Capítulo 4

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Vee vestia a calça jeans apressadamente, ao mesmo tempo em que procurava alguma blusa limpa no seu guarda-roupa. No meio dessa enrolação a loira levou um tombo e fiz o que toda amiga faria naquela situação: comecei a rir.

— Eu te odeio tanto! — tentou se levantar, mas a calça que estava arreada nos tornozelos dificultou o processo — Calça maldita!

Aparentemente, pelo que entendi, Vee tinha um ensaio marcado às 8h da manhã, mas tinha se esquecido. Só lembrou quando recebeu o telefonema da modelo, que surtou pelo atraso de uma hora da fotógrafa.

— Esse ensaio é metade da minha nota no semestre, Sky. Você tem noção que a Carly está possessa e quase me deixando na mão? — disse enquanto abotoava os botões da sua blusa de seda branca.

Carly era a única das garotas Alpha Chi que foi simpática com Vee. Tudo começou com um elogio aleatório durante a festa que Vee foi com Jordana na primeira semana de aula.

O celular de Vee tocou. Automaticamente ela o pegou e o colocou no viva voz para terminar de se arrumar.

— Carly?

— Tenho aula daqui a uma hora, Vee. — a voz impaciente preencheu nosso quarto.

— Eu perdi a hora, mas prometo que já estou saindo daqui. — ela se atrapalha novamente batendo a cabeça no armário. — Ai!

— Não posso esperar mais. Preciso voltar para me trocar.

Antes que ela pudesse responder, Carly já havia desligado.

Nunca confie em uma Alpha Chi.

Vee congelou. Seus olhos se encheram de lágrimas.

— Ei, calma. Vamos dar um jeito, tudo bem? — lhe dou um abraço, coloco seu cabelo para fora da blusa e massageio sua nuca.

— Isso é tão bom. Obrigada, hoje está sendo um dia horrível. — ela deita a cabeça em meu ombro.

Saio do abraço e pego o celular de Vee.

— Vamos ver quem está disponível. Vai ser moleza achar alguém, certo? — falei vendo sua lista de contatos.

Errado.

Não era nada fácil.

Uma hora já tinha se passado e não havíamos encontrado nenhuma substituta para Carly. Cogitamos até Jordana, mas ela estava trancada na biblioteca fazendo um trabalho de última hora.

— Desculpa, mas não posso. Você sabe que eu adoraria fazer as fotos. Mas esse trabalho é para às 15h e não cheguei nem na metade. — choraminga Jo do outro lado da chamada.

Tentamos de tudo, até que Vee levanta depressa de sua cadeira reclinável e seus olhos brilham ao olhar em minha direção.

— E se você fosse minha modelo? — seu tom de animação dificulta minha recusa.

— Eu tenho aula daqui a pouco. — falo de imediato.

Com os olhos semicerrados e mãos no quadril, Vee me encara.

— Mas ontem você me disse que sua aula era depois do almoço.

Fui pega na mentira.

— Não sou uma boa modelo, Vee. Não me faça ter que fazer isso...

— Sky, você é linda, não sei o porquê desse nervosismo todo. As fotos vão ficar ótimas. — Vee pega sua bolsa e abre a minha parte do guarda-roupa — Agora vamos escolher algumas roupas para esse ensaio.

O tempo estava favorável a Vee. O sol havia dado as caras e não estava ventando tanto quanto os outros dias da semana. Com sua câmera em mãos, ela começou a analisar os ângulos que poderia fotografar. Ajeitei pela vigésima vez a jaqueta vermelha — grande demais para mim — que Vee insistiu para que eu usasse.

HEARTLESSOnde histórias criam vida. Descubra agora