CAPÍTULO 5

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Cinco anos se passaram, Clarice já estava perto de concluir a faculdade. Ela ainda continuava sem falar direito com o Miguel, depois do que aconteceu entre eles nada mais foi como antes. Clarice ainda fazia o mesmo trajeto de sempre pra ir pra universidade, passava pelas lojas, lanchonetes, a sorveteria e a escola.
Certo dia ela estava caminhando tranquilamente quando viu uma mulher segurando a mão de um lindo garotinho, e não era qualquer mulher, era a Anabela e o Arthur. Clarice não acreditou no que estava vendo, seu coração disparou ao ver seu filho, sua vontade por incrível que pareça era de correr e abraçá-lo, como um dia ela fez, ela não conseguiu conter o choro, então as lágrimas correram em seu rosto.

"Não pode ser, como isso é possível? Meu filho... aqui na cidade, será que ele esteve aqui esse tempo todo? E só agora eu o encontrei, só pode ser ele, quem mais seria".

Anabela estava levando Arthur para escola, era seu dia de folga. Ela o amava mais que tudo nessa vida, e não deixaria que nada, nem ninguém o tomassem dela.

A tarde quando Clarice voltou pra casa, foi direto pro seu quarto, pra contar pra Suzi o que tinha acontecido:

- Alô? Suzi?
- Oi universitária - diz Suzi.
- Você não vai acreditar no que aconteceu - fala Clarice.
- O que houve? E por que você tá tão nervosa? - pergunta Suzi.
- Eu o vi...
- Eu já sei que você vê o Miguel todo dia na faculdade, e que você não gosta dele, mas foi você que terminou com ele...
- ... tô falando do meu filho Suzi, do bebê que eu entreguei pra aquela mulher - diz Clarice.
- Não me venha com brincadeiras Clarice, você já está bem crescidinha pra isso - disse Suzi.
- Eu não estou brincando sou louca, é sério - diz Clarice.
- Mais... como isso é possível? Você tem certeza?
- Eu tenho, certeza absoluta - afirma Clarice.
- Meu Deus! E agora o que vai fazer? - perguntou Suzi.
- Não sei. Mas talvez essa seja minha única chance de fazer o certo dessa vez - responde Clarice.
- Clarice, vai com calma, você tá nervosa, não tá pensando direito, como é que você vai fazer o certo dessa vez? Você não pode fazer nada - diz Suzi.
- É claro que eu ainda posso fazer alguma coisa, sempre dá tempo de consertar tudo, você mesmo me disse isso - disse Clarice.
- E a sua vida perfeita? Seus pais? - pergunta Suzi.
- Que se dane minha vida perfeita, ela já deixou de existir há muito tempo, nunca mais fui a mesma depois que abandonei ele, Suzi. - Clarice começar a chora.
- Clarice, não chora. Você é sempre tão forte, não pode ficar assim agora, calma. Pensa um pouco antes de fazer qualquer coisa que vá fazer você se arrepender depois - diz Suzi.
- Eu estraguei tudo, tudo mesmo - diz Clarice.
- Você não pode ficar se lamentando, você precisa seguir em frente, Clarice, me escuta, não há nada que você possa fazer - diz Suzi.
- Sempre tem.
- E o que pretende fazer? Chegar pra mulher e dizer " você já pode me devolver o meu filho, o que eu fiz foi um erro" e depois voltar pra casa como se nada tivesse acontecido? - falou Suzi.
Clarice fica em silêncio.
- O tempo não parou Clarice, se passaram muitos anos. Ele já tem uma mãe, aquela mulher é a mãe dele. Sei que é difícil pra você ter que ouvir isso, mas é a verdade, e você precisa aceitar isso, por mais que doa - falou Suzi - você se arrependeu tarde demais, Clarice. Agora não tem mais volta.
- Você tá certa, tentar mudar as coisas agora não seria nada bom, só ia piorar tudo - falou Clarice.
- Me prometa que não vai tomar nenhuma decisão precipitada.
- Eu prometo.
- Ótimo. E pelo amor de Deus, tenta esquecer essa ideia maluca. Isso não ia ser bom pra ninguém - diz Suzi - já pensou no escândalo que ia ser? E o Miguel? Como ele ia reagir, ao saber que você escondeu um filho dele?
- É, não ia ser nada bom.
- Claro que não - diz Suzi - tenho que desligar agora, nos falamos amanhã.
- Tá bom, até mais - Clarice desliga o telefone, senta na cama e começa a pensar no que Suzi tinha falado.

"Será mesmo que é melhor eu esquecer tudo isso, e deixar de lado tudo o que passou? E esquecer de uma vez por todas essa ideia maluca de reconciliação? Talvez ela esteja certa, isso não vai dar certo, ninguém ia me perdoar, e eu ia acabar sozinha. Ela tem razão, eu me arrependi tarde demais, não dá pra voltar atrás agora".

Convivendo com o amorOnde histórias criam vida. Descubra agora