Convivendo com o amor

CAPÍTULO 18

— O que você quer me falar?
— Não, esquece. Não é nada importante, depois nós conversamos, tchau — diz Clarice depressa.
— Tem certeza?
— Tenho, já é tarde. Até depois — ela desliga rápido antes que pudesse falar alguma besteira — eu só posso estar ficando louca — dizia Clarice pra si mesma enquanto voltava pro quarto — no que eu estava pensando? Falar pro Collin que o Arthur é meu filho? Não é uma ideia muito boa, na verdade é uma péssima ideia. E eu não posso falar isso dessa maneira, não por uma ligação, me parece muita covardia. Eu sabia que eu deveria ter ido dormir logo, é como sempre dizem "nunca atenda uma ligação depois das duas horas da madrugada" eu estava a ponto de fazer uma besteira, acho que estou delirando, melhor eu ir dormir — ela entra no quarto, fecha a porta e cai na cama.

  Na manhã seguinte os quatro levantaram bem cedo e foram tomar café:

— Bom dia! — disse Clarice ao se juntar a eles na mesa.
— Você está com uma cara péssima — diz Otávio — parece que não dormiu a noite inteira.
— Você não devia falar essas coisas pra sua chefe — diz Mariana — ela pode te demitir por isso.
— É — Clarice sorri — mas eu realmente não consegui dormi bem.
— Por que? Aconteceu alguma coisa? — perguntou Arthur.
— Não, nada. Tá tudo bem.
— Ainda bem.
— Voltamos amanhã pra casa? — pergunta Otávio.
— Eu prefiro que sim, não gosto de dirigir a noite, é uma viagem longa e o trânsito também piora nesse horário por aqui — diz Clarice.
— Por mim tá tranquilo, não estou com pressa — diz Otávio.
— Mas acho que o Arthur deve estar — fala Mariana — talvez ele queira aproveitar o resto das férias.
— Não, eu já aproveitei o bastante, e estou aproveitando ainda, pra mim essas tem sido umas das melhores férias da minha vida, aprendi muito mais aqui do que em qualquer outro lugar — diz Arthur.
— Fico feliz que pense assim — diz Clarice.
— Arthur, você é realmente um garoto excepcional — comenta Mariana.
— Dizem que sim — diz ele sorrindo.
— Bom, vamos? — diz Clarice já se levantando.
— Já? Você não comeu quase nada — diz Otávio segurando seu copo com suco de laranja.
— Mas vocês já comeram o bastante, então... Vamos — diz Clarice.
— Precisamos mesmo ir — diz Arthur verificando a hora em seu relógio de pulso — o dia vai ser longo hoje.
— Isso mesmo, temos muito trabalho a fazer — falou Clarice.
— Andem logo — diz Clarice — espero vocês no carro — ela sai.
— Ela ama falar no imperativo com a gente — comentou Mariana.
— Ela pode, entende? — falou Otávio.
— Eu já vou indo também, tchau — Arthur se levanta e sai.
— Tchau — disse os dois.
— Termina logo de tomar esse suco, a gente precisa ir — diz Mariana.
— Você já terminou, pode ir se quiser — diz Otávio.
— Vou te esperar, não quero que você fique aqui sozinho, você pode se perder — Otávio ri.
— Eu? Me perder aqui? Você só pode está brincando comigo.
— Tá, eu exagerei um pouco.
— Um pouco não, um monte — Otávio toma o resto do suco — pronto, acabei. Vamos?
— Vamos — ela sorri.

  Após o café da manhã todos eles foram dar continuidade ao trabalho, Clarice junto com os outros iria agora para outra escola fazer as distribuições dos alimentos arrecadados. Seria um longo dia de muito trabalho, mas todos já estavam preparados para isso.
Ao chegarem na escola eles já encontraram muitas pessoas:

— Uau, quanta gente — disse  Otávio descendo do carro.
— Nem tanto, nós e os funcionários da escola damos conta de tudo — diz Mariana.
— Terminaremos de fazer as entregas hoje, e então voltaremos pra casa amanhã, como combinado — diz Clarice.
— Ok então — diz Otávio.
—  Acabei de falar com o pessoal que vai nos ajudar a distribuir os alimentos e eles disseram que já estão aqui — diz Arthur verificando as mensagens em seu telefone.
— Então é melhor irmos logo — diz Clarice — não vamos deixá-los esperando.

                                *     *     *

  Quando eles voltaram pro hotel a noite após um longo dia de trabalho e muito esforço físico todos estavam tão cansados que nem quiseram ir jantar, só pediram uma pizza e foram comer todos juntos no quarto de Clarice: