CAPÍTULO 10

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— E não conheço, é porque ela é bem famosa por aqui. Nada demais. Agora joga isso fora, não quero isso aqui.
— Tá bom então, eu jogo.
— Melhor assim — diz Ana.
— Aquela sua amiga ainda mora aqui? — Arthur pergunta.
— Quem? A Íris?
— É.
— Não, ela se mudou daqui faz muito tempo. Por quê?
— Nada, só acho que a senhora deveria sair mais, se distrair um pouco.
— Eu estou muito feliz assim, e eu tenho você — diz Ana.
— Eu só quero te ver bem, e se você estar feliz assim eu também estou — ele sorri.
— Não precisa se preocupar comigo, eu já sou bem crescidinha.
— Então tá né.

  Já era um pouco tarde quando Clarice voltou pra casa, ela esperava ver Arthur de novo, mas quando percebeu que ele não apareceria resolveu ir embora. E quando ela chegou encontrou Collin na sala:

— O que faz aqui? — ela pergunta.
— Eu vim pegar minhas coisas, só que você não estava em casa, então resolvi esperar — ele responde.
— Ah — diz Clarice sem deixar transparecer sua tristeza — você está aí há muito tempo?
— Não.
— Você quer tomar alguma coisa?
— Não — ele responde — só estava esperando você chegar pra pegar minhas roupas, e agora que você chegou eu já vou buscá-las.
— Tá, pode ir. Onde você vai ficar? — Clarice pergunta.
— Eu aluguei uma casa perto do meu trabalho.
— Ah, entendi — ele sai e vai pegar suas coisas no quarto.
— Você sabe que não precisa ser assim — diz Clarice enquanto olha Collin colocar suas roupas na mala.
— Eu não acredito que depois de tudo o que você me disse você ainda acha que eu vou ficar com você — diz Collin.
— Eu já pedi desculpas.
— Suas desculpas não são o bastante pra consertar tudo.
— E o que você quer que eu faça? — ela pergunta.
— Nada, só segue sua vida que eu sigo a minha.
— Minha vida não está completa sem você.
— Eu não posso fazer nada.
— Collin, não precisa ser assim.
— Eu tenho que ir — ele sai do quarto com as malas.
— Você tem certeza que quer ir embora? — ela pergunta olhando pra ele.
— Eu não tenho escolha — ele vai embora.

  Na manhã seguinte ela foi trabalhar, mesmo não estando muito bem. Clarice não encontrou seus pais no hospital, o que era muito estranho, mas ela já devia imaginar o motivo.
  Mais tarde quando ela saiu do trabalho passou em casa rapidinho, pegou o carro e foi pro orfanato.
  Quando ela chegou lá encontrou uma garotinha sozinha em um dos balanços, então Clarice foi até onde ela estava e perguntou:

— Você é a Aurora, não é? — ela afirma com a cabeça — por que não está brincando com as outras crianças?
— Acho que eles não querem brincar comigo.
— Por que acha isso?
— Porque a Liz disse, ela não quer brincar comigo porque eu sou muito pequena — diz Aurora triste.
— Não precisa ficar triste, tenho certeza que vai encontrar outras crianças pra brincar com você.
— Você acha mesmo?
— Claro que sim, você parece ser uma criança tão adorável, e sei que tem algo muito especial em você — diz Clarice gentilmente.
— Obrigada.
— Quantos anos você tem? — Clarice pergunta.
— Sete.
— Que legal. Acho que tenho uma ideia do que nós podemos fazer. O que acha da gente fazer uma torta?
— Você sabe como se faz?
— Mais ou menos, mas... a gente pode pedir pra Nina nos ajudar — diz Clarice.
— Então eu topo — diz Aurora já mais animada.
— Vai ser muito divertido — Desmond aparece — o que faz aqui essa hora? Achei que fosse trabalhar — diz Clarice quando o viu.
— Vim ver como você estava — diz ele.
— Eu te encontro na cozinha — diz Clarice pra Aurora.
— Tá bom — Aurora sai.
— E aí? Como você tá? — ele pergunta.
— Me sinto péssima, acho que nunca estive tão mal em toda minha vida.
— Eu imagino. Eu estive na casa dos seus pais.
— Eles comentaram alguma coisa sobre mim?
— Nada, não citaram nem seu nome, eles estão agindo como se você não existisse, mas eu sei que lá no fundo eles estão arrasados.
— E não é pra menos, eu era a pessoa mais importante pra eles, e eu os decepcionei muito, agora eu não sei se eles vão me perdoar.
— Eu sei que você está triste, mas você não pode desistir agora. Você está vivendo o seu sonho, você tem o seu emprego como médica, você tem isso aqui, isso é o seu sonho. Você conquistou tudo o que sempre desejou — diz Desmond.
— É, eu consegui sim. Só que eu percebi que nada disso vale a pena se a gente não tiver ao nosso lado as pessoas que amamos de verdade. E eu demorei muito pra perceber o que era realmente importante pra mim.
— Pra todo problema tem uma solução, não se preocupe.
— Então acho que esse nunca vai ser resolvido.
— É claro que vai, é só uma questão de tempo — diz ele.
— Eu sei que você só está dizendo isso pra mim não se preocupar tanto, mas é inevitável — diz Clarice.
— Está enganada, eu realmente acho que as coisas vão se acertar.
— Acha?
— Deixa esse assunto pra lá, vamos fazer um lanchinho que é bem melhor — ele sorri e em seguida os dois vão pra cozinha.

Convivendo com o amorOnde histórias criam vida. Descubra agora