se buscassem uma combinação entre si. Virando-se para ela, esperou uma explicação.
- Cada uma dessas esferas faz algo, essa no caso pode desligar câmeras de segurança temporariamente. Com sorte descobriremos podemos ter dez minutos de vantagem assim que o código for descoberto. Ainda não havia testado e pensei, ainda bem, que seria melhor trazer comigo caso algo desse errado.
- Ok. - foi só o que conseguiu responder. Não sabia como, mas ela conseguia o surpreender a cada dia que passava.
- Pare de me olhar assim. - pediu sem jeito, com a expressão fechada.
Henry percebeu que deveria estar a encarando por mais tempo do que o apropriado. Desviou o olhar, pigarreou e voltou a sua posição anterior.
- Desculpa. - pediu baixinho.
Percebeu que Charlotte optou por não falar nada. Ficaram em silêncio esperando que a invenção funcionasse. Depois de eternos minutos de espera, finalmente tiveram uma vitória.
- Preparado? - perguntou, se aproximando dele.
Henry assentiu e juntos caminharam com cuidado até a entrada do corredor, o Hart inconscientemente ia à frente e um braço protetor estava estirado evitando que Charlotte o ultrapassasse, se ela havia percebido preferiu não comentar. Assim que chegaram em frente à porta de ferro, Henry se deitou no chão para olhar pelo pequeno vão que o permitiu ver dois pares de pés. Pela forma que estavam virados, conseguiu supor que eles deveriam estar de guarda e se estavam de guarda era porque se encontravam à espera de alguém. Eles deveriam sair dali o mais rápido possível.
Levantou e encarou a porta por alguns segundo sentindo sua respiração querer falhar, mas se recompôs quando sentiu a mão de Charlotte em seu braço. Virou-se para ela e viu em seus olhos inúmeras perguntas, balançou a cabeça em negação e pôde ver o entendimento em seu rosto. A Bolton então o puxou para uma cela afastada da entrada e se aproximou para sussurrar.
- Não tem como passarmos?
Com medo de o menor dos ruídos serem a causa de suas possíveis torturas, Henry aproximou o rosto do dela e respondeu o mais baixo que conseguiu em seu ouvido.
- Tem três guardas lá fora, provavelmente tem outros na entrada. Eles estão esperando o Schwoz e tenha a plena certeza de que é melhor estarmos fora daqui quando ele nos encontrar.
- E vamos estar. - a voz dela soou calma, e foi só quando ela rodeou seu pescoço com os braços foi que Henry percebeu que estava agitado.
Prontamente rodeou a cintura dela com os seus e a puxou para mais perto.
- Por acaso tem um plano B?
- Sempre tenho. - não teve como evitar o riso baixo pelo tom prepotente que ela usou. - Mas antes você precisa organizar algumas caixas.
Avisou, se afastando e apontando com a cabeça para as inúmeras caixas de madeira que estavam espalhadas por aquela cela. Ele a olhou confuso e Charlotte indicou a janela pequena no alto da parede, Henry negou com a cabeça, ela o encarou decidida e repetiu o gesto. O Hart não queria subir em possíveis caixas frágeis para se jogar de uma janela em cima de qualquer coisa machucavel que estivesse do outro lado, mas só bastou mais um olhar duro de Charlotte para ele não ter alternativa.
A garota abriu um sorriso agradecido e deu alguns passos em direção à saída da cela, Henry a impediu segurando seu braço e arregalou os olhos indignado. A Bolton se soltou e com um gesto o mandou ficar calado, ele observou enquanto ela saía e se encaminhava até o portão de ferro. Com o laiser pequeno que retirou do bolso, apontou em direção à fechadura e as dobradiças, e com cuidado derreteu o ferro.
Quando ela voltou para o seu lado, não teve como não pegar o rosto dela entre suas mãos e depositar um beijo carinhoso na testa de sua amiga. Aquela garota era uma gênia e, ignorando o olhar confuso dela, se pôs a começar a empilhar as caixas para saírem dali o mais rápido possível.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Timeless
FanfictionTimeless s.m. Significa eterno, atemporal, e era isto o que eles compartilhavam, algo que ultrapassava tempo e espaço. Era um sentimento que sempre os levaria de volta ao outro.