Henry correu, correu como se sua vida dependesse disso, e afinal dependia. Olhava diretamente para o portal, apesar da vontade quase sufocante de querer olhar para trás e se certificar de que Charlotte realmente estava vindo, sabia que não poderia, confiava o suficiente nela para crer que seria o melhor. A luz que iluminava tudo causaria uma perda de memória que a Bolton não sabia precisar, por isso ele não poderia olhar para trás. Seu coração batia rápido, em um ritmo que acompanhava seus pés, escutava somente a pulsação de seu sangue cada vez mais alta. Faltava pouco quando ele começou a escutar os tiros, assim que passou pelo portal a luz da Caverna o acertou em cheio, fechou os olhos por instinto e sentiu seu corpo ser jogado para frente após algo o empurrar.
- Ai meus céus!
Não soube quem gritou, mas o peso que o estava impedindo de se levantar foi retirado rapidamente de cima dele, se colocou de joelhos e balançou a cabeça para tentar clarear sua mente. Os sons começaram a aumentar ao redor, seus olhos se acostumaram com a claridade e não viu ninguém à sua frente.
- Eu estou bem!
O grito irritado de Charlotte veio acompanhado por um gemido de dor, o Hart virou apressado e encontrou sua amiga sentada no chão, sendo examinada por Schwoz e com o braço esquerdo sujo de sangue. Sua respiração falhou por um segundo, mas ele logo se levantou e correu para ficar ao lado dela.
- O que aconteceu? - perguntou preocupado.
Charlotte apertou sua mão com a que estava livre e falou de maneira tranquilizadora, o que ele não entendeu como ela conseguia com toda aquela situação.
- Foi só um tiro, passou de raspão e o Schowz só vai precisar fazer alguns pontos.
- Só um tiro. - Piper repetiu, rindo ironicamente. - Você levou um tiro! Um tiro, garota!
- Isso não é só uma coisa, Charlotte. Você podia ter morrido. - Jasper fez coro a preocupação de todos e esgasgou indignado quando ela revirou os olhos fazendo pouco caso.
- Eu não morri e estou bem. - falou, seu tom claramente dizia que ela estava cansada e não estava a fim de começar nenhuma discussão, pena que pelo visto era a única.
- Você teve sorte e sabe disso. - Schwoz resmungou, levantando-se para pegar seu kit de primeiros socorros.
- Eu não entendo o porquê desse incompetente do meu irmão ter te deixado pra trás.
- Era preciso, mas acredite, eu não queria. - afirmou entre dentes, irritado pela acusação.
Charlotte o lançou um pequeno sorriso e deu outro aperto em sua mão. Henry somente a ajudou a levantar ao som das vozes de seus amigos. Os dois sabiam que estavam todos preocupados e irritados pelo o que aconteceu com eles na outra terra, mas se encontravam exaustos mentalmente e fisicamente, tudo o que eles queriam naquele momento era comer algo, tomar um banho e ir dormir até a próxima encarnação. Torcendo sempre para que as lembranças ruins ficassem no passado.
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Charlotte estava deitada de costas na grama de seu quintal, olhava o céu pintado de estrelas se sentido mais leve após um dia inteiro sem preocupações. Não havia ido à escola nem ao trabalho, Ray afirmou que tanto ela quanto Henry precisavam de uns dias de descanso após tudo o que haviam passado, principalmente quando ela tinha alguns pontos no braço para sarar. Encontrar uma explicação para seus pais sobre o porque dela estar sempre com uma blusa de mangas longas não foi complicado, até porque os dois estavam em outra reunião fora do estado.
Era quase hora do jantar e ela deveria ter ido para a casa dos Hart, mas não estava com vontade de sair dali. Deitada sob as estrelas sentindo o vento da noite era uma das sensações mais relaxantes que ela já havia experimentado, ficar livre dos pensamentos sufocantes que a invadiam nas últimas horas era um bálsamo mais que bem-vindo. Estava tentando não pensar se seu plano havia dado certo, não queria acabar com todas as lembranças dos que estavam ao redor na hora da explosão, só as das últimas 48 horas, também não queria pensar se o Outro Henry estava bem ou não, ou se Helena havia ficado com o resto de sua memória intacta.
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Timeless
FanfictionTimeless s.m. Significa eterno, atemporal, e era isto o que eles compartilhavam, algo que ultrapassava tempo e espaço. Era um sentimento que sempre os levaria de volta ao outro.