Capítulo 8 - Sonhos e Pensamentos errados

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~Teagan Narrando~

Morri de vergonha ao perceber que tanto a mãe como a irmã dele estavam presentes, a  vontade de mais uma vez voltar mais tarde para não criar um estúpido clima extremamente constrangedor era enorme, mas suponho que se repetisse essa proesa a minha mãe não voltaria a trazer-me cá com tanto prazer e disponibilidade.

- Boa tarde - cumprimentei os três com um sorriso sincero e por fim olhei para ele diretamente nos olhos um pouco tímida por não estarmos sozinhos, é surpreendente, mas ele é talvez das primeiras pessoas neste mundo com que me consegui sentir à vontade sozinha. - Como estás?

- A melhorar...- suspirou deixando um sorriso enfeitar os seus lábios. - Hey, queria apresentar-te a minha irmã, esta é a Harlowe e Harl, esta é a Teagan de quem estávamos a falar.

- Descansa que não nos falou mal de ti!- exclamou ela sorrindo-me.

- Fico feliz em saber! - afirmei virando-me uma vez mais para o Curran que nos observava atentamente com uma expressão de felicidade. 

- Olha querida, vamos lá para fora para eles falarem um bocadinho mais à vontade.- pediu a mãe de ambos andando até nós e colocando a mão sobre o ombro da filha, conduzindo-a até à porta.

- Até depois!!- exclamou ela acenando a nós dois.

- Adeus! - disse eu acenando de volta sorridente. - Ela é uma querida!

- Tem dias!- riu e juntei-me pois é sempre assim, todos os irmãos tem uma opinião semelhante uns sobre os outros.

- Descansa que a minha também! - contei antes de bocejar.
- Dormiste mal? - perguntou fazendo-me sinal para que me sentasse aos pés da sua cama uma vez mais.
- Um bocado, estava sem sono. - afirmei. - E tu? Estavas realmente a precisar de descansar, ao que parece.
- Também não adormeci propriamente cedo, a princípio pelas dores no corpo e depois era o cérebro que não desligava, estar num hospital sozinho é secante.
- A tua mãe também estava cá...
- A dormir, ela sim fazia bem. - declarou.
- Pois, isso é verdade... - afirmei pensativa, um pouco receosa daquilo que neste momento tinha vontade de questionar, por curiosidade. - Tu... Alguma vez serias capaz de me tratar mal?
- O que? - perguntou confuso.
- Sim, de me tratar mal, de me fazeres algo, algo que me prejudica-se sei lá! - gaguejei, nervosa.
- Que pergunta é essa?!
- Desculpa... - murmurei corada. - Ontem à noite estive a pensar...
- Estiveste a pensar em mim? - questionou interrompendo-me, colocando-me ainda pior do que estava já estava.
- Pior... - confessei, por alguma razão, mesmo com todo aquele medo desgraçado, sinto-me à vontade para falar com ele, como um amigo que conheço de sempre - Sonhei contigo...
- Estou autorizado a perguntar o que aconteceu?
- Estás... - murmurei antes de suspirar para lhe contar um pouco do que o meu cérebro criou naquela noite - Por alguma razão uma rapariga loira dava-me uma espécie de sermão dizendo que mesmo com tudo o que me fizeste eu continuava do teu lado, fiquei super nervosa sei lá... Entretanto apareceste e ficaram a perguntar de que lado estava eu afinal...Olha Curran desculpa, eu devia ter-te dito isto, foi só um pesadelo estúpido!
- Deixa estar, gosto de ver que confias em mim.- sorriu, espantando-me, pois era tudo menos e reação que esperava.- Mesmo em tão pouco tempo.

- Curran eu devo-te a vida! Não tem bem como não confiar.- declarei.

- Porque é que todas as nossas conversas acabam nisso...?

- Talvez porque foi assim que nos conhecemos...- respondi com desconforto.

- Mas não curto que acabes por me dever tudo.- murmurou desviando o olhar para a janela.

- Oh...Sorry, não quero que penses que só me importo contigo por me teres salvo. - disse tristemente.

- E importar-te-ias se não fosse assim?

- Queres dizer, se nos tivéssemos conhecido de forma diferente?- questionei já um pouco perdida naquela conversa.

- Sim, isso mesmo, se fosse só mais um rapaz com quem chocaste num dia aleatório e que por alguma razão depois conhecesses. Importavas-te assim tanto comigo, confiavas assim tanto em mim? Ou é só a culpa a falar de cada vez que cá vens?

- Desculpa? Eu estou a gostar de te conhecer, ou estava já não sei! Mas depois de julgares que sou uma pessoa assim tão estúpida acho que vais passar a ter menos visitas!- gritei levantando-me.

- Oh Teagan...- murmurou segurando o meu pulso, mas rapidamente me soltei irritada, olhando-o com desprezo.

- Teagan nada, acho que se isto é o teu conceito de personalidade complicada, julgares as pessoas em dois meros dias que as conheces, então peço imensas desculpas, pois isto eu sou incapaz de tolerar! - afirmei friamente antes de sair batendo a porta.

- A menina tenha cuidado, isto aqui é um hospital!- avisou uma enfermeira que caminhava pelo corredor estreito de dossiers nas mãos.

- Peço desculpa...- sussurrei deixando amainar a raiva que rapidamente se transformou em tristeza e desilusão que me correu cara a baixo em forma de lágrimas.

Sentei-me na primeira cadeira do corredor, mesmo esta sendo demasiado junto à porta(talvez fosse o meu subconsciente a querer manter-se por perto), olhando para as minhas próprias pernas, chorando em silêncio.

- Vês Teagan, é isto que ganhas por te afeiçoares a alguém tão rapidamente...- sussurrei entre dentes. 

 

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O mundo trouxe-me até tiOnde histórias criam vida. Descubra agora