CAPÍTULO 12

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— Oi, que horas são? — disse Ana ao despertar.
— Quase seis. Você dormiu a tarde toda.
— Nossa, nem vi o tempo passar.
— Não mesmo — ele sorri.
— Eu estava muito cansada, não consegui dormir direito naquele hospital — diz ela.
— Acredito.
— Bom, vou fazer alguma coisa pra gente comer, eu tô morrendo de fome — diz ela levantando.
— Ah, eu fui no orfanato.
— E como foi lá?
— Foi bom, eu conheci as pessoas de lá, algumas crianças e também pude conhecer mais o trabalho da Clarice.
— Como assim conhecer mais o trabalho da Clarice? — ela pergunta com uma expressão meio estranha.
— Você sabe, no orfanato.
— Não, eu não sei.
— Ok, depois eu te explico direito. Agora eu preciso estudar.
— Melhor mesmo.

  No dia seguinte Arthur faz sua rotina matinal e vai pra escola:

— Bom dia pessoal! — diz Arthur ao ver seus amigos conversando na entrada principal.
— E aí cara, tudo bem? — diz Cristian.
— Tudo, vocês viram se a Katarina já chegou?
— Aquela dali serve? — perguntou Alexia apontando pra Katarina.
— Serve sim.
— Oi gente — diz Katarina ao se aproximar deles.
— Chegou a garota mais linda e mais badalada da escola — diz Higor.
— Nossa, quantos elogios em apenas uma frase, desnecessário isso — diz Alexia olhando fixamente pra Katarina.
— Obrigada, Higor, você não está errado — ela olha com desprezo pra Alexia. Enfim, elas se odeiam e tentam esconder, perca de tempo — vocês viram a matéria que saiu na capa do jornal?
— Que matéria? A com a Clarice? — Arthur pergunta sem entender.
— Essa mesma. E várias pessoas já fizeram suas doações pra ajudar no novo projeto — diz Katarina.
— Nossa, isso é ótimo — diz Arthur.
— Esse trabalho que a minha ex cunhada tá fazendo é realmente sensacional, acho que vou ser um voluntário também, prometi que iria ajudar em qualquer coisa — diz Cristian.
— Ex cunhada? — Arthur pergunta.
— É, ela namorava com meu irmão.
— Ah. Legal. E por que eles terminaram?
— Não sei, ninguém sabe na verdade, ele não fala sobre isso.
— Essas coisas são realmente complicadas, melhor não se meter — diz Arthur — inclusive eu vou hoje a tarde pro orfanato, se você quiser passar lá em casa a gente pode ir juntos.
— Beleza então — diz Cristian.
— Eu posso ir também? — pergunta Alexia.
— Claro, ajuda é sempre bom — diz Arthur.
— Desde quando você gosta de ajudar os outros? — Katarina pergunta pra Alexia.
— Desde sempre.
— Arthur, é melhor a gente ir pra sala logo, temos aula de biologia, você sabe como é aquele professor — diz Katarina.
— Biologia é tão chato — diz Alexia.
— Vocês sabem que eu odeio concordar com a Alexia, mas dessa vez ela está certa — diz Higor.
— Nada a ver, você que está sempre errado — diz ela toda irritada.
— Se eu estou sempre errado por que você só quer fazer trabalho em dupla comigo? — ele ri debochando dela.
— Você é muito idiota, sabia? — diz Alexia.
— Bom, a gente já vai indo. Nos vemos no intervalo — diz Arthur saindo com Katarina.
— Tchau Katarina — disse Higor.
— Tchau lindinho — disse Katarina.

  Por volta das duas horas da tarde Cristian foi até a casa de Arthur pra eles irem pro orfanato:

— Por que a Alexia não veio com você? — Arthur pergunta.
— Não faço ideia. E como está sua mãe?
— Ótima.
— Ainda bem. Ah, esqueci de te falar, o Miguel marcou as nossas reuniões pra segunda de tarde.
— Ele deve ter me mandado algum e-mail, mas com tudo que aconteceu acabei não vendo.
— Não esquece, segunda a tarde.
— Não vou esquecer.
— A gente vai caminhando mesmo? — pergunta Cristian.
— Sim, é perto — eles ainda estavam em frente a casa de Arthur.

  Depois de alguns minutos de caminhada os dois chegam ao seu destino e encontram Clarice conversando com Desmond no jardim:

— Trouxe mais um voluntário comigo — diz Arthur.
— Cristian? — falou Clarice.
— Quem é o garoto bonito que está com o Cristian? — perguntou Desmond.
— Esse é o Arthur, um amigo meu — diz Clarice.
— Eu e o Arthur nos conhecemos no Montessorini — explicou Cristian.
— Isso mesmo, ele até já me contou sobre o Collin — diz Arthur.
— Cristian! — disse Clarice corando.
— Eu não disse nada demais, relaxa.
— O Cristian é gente boa, sabe o que faz — diz Desmond.
— E o que tem a ver uma coisa com a outra? — eles riem.
— Sei lá.
— Como está o Collin? Faz tempo que não o vejo — pergunta Clarice pra Cristian.
— Está bem, tem trabalhado bastante e quase não vejo ele.
— Ela está morrendo de saudades dele — diz Desmond.
— Desmond!
— Que foi? Eu falei alguma mentira?
— Pela cara dela não — diz Arthur.
— Esses dois... Vocês deveriam estar juntos — diz Cristian.
— Ele tem razão — falou Desmond.
— Será que vocês podem parar de falar sobre isso? Eu agradeceria muito — diz Clarice.
— A gente até pode, porém a gente não quer — fala Desmond.
— Querem sim, querem e vão parar, até porque temos assuntos mais importantes pra tratar — diz Clarice.
— Tudo bem, não precisa se preocupar.
— Ótimo.
— Eu posso ir comer alguma coisa? Eu tô faminto — fala Cristian.
— Claro, pode ir na cozinha — diz Clarice.
— Eu também vou com você amigo — fala Desmond se levantando.
— Ele não perde uma oportunidade, impressionante — Clarice ri.
— A Katarina me falou que várias pessoas estão interessadas em fazer doações, e que outras já fizeram e pretendem ajudar mais.
— Pois é, eu fiquei muito feliz, e tudo graças a você, muito obrigada mesmo.
— Não foi nada. Sabe o que poderia ajudar mais? Um site só de notícias do Dream Home, aí as pessoas poderiam acompanhar tudo o que acontece aqui.
— Mais é claro! Isso é perfeito, as pessoas adoram isso, bom, nem todo mundo — fala Clarice empolgada.
— Eu posso pedir pro Cristian cuidar disso se você quiser — diz Arthur.
— Tá, por mim tudo bem.
— Mais então... Teve mais alguma ideia pra implementar no projeto?
— Não muita coisa, eu só andei pesquisando alguns lugares em situações de mais vulnerabilidade e encontrei umas cidades não muito distantes daqui, certamente existem outros países onde há crianças sofrendo bem mais por comida, porém seria mais complicado mandar qualquer tipo de ajuda pra lá — diz Clarice.
— Você tem razão, realmente seria bem mais difícil. Mais veja pelo lado bom, ainda podemos ajudar outras pessoas, seja longe ou perto, o importante é ajudar.
— Você está certíssimo. E eu quero realmente ajudar essas famílias, eu vou me esforçar ao máximo pra ajudar o maior número de pessoas possíveis.
— Você vai conseguir, eu acredito em você — ele sorri.
— A sua mãe tem muita sorte de ter você.
— Já eu penso o contrário, eu que tenho muita sorte de tê-la como mãe, eu faria qualquer coisa por ela, qualquer coisa só pra ver ela bem, entende? — diz ele.
— Acho que sim.
— E seus pais? Eles não vem aqui?
— Vinham.
— E o que houve com eles?
— Tivemos alguns desentendimentos, eu até tentei falar com eles depois disso mas não consegui. O Desmond até me falou que eles saíram da cidade esses dias, então acho que não vou vê-los tão cedo — diz ela triste.
— Relaxa, tudo vai ficar bem.
— Será mesmo?
— Claro, é normal famílias brigarem — ele sorri.
— Eu sinto tanta falta deles.
— Por que não liga pra eles de novo? Aposto que eles também sentem sua falta.
— Eles até saíram da cidade, é claro que não querem me ver.
— Não custa nada tentar.
— Não sei se isso é uma boa ideia mas, eu prometo que vou pensar.
— Agora coloca um sorriso nesse rosto, você não fica bem triste — Clarice sorri — bem melhor assim.

Convivendo com o amorOnde histórias criam vida. Descubra agora