CAPÍTULO 11

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Ana já tinha sido examinada e já tinha acordado. Agora só estava repousando.
  Clarice entra no quarto:

— Oi, como você está se sentindo? — perguntou Clarice.
— Um pouco melhor, não lembro de muita coisa. O que aconteceu?
— Você teve uma arritmia cardíaca, por isso o desmaio, mas já está tudo sob controle. Não precisa se preocupar — explicou Clarice.
— Foi você que me atendeu quando eu cheguei aqui?
— Foi sim.
— Obrigada, eu sei que você deve me odiar mas... Obrigada mesmo assim — diz Ana.
— Eu não odeio você, e eu nunca disse que te odiava, bom, não que eu me lembre.
— Nossa, por essa eu não esperava — diz Ana surpresa — e onde está o meu filho? Eu posso ver ele? — Ana pergunta.
— Claro, eu vou chamá-lo pra você — diz Clarice saindo.
— Clarice, espera — diz Ana.
— O que foi? — Clarice pergunta sem entender.
— É verdade que você não me odeia?
— Eu sei que isso parece estranho mas... É verdade sim, eu não te odeio, pelo contrário, eu serei eternamente grata por você ter cuidado tão bem do Arthur — diz Clarice.
— Grata? Eu ouvi direito? — Ana sorri.
— Sim, ouviu muito bem.
— Bom, obrigada então — elas ficam em silêncio — sabe, acho que lá no fundo, bem no fundo mesmo, você é uma boa mãe — diz Ana.
— E por que você acha isso?
— Você se importa com o Arthur, sempre se importou. Foi por isso que entregou ele pra uma pessoa, não foi? Que no caso sou eu.
— É, foi por isso sim. Eu não queria que ele não fosse amado, acho que ninguém merece isso, e ser rejeitado logo pela mãe... Não é algo que eu desejaria pra alguém. Ele não teria sido feliz se eu tivesse ficado com ele, sei que não.
— Acho que eu te entendo melhor agora, e também te devo um pedido de desculpas, espero que não seja tarde pra isso — diz Ana.
— Nunca é tarde. E eu desculpo você sim.
— Obrigada mais uma vez — diz Ana.
— Não precisa agradecer.
— Eu vou poder ir pra casa hoje?
— Não, hoje você vai ter que ficar aqui, precisa ficar em observação — diz Clarice.
— Tem certeza que eu preciso mesmo ficar? O Arthur tem aula amanhã cedo, e sei que ele vai querer passar o resto do dia aqui comigo — diz Ana um pouco preocupada.
— Sinto muito Ana. Agora vou chamar ele pra vim te visitar, ele deve estar muito apreensivo com tudo o que aconteceu.
— Sem sombra de dúvidas.
— Ele é uma ótima pessoa, não é? — pergunta Clarice.
— A melhor que conheci em toda minha vida — afirma Ana.
— Posso te perguntar outra coisa?
— Pode — Ana responde.
— Ele sabe que não é seu filho de verdade? Se é que me entende.
— Ele acha que é adotado, eu nunca contei a verdade pra ele, na verdade eu nunca tive coragem.
— Imagino o motivo.
— Era só isso que você queria saber?
— Era. Agora vou chamar o Arthur pra você.
— Clarice — diz Ana — posso te pedir uma coisa?
— Pode.
— Cuida do Arthur pra mim, eu sei que você deve estranhar esse pedido porque você seria a última pessoa a quem eu pediria isso, mas a questão é que eu não tenho mais ninguém, e eu sinto que não tenho muito tempo.
— Por que você tá dizendo isso? Você não está com nenhuma doença terminal ou algo assim, não precisa se preocupar — diz Clarice tentando deixá-la mais tranquila.
— Promete que vai cuidar dele se acontecer alguma coisa comigo? — ela olhava séria pra Clarice.
— Prometo.
— Agora pode ir chamá-lo — disse Ana.
  Clarice assente e sai do quarto.

  Depois de andar pelos corredores Clarice finalmente encontra Arthur, ele estava tomando água:

— Arthur — disse Clarice ao se aproximar dele.
— Clarice — diz ele surpreso — não sabia que você trabalhava aqui.
— Pois é, eu sou uma das médicas daqui. Inclusive trago notícias da sua mãe, ela já acordou e está muito bem.
— Tem certeza que ela está bem? Eu já posso ir ver ela? — ele perguntava com um ar de preocupação.
— Tenho sim, acabei de vê-la. E sim, você já pode ir falar com sua mãe, sei que deve estar muito preocupado — diz Clarice.
— O que aconteceu com ela? Por que ela ficou daquele jeito?
— Ela teve uma arritmia cardíaca e acabou desmaiando, eu achei bem estranho ela ter tido esse tipo de problema, ela é uma pessoa aparentemente muito saudável, você sabe se ela vem passando por algum momento difícil? Algo que possa causar um estresse elevado?
— Bom, talvez ela ande preocupada demais com a loja, acho que é isso.
— Mas por vias das dúvidas faremos outros exames, então não precisa se preocupar, vai dar tudo certo.
— Obrigado, e... Foi bom te ver de novo, pena que foi em um momento complicado.
— Digo o mesmo. É... Antes de você ir ver sua mãe posso te fazer uma proposta? — pergunta Clarice.
— Claro.
— É que eu estou precisando de novas pessoas pra me ajudarem com um projeto que eu estou desenvolvendo, é um projeto voltado pra crianças carentes. E então, o que me diz? Aceita fazer parte da minha equipe?
— Claro que eu aceito, uau, me sinto até privilegiado por poder fazer parte de algo assim. Então além de médica você também ajuda pessoas com projetos sociais, nossa, deve ser por isso que você é tão famosa — diz ele.
— Eu não sou famosa — ela sorri — e de onde você tirou essa ideia?
— Minha mãe que falou.
— Ela falou de mim pra você?
— Não exatamente. Mas, agora eu tenho que ir, preciso mesmo ver como está minha mãe, nos falamos depois.
— Claro, eu entendo.
— E obrigado pelo convite.
— Não foi nada.
— A gente se ver por aí, tchau.
— Tchau — ele sai.

Convivendo com o amorOnde histórias criam vida. Descubra agora