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- Como você está?

Charlotte soltou um alto suspiro ao ouvir a pergunta de sua cunhada, olhou para a enorme barriga de um pouco mais de nove meses, mal conseguia ver seus pés e se encontrava extremamente cansada.

- Exausta, Piper. Só quero que essa criança venha logo.

A Hart mais nova terminava de ajudar Charlotte a dobrar as roupas da maternidade, algo que a futura mãe deveria ter feito há séculos, mas sempre encontrava algum detalhe para arrumar. Agora que estava somente à espera da hora em que iria ver o rosto do seu filho, deveria estar com tudo arrumado, e Piper havia vindo de Nova York para ajudá-la após o nascimento de Oliver.

- Sinto muito, mas não quero que vocês parem só nele.

- Por mim, teremos só ele. Nossa vida anda muito caótica, temos a floricultura, a ONG, o laboratório que está exigindo muito esses tempos e ainda ajudamos o Ray a selecionar novos alunos. - enumerou, dobrando alguns pijamas e colocando de lado. - É só, é muita coisa acontecendo ao mesmo tempo.

- Entendo, mas. - começou Piper, com um enorme sorriso no rosto que a fez revirar os olhos. - Não ia ser ótimo ter dois bebês fofinhos correndo por essa casa? - perguntou, batendo palmas animadas ao imaginar a cena.

- Vai me ajudar a criar por acaso? - Charlotte rebateu, abrindo um sorriso irônico.

- Sua bruta. - disse, dando língua para ela que riu de seu jeito infantil.

Voltaram a conversar sobre os planos para o futuro, e também sobre o novo ator de sua série preferida que havia conseguido a grande façanha de ficar mais lindo na nova temporada, quando o grito de Henry chamando por Charlotte ecoou por toda a casa.

- Char! Char, Char, Char, Charlotte!

- Tô aqui, caramba! - gritou de volta de forma impaciente.

Henry apareceu à porta do quarto e inclinou o corpo para dentro, ele estava com um sorriso estupidamente animado no rosto e a nova Hart sabia que algo ele deveria ter aprontando.

- O que você fez agora, Hen? - indagou desconfiada.

Piper somente continuou sentada em cima da cama e dava pouca atenção para o irmão, que se aproximou da esposa com clara animação.

- Então, sei que concordamos em não comprar mais nada para o bebê, mas, o que eu trouxe não foi comprado e sim doado, ou adotado, não sei como explicar porque-

- Henry. - interrompeu, estendendo as mãos para ele parar. - Só me diz logo o que você aprontou.

- Vem comigo. - pediu animado, a puxando pela mão para a sala.

Assim que chegou, Charlotte soltou um imenso grito que fez Piper sair correndo do quarto em direção à eles, o que rendeu outro grito vindo por parte da loira.

- Que diabos é isso?!

O tom de Charlotte não deixou dúvidas sobre sua irritação, até porque no meio da sala se encontrava um enorme gnomo de jardim, uma criatura barbuda que era maior que a dona da casa. Piper se aproximou dele e depois encarou seu irmão com um olhar descrente.

- Você cresce, mas não deixa de ser idiota! E como não avisa pra sua mulher grávida que vai colocar essa criatura na sala dela?! - gritou, avançando para dar tapas em Henry, que correu para trás de Charlotte em busca de proteção.

- Se você não tirar isso daqui agora eu juro que deixo ela te bater, na verdade, faço questão de ser a primeira a fazer isso. - ameaçou, o fazendo se afastar das duas.

- Ele é de plástico! - falou, apontando para o gnomo como se explicasse tudo.

- E? - Charlotte perguntou ainda irritada. - Não muda nada, só o fato de eu poder ter o prazer de acabar com ele.

- Não era dele que eu falava. - Henry disse, se aproximando dela novamente. Diante do olhar confuso que recebeu, continuou. - Esse gnomo é do Luidi, ele me pediu pra testar se está furado ou não.

- Ops. Agora tá. - Piper avisou, abrindo um sorriso amarelo para o irmão quando o som alto do ar que saía do gnomo preencheu a sala.

Henry inspirou fundo e ignorando a irritação que sua irmã estava fazendo crescer dentro dele, voltou sua atenção para Charlotte.

- Sei que você disse que estamos lotados de responsabilidades, mas eu não podia deixar ele lá no meio da pista. Só vamos tentar, por favor.

- Tentar o que, Hart?

- Bom, senhora Hart. - frisou, se inclinando sobre o sofá para pegar nos braços uma bola de pêlos caramelo que dormia quieta. - Isso.

- Ah, que amor! - Piper falou animada, se aproximando do filhote. - Ele é muito lindo e agora vocês vão ter dois bebês. Te disse.

Ignorando o olhar de Piper, Charlotte encontrou o do seu marido.

- Não.

- Mas, Char.

- Não.

- Só uma noite, querida.

- Não.

- Vamos fazer um teste, se não der certo eu encontro um lar pra ele.

- Henry. - iria começar, mas parou assim que uma dor forte a fez se inclinar para frente.

Henry entregou o filhote para Piper e correu para ajudá-la.

- O que houve? Você está bem? É o bebê? Oh céus, você está em trabalho de parto?!

- Se acalme, Prudence. - mandou irritada pelo surto que ele estava começando a ter. - Estou monitorando desde de tarde, e. - parou, quando sentiu outra fisgada de dor. Puxando o ar com força, se voltou para os dois irmão que esperavam uma ordem. - Vamos para o hospital.

A correria começou assim que terminou de falar, Henry correu para o quarto, Piper guardou o filhote dentro da casinha em que ele viera, depois foi ajudar seu irmão. Charlotte ficou apoiada no sofá enquanto os dois corriam para todos os lados, depois de outro segundo de dor, sentiu um líquido quente descer por suas pernas, estava na hora.

Henry e Piper passaram por ela, pegaram o cachorro e correram direto para a porta da frente, seu marido carregava a bolsa da maternidade e Piper o apressava com gritos, assim que a porta fechou Charlotte contou dez segundos antes deles se lembrarem de quem deveria estar indo para hospital.

- Charlotte, caramba!

- Desculpa, baby, vamos logo.

Se deixou ser levada por eles, até porque estava tentando se manter o mais calma possível para o que enfrentaria dali a algumas horas. A ansiedade a estava consumindo, queria que a sensação de que tudo iria mudar passasse, mas sabia que era algo inevitável. Porém, encarando Henry que alternava a atenção entre ela e a direção maluca de Piper, soube que por mais que seu mundo virasse de ponta a cabeça, ela sempre o teria ao seu lado.

- Vamos ser pais.

A forma como o rosto dele se iluminou ao falar, como ele se inclinou para beija-la calmamente e apertar sua mão e não larga-la a cada contração, aqueceu seu coração de uma forma que a deu mais coragem para enfrentar o futuro.

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