Convivendo com o amor

CAPÍTULO 2

"Não entendo qual a razão pra ela ter ido embora assim, sem se explicar direito, ela nunca disse que queria fazer curso de idiomas, têm algo muito estranho acontecendo, ela nem me disse pra onde ia, nem quanto tempo ia ficar fora, a Clarice não é assim, eu nunca vi ela naquele estado, tão abatida e insegura consigo mesma, e ainda terminou comigo, do nada, sei que não fiz nada. Mas, vou respeitar sua decisão, por mais que eu a ame. E que importância isso tem agora? Acho que nenhuma, talvez seja melhor eu esquecer tudo e fingir que nada aconteceu, me parece a melhor forma de seguir em frente sem alguém que amamos".

Já era noite quando Clarice chegou na cidade, foi direto pro hotel descansar. Ela ainda não sabia o que ia fazer, não sabia nem o que estava fazendo direito na verdade, talvez estivesse só agindo por impulso.

Ela entra no quarto do hotel, já exausta da viagem, pega suas suas malas, arruma tudo e por fim, adormece.

Eram nove horas da manhã quando Clarice acorda e pega seu telefone para ver que horas eram. Ela olha e nenhuma mensagem de Miguel, só da sua mãe perguntando se ela tinha chegado bem, ela responde. Em seguida joga o aparelho pro lado e fica olhando a sua volta, aquela imensidão de quarto, era quase um apartamento, ela viu que o café estava na mesa ao lado. Ela ouve alguém batendo na porta, e uma voz estridente que dizia:

- Serviço de quarto!
- Pode entrar - Clarice respondeu ainda meio sonolenta.
- Bom dia, senhorita Clarice, achei que já tivesse tomado seu café, ia limpar seu quarto nesse exato momento - dizia a mulher com um pouco de irritação.
- Me desculpe, perdi a hora. Quem é você mesmo? - pergunta Clarice confusa.
- Eu sou a Suzi, pretendia limpar aqui, não sei se você percebeu...
- Não precisa limpar aqui - interrompe Clarice - isso aqui tá impecável.
- De jeito nenhum, tenho que fazer meu trabalho e deixar tudo limpo e perfumado pra minha querida hóspede, é pra isso que sou paga - insistia Suzi.
- Suzi, fique tranquila, pode ir limpar outros quartos, hoje você estar livre desse.
- Senhorita Clarice, só limpo dois quartos neste hotel, e o outro eu já limpei, agora preciso continuar meu trabalho - falava Suzi.
- Então pode ir pra casa, melhor ainda - dizia Clarice enquanto procurava um filme assistir.
- Não posso ir, tenho que fazer o meu trabalho, você vai ficar aí o dia inteiro? O dia tá lindo, devia aproveitar - diz Suzi tentando arranjar uma maneira de tirá-la do quarto.
- Vou ficar aqui, não estou afim de sair.
Suzi revira os olhos.
- Você poderia dar uma caminhada, tomar um ar...
- Suzi. Relaxa. Já que você não pode ir pra casa, você deveria sentar aqui, e ver um filme comigo, é a sua melhor opção, porque eu não vou levantar daqui tão cedo.
- Que filme? - perguntou Suzi.
- Perdido em Mart...
- Sério?! Adoro esse filme, vi várias vezes, não me canso - diz Suzi enquanto corre até a cama para sentar e assistir.
- Também. Principalmente na parte em que ele fala que colonizou Marte, o cara é um ícone - dizia Clarice com os olhos atentos na tv.
- Exatamente - concordou Suzi.

* * *

- Perfeito demais, com certeza eu casaria com ele - diz Suzi encantada pelo Mark.
- Que idade você tem? - pergunta Clarice a Suzi - você parece jovem.
- 26. Larguei a faculdade de direito pra cuidar da minha irmã mais nova, perdemos nossos pais recentemente em um acidente de carro... tá sendo bem difícil pra gente, ter que lidar com tudo isso.
- Sinto muito - diz Clarice.
Suzi assente.
- Mas... não vamos falar disso, me fale de você, o que faz da vida? Provavelmente faz o segundo ano do ensino médio, acertei?
- Não, Suzi - diz Clarice sorrindo - vou pra faculdade de medicina, já deveria estar na universidade mas...
- Mas, o que? - Suzi pergunta curiosa.
- Mas, aconteceram coisas...
- Tudo bem se não quiser contar, entendo - responde Suzi - por que medicina?
- As vezes penso que é por causa dos meus pais, já que ambos são médicos, mais acho que, mesmo que eles não tivessem essa profissão, eu ainda escolheria a mesma.
- Muito inspirador - Suzi rir.
- Nem tanto Suzi, nem tanto.
- Bom, tá na minha hora, tenho que ir, foi um prazer conhecê-la, nunca imaginei que ficaria amiga de uma hóspede, que loucura, posso te chamar assim, não é? - pergunta Suzi corando.
- Claro, amigas - Clarice aperta sua mão.
Suzi sai.