Capítulo 19 - Cada um com seu caminho

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Seguiram-se alguns dos meses mais complicados de toda a minha vida, aliás, nunca me sentira tão mal desde a morte do meu pai...

Durante um tempo mantiveram-me preso, depois mandaram-me para casa, já proibido de ver aquela onde se focavam todos os meus pensamentos e saudades, restavam apenas as unicas duas fotos que alguma vez tirámos e umas mensagens trocadas por instagram com as quais tentámos continuar até esta ser apanhada levando a que não troquemos uma palavra desde o amargo dia do julgamento, dia esse que também foi o ultimo em que a vi, a ela e à desgraçada da Katherine nome que até agora me custa escutar, afinal ela conseguiu concretizar o seu amado desejo, impedir-me de ser feliz, vingar todas as miúdas que sofreram nas minhas mãos, todas as que enganei, que como ela sofreram por minha causa...Tive o que merecia, mas não a Teagan. Vi genuinidade nos seus olhos desde o primeiro segundo, vi que era boa pessoa desde o inicio, que era diferente de qualquer pessoa, afinal arrisquei a vida por ela, provei a mim mesmo que me importava com os outros e não exclusivamente comigo próprio, de súbito, esta mostrou-me que consigo ser uma boa pessoa e que... Apesar da diferença de idade, fui me apaixonando por aquele sorriso, por aquela compaixão, até pela timidez que atraiçoava...Apaixonei-me por todo o seu ser tão instantaneamente que não deu para impedir e agora, três anos depois de cada vez que me falam em Chicago é o seu adorável rosto, o seu desejado beijo, a coisa que faz o meu coração bater mais rápido, não houve mulher alguma de Los Angels capaz de ocupar neste, o vazio que me deixara a despedida a que nem sequer tive direito...

~Teagan Narrando~

Apesar de negar tudo aquilo de que o Curran era acusado no tribunal, pouco ou nada ajudei, contudo pelo menos pôde sair em "liberdade"...Foi aquele deprimente momento o ultimo em que cruzamos olhares, afinal, ele fora proibido de se aproximar de mim para grande alegria por parte do meu pai, enquanto que para mim era como se uma faca me desfizesse o coração em pedacinhos, nunca senti uma dor assim, tudo o que tinha vontade era abraçá-lo, refugiar-me nos seus braços e acordar deste maldito pesadelo, no entanto nada aconteceu...Ficara mais que claro que vivia a mais dura das realidades e que me restava aceitar.

Obrigada a ir à escola, a encarar a Olivia e fingir que esta não fizera parte do plano orquestrado para uma vingança em que fui apanhada pelo meio, uma vingança que me destruíra a vida, realmente a minha sorte fora a existência das três fantásticas amigas que conheci no mal fadado dia, se as mesmas não me impedissem por várias vezes que havia arrancado cabelos àquela rapariga, elas foram o meu refugio, as únicas que me estenderam a mão se um olhar de pena, as únicas capazes de me fazer esquecer o mundo com as historias mirabolantes que haviam vivido juntas desde muito cedo e às quais se foram acrescentando as nossas. O problema surgia com a chegada da noite em que da janela do meu quarto fitava as estrelas atentamente deixando que os pensamentos voassem pelos mais diversos momentos até ao dia em que julguei perder a vida e na verdade foi ele quem esteve à beira de a perder, deixava que os meus dedos vagueassem pelas folhas do caderninho onde costumava desabafar, como um diário e por vezes até curtos sorrisos brotavam dos meus lábios trémulos, graças ao nascimento de grossas lágrimas de saudade de quem não se conformava com este desfecho.

- Talvez um dia... Talvez um dia voltemos a cruzar olhares, talvez...

- Teagan anda jantar! - exclamou Sage abrindo a porta do meu quarto tão de súbito que mal tive tempo de enxugar as as lágrimas.

- Diz-lhes que não tenho fome. - respondi como em tantas outras noites.

- O pai vai ficar chateado...- balbuciou revirando os olhos.

- Posso bem com isso.

Suspirando desistiu e momentos depois já a gritaria se instalara, por minha culpa esta família não voltou a ser a mesma, desconfianças e discussões umas atrás das outras, oh como ansiava cada vez mais pelo fim do secundário, talvez fosse disso que as nossas relações precisavam, de pausas, de distancias como a que me obrigaram a ter do homem por quem me apaixonei, do rapaz que arriscara a vida por mim e que quase a tivera arruinada eternamente pela mesma razão...

~Curran Narrando~

Como anteriormente comentara estou em Los Angels, graças ao Gavin, sim, aquele Gavin que impedira que a Teagan fosse violada e eu espancado de alto a baixo, pelos vistos este vivia relativamente perto dela e soube com facilidade do ocorrido, pelo procurou-me nas redes sociais perguntando-me como estava, ajudando-me como nenhum dos meus anteriores amigos fizeram, afinal esses distanciaram-se como medo que a fama se pegasse, antes deste me estender a mão restavam na minha vida somente a minha mãe e a minha irmã Harlowe... Todavia este inesperado amigo salvou-me da solidão, sei que parece piada, mas garanto que não é, o próprio viria para cá trabalhar como ator e sabia que necessitavam de mais um portanto sugeriu-me a tentativa, a qual foi aparente a primeira amostra de que nem tudo estava perdido, consegui e hoje tenho uma distração, pelo menos, apesar de ao chegar a casa ser nela que se focam os meus pensamentos, querendo, a cicatriz junto à sobrancelha, aquela que ficara mais aparente, levava-me constantemente ao dia do acidente e ao anterior onde pela primeira vez aqueles olhos de um azul perfeito me encantaram.

O mundo trouxe-me até tiOnde histórias criam vida. Descubra agora