16

220 31 0
                                    

Henry ria baixo dos resmungos da esposa, os dois saíam do estacionamento em direção à escola de Daisy e Oliver para uma reunião dos pais, o problema era que seus filhos estudavam em prédios separados, então teriam que andar rápido para conseguir acompanhar as duas reuniões. Charlotte já passara a manhã em meio a assembleias e conselhos estudantis, Henry não parara no lugar em busca de novos contratos para a floricultura, tanto dali quanto a de Swellview. Resultado, os dois se encontravam exaustos e prontos para irem embora. O lado bom, e igualmente triste para os dois, era que Oliver estava na metade do primeiro ano e seriam menos reuniões para irem dali para frente.

- Por que eu inventei de vim de salto hoje? Meus pés estão pra me matar.

- Falei pra você trocar pelo tênis lá no carro, mas não quis me escutar. - a encarou sorrindo vitorioso quando a viu revirar os olhos.

- Não me venha com "eu te avisei", porque essa fala é minha. - garantiu, o empurrando levemente pelo ombro e soltando uma risada suave quando ele a abraçou pela cintura. - Ah, merda. Ela tinha que vim hoje?

Seguiu o olhar desgostoso de Charlotte até encontrar Mary entrando na escola, Josh, o marido também esnobe, caminhava atrás dela de mãos dadas com uma criança de aproximadamente três anos. Henry sorriu afetuosamente ao ver a pequena pessoinha rechonchuda pular enquanto andava, mas este mesmo sorriso diminuiu quando viu Josh reclamar com ela, que parou os pulos e começou a andar normalmente.

Daisy sempre pulava quando andava, até mesmo agora com quase onze anos. Oliver praticamente corria quando era menor e Harriet vivia observando cada detalhe ao seu redor que eles acabavam tendo que segurá-la perto para que não batesse contra algo. Suspirou nostálgico quando as lembranças vieram, seus filhos estavam crescendo e ele se sentiu igual Ray, mas com uma preocupação bem menor, ao perceber que estava envelhecendo.

- Não. - virou o rosto para a esposa que o olhava firme, por mais que um sorriso divertido estampasse seu rosto. - Nós não vamos ter outro bebê, já conversamos sobre isso e pensei que havíamos chegado em um consenso.

- E chegamos. - garantiu, subindo os degraus da entrada. - Mas os bebês não vão deixar de serem mais fofos só porque não vamos mais ter um.

A Hart bufou levemente e assim que atravessaram as portas, tentou controlar o xingamento que queria escapar de seus lábios ao encontrar Mary. A mulher a olhou de cima a baixo, abrindo um sorriso desdenhoso em seguida, Henry apertou levemente sua cintura com medo de que ela fizesse algo.

- Boa tarde, Charlotte. Por acaso veio tentar tirar sua filha de outra suspensão?

- A Daisy não é suspensa a mais de três meses. - tentou defender a filha, sua voz soando dura. - Pensei já ter lhe avisado para parar de falar da minha filha.

- Não tenho culpa se ela é sempre o assunto da vez. - um sorriso condescendente se abriu no rosto perfeitamente maquiado dela.

- Se você tivesse uma vida interessante talvez não precisasse acompanhar cada passo da vida dela. - rebateu, em um falso tom doce ao passar por eles. - Detesto essa mulher.

- É recíproco pelo visto. - comentou divertido, olhando por cima do ombro para ver Josh tentando acalmar a esposa.

- Aquela filha de uma Bilsk, parece que rastreia a Daisy procurando algo que ela fez de errado. Minha filha é um anjo e ela fica procurando erro nela.

- Então, querida, anjo anjo já é meio que um exagero.

Charlotte o encarou por alguns segundos, mas por fim teve que concordar. Daisy conseguia parar na diretoria pelo menos uma vez por semana, nem Harriet ou Oliver se metiam em tanta confusão quanto a mais nova. Bom, Harriet era o exemplo de aluna e Oliver era nervoso de mais para se envolver em algo que o trouxesse problemas. Não podiam negar o quanto Daisy era criativa, só tentavam fazer com que sua criatividade estivesse focada em qualquer outra coisa além de pegadinhas ou planos por vezes desastrosos.

- Vamos, temos duas horas de palestras sobre a feira de ciências e o projeto contra doces. - Henry apoiou a mão na lombar de Charlotte e a impulsionou para andar mais rápido. - Ainda não entendo por que as crianças não podem mais trazer doces.

- Mary diz que vai causar cáries e é extremamente prejudicial à saúde. - respondeu, fazendo uma careta ao lembrar da mulher. - Ela que deveria ser proibida, cada palavra que sai dela é prejudicial à saúde.

Henry gargalhou alto, o sarcasmo de Charlotte triplicava quando Mary estava por perto, a mulher conseguia irritar a Bolton de uma maneira sobrenatural. Não duvidava nada de que o mesmo acontecia ao contrário.

- A do Oliver é pra falar sobre o que mesmo? - ela indagou, parando à entrada do auditório onde outros responsáveis já se encontravam.

- Sobre a semana dos calouros e as festas de fim de ano. - respondeu, procurando por cadeiras vazias e sorrindo ao ver Elis, mãe dos gêmeos que eram melhores amigos de Daisy, os chamar animada.

- Querem dinheiro nosso, isso sim. - reclamou, seguindo com ele até a amiga.

- Hoje você está bem mal humorada.

- Aquela mulher acaba com o meu astral, desculpe. - justificou, tentando esquecer o encontro anterior.

- Não se preocupe. Você fica muito sexy quando está zangada. - afirmou, inclinando a cabeça para beijá-la rapidamente, afastando-se e piscando um olho em um claro flerte.

Charlotte riu antes de beijá-lo novamente e seguirem até Elis.

Small detailsOnde histórias criam vida. Descubra agora