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Charlotte parou em frente à porta que dava para o quintal, abriu somente uma fresta, aproximou o rosto e foi a abrindo devagar quando não viu nada perigoso. Abriu a porta antiga de ferro com cuidado para não fazer barulho, tirou as plantas que cresciam à frente dela e a camuflavam na parede. Quando conseguiu obter um espaço onde pudessem passar tranquilos, saiu para fora. O sol estava se pondo, não havia sinal de algum guarda e alguns metros a frente, perto do muro, se encontrava uma pequena casa antiga. Viu nela sua única alternativa, até porque a partir do momento em que saiu para fora, teria que improvisar.

- Ótimo, agora vamos ter que correr. - avisou em um sussurro, olhando para o garoto que a encarou exasperado.

- Correr pra onde?! Não tô vendo um único lugar aqui que nos proteja da morte.

Precisava permanecer com o controle, não deixaria que o tom amargo dele a distraisse.

- Eu realmente não senti a sua falta. - não teve como não falar.

- Que bom que o sentimento é recíproco. - afirmou, abrindo um sorriso sarcástico.

Charlotte se voltou para a frente, inspirou fundo e ordenou séria:

- Cala a boca e me segue. Só temos uma chance.

□ □ □ □ □

- Preparado?

Henry escutou Schwoz perguntar, apertou as mãos em punho sentindo a palma ser machucada pelas unhas, isso o ajudava a voltar a realidade.

- Sim, rápido, por favor. - pediu, respirando de forma acelerada.

- Toma cuidado e volta inteiro. - Piper pediu, o que o fez encar a irmã que estava com os braços cruzados e modiscando a unha do dedão.

A mania voltava somente nos momentos em que ela estava mais nervosa, lançou um sorriso tranquilizador para ela que retribuiu com um leve aceno.

- Traz ela em segurança. - Jasper pediu, fazendo Henry fixar sua atenção no portal que começava a se abrir.

- Agora!

Após o grito de Ray, Henry correu o mais rápido que podia para dentro do portal.

□ □ □ □ □

Alguns minutos antes, Charlotte parou em frente à porta de uma aparente casa de ferramentas, o outro Henry se encontrava ofegante ao seu lado e ela se segurou para não soltar algum comentário que provavelmente daria início a uma discussão. Olhou ao redor e notou que não havia aparecido ninguém, o que era muito estranho. Resolveu continuar aproveitando a sorte, levou a mão à maçaneta e constatou que a porta estava trancada, só bastou um tiro do laiser para que ela se abrisse.

- Isso é vandalismo. Você não pode arrombar a propriedade dos outros desse jeito e sair vandalizando tudo o que aparecer, quem-

- Vandalismo vai ser o que vou fazer na sua cara se você não se calar. - ameaçou com um olhar cortante que o calou no mesmo momento, passou em silêncio por ela, recebendo a máquina que ela o estendia.

Assim que o Outro Henry entrou, iria fechar a porta, mas um som alto e conhecido que surgiu alguns metros a sua direita, a fez se virar irritada. Um portal se abriu e dele saltou um garoto alto e angustiado, no meio das árvores, fazendo um barulho alto o bastante para chamar a atenção de todos que estavam por perto. Ou seja, finalmente eles haviam sido encontrados.

- Por quê? - indagou cansada, olhando para o céu que estava sendo pintado de estrelas.

- Charlotte! - seu Henry gritou claramente aliviado, e de dentro da casa o Outro veio correndo para a porta.

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