Capítulo 5- Começando a conhecer-te

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- Tens um sorriso bonito...- murmurou olhando para os meus olhos enquanto eu tentava não desviar os meus cheia de vergonha. - Não tens que corar, mas descansa que também não me importo.

- Desculpa lá, mas parece que fazes de propósito para que aconteça. - exclamei rindo um pouco mais à vontade.

- Nunca faria tal coisa! - afirmou numa tentativa falhada de não rir que terminou numa áspera tosse que me preocupou sem que fosse capaz de disfarçar.

- Estás bem? Queres que vá chamar alguém? - questionei pronta a levantar-me ao vê-lo respirar com dificuldade.

- Não, fica!! - pediu segurando o meu pulso para onde me virei imediatamente -  Isto é normal, parti três costelas...

- Tens a certeza que não é preciso...?

- Tenho, agora fica, por favor...

- Descansa, enquanto a minha mãe não me obrigar a ir, ficarei. - afirmei dando-lhe novamente um sorriso. - Mas seria melhor descansares, não?

- Seria, mas nem sequer estou cansado. - disse ele - Agora fala-me de ti, quero saber como és.

- Ah, nem podias pedir isso a alguém mais básica e normal! - declarei baixando a cabeça e rindo, ok, só agora entendi que para além de não me ter soltado o braço, a sua mão tinha deslizado até à minha e  segurava-a fazendo uma espécie de carinho -Bem...O meu nome é Teagan Croft e tenho quase 16 anos,mudei-me anteontem para cá com os meus pais e as minhas duas irmãs, sou a mais velha das três e acabo por ser por vezes um pouco de demasiado protetora com ambas. Nunca tive muita facilidade em fazer amigos e acho que nunca conheci ninguém até agora suficientemente especial para poder tratar como um.

- A miúda que estava contigo é uma das tuas irmãs não é?- perguntou - É parecida contigo.

- Sim é a Sage, a mais velhinha das duas.- respondi carinhosamente.- Então e tu?Fala-me de ti, ainda só sei o teu nome!

- Pronto está bem...Tenho 22 anos, acabei este ano o curso de representação, vivo com a minha mãe e a minha irmã Harlowe...- de repente ele fez uma pausa e suspirou pesadamente o que me fez voltar a olhar para o seu rosto onde encontrei tristeza que me doeu tanto ver.

- Ei?Que se passa?Se houver algo que não queiras contar eu compreendo, afinal ainda sou meio que uma estranha... - exclamei apertando um pouco mais a sua mão.

- O meu pai morreu à dois anos... E...- começou, mas fui incapaz de o deixar continuar ao ver que era algo que lhe custava tanto falar, obviamente.

- Pára! Não quero que tenhas que recordar tal coisa. - implorei um pouco angustiada.

- Agora sou eu que te agradeço, por compreenderes. -disse olhando-me- Também não tenho muitos amigos, a minha personalidade é um pouco difícil, espero que não te tenhas que descobrir isso, juro que darei o meu melhor.Mas podes ter a certeza que já te considero uma amiga.

- E eu? Como não poderia considerar meu amigo o rapaz a quem devo a vida? - exclamei - E quanto a isso, eu estou disposta a conhecer-te, todos temos defeitos, só temos que respeitá-los e, se possível ajudar as pessoas a serem uma melhor versão delas mesmas.

- Wow, tive tanta razão em te salvar, és mesmo boa pessoa...

- Não exageres, também cometo erros, com as pessoas erradas geralmente...

- Erros todos cometemos, agora dizer o que dizes com esse brilho nos olhos, nem todos o fazem.

- Brilho nos olhos?- perguntei agora confusa.

- Sim, confiança, sinceridade, vi que eras genuína em cada palavra.

Como assim?Ele mal me conhece...Terá sido assim tão perceptível?Ou estou realmente a dar-lhe confiança?Estou, estou pois...A conversa ia longa e bastante boa, falávamos de tudo e de nada, havia algo de especial em trocármos meras palavras. Eram perto de 20:30 quando simplesmente adormeceu após muita luta contra o cansaço que tentava esconder, de qualquer forma aquele sono pacífico não duraria muito pois acho que viriam trazer o comer daqui a pouco.Fiquei por alguns minutos apenas mergulhada na beleza do seu rosto jamais lhe soltando a mão até a minha mãe aparecer batendo à porta a avisar que era hora de regressarmos a casa.Com muito cuidado levantei-me e saí após deixar um beijo na sua testa.

- Como está o teu namoradinho? - perguntou a Sage gargalhando assim que coloquei um pé dentro de casa. 

- Não te atrevas a começar com isso!- gritei revirando os olhos.

O mundo trouxe-me até tiOnde histórias criam vida. Descubra agora