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Henry abriu a porta do quarto para encontrar Oliver sentado no chão, Danger estava com a cabeça apoiada sob as pernas cruzadas do garoto, dormindo feliz enquanto recebia um carinho do mesmo. O Hart mais velho fechou a porta atrás de si e deu alguns passos para sentar ao lado do filho. Oliver nem levantou a cabeça para olha-lo, continuou na mesma posição e o único indício de ter notado sua presença foi um baixo suspiro melancólico que saiu de seus lábios.

- Não quero falar sobre isso. - disse logo, sem dar tempo de Henry formular qualquer pergunta.

- Tudo bem. - aceitou, conhecia o filho muito bem para saber que dentro de alguns segundos ele iria colocar tudo para fora.

- Eu não queria sentir isso. - resmungou, começando a falar. - Não queria ficar com raiva por conta de um sentimento que eu nunca quis sentir. Estava muito bem vivendo a minha vida sem gostar de alguém, esse negócio de se apaixonar é exaustivo, parece que suga as minhas energias e nem me deixa dormir direito. O pior é saber que a pessoa que eu gosto não gosta de mim.

A última afirmação saiu em meio a uma voz embargada, Henry se aproximou mais e o abraçou pelos ombros, Oliver não o afastou.

- Sinto muito, leãozinho. - beijou o topo da cabeça do filho. - O primeiro amor é sempre complicado e sinto te dizer que não fica mais fácil, mas você aprende a lidar melhor com o que vem junto com ele.

- Eu queria parar de sentir. - disse, escondendo o rosto no ombro do pai. - Dói, papai.

- Eu sei que sim. - o abraçou forte. - Mas quem sabe do futuro? Talvez o Nick perceba que gosta de você em algum momento.

- Do que você está falando? - afastou-se rapidamente dele, enxugando as lágrimas com as costas da mão e o olhando confuso.

- Não é do Nick que você está falando? - perguntou, meio envergonhado. - A Daisy disse que você soube que ele gosta da Ella.

- Exatamente. Como eu posso dizer pra Ella que eu gosto dela se o Nick gosta dela também? - indagou, rindo quando notou a confusão de Henry. - Pai, de maneira direta, eu não sinto atração romântica por garotos.

- Não foi isso que-

- Não precisa ficar sem jeito, eu sei que sigo todos os estereótipos inutile. Sou do clube de teatro, faço parte da banda da escola, sou líder do escoteiros e choro com facilidade. - enumerava nos dedos com um sorriso sarcástico, porém lançou um olhar sério ao pai em seguida. - Sabia que esses estereótipos são bastante inconvenientes? A Harriet é Bi e nem por isso vive pulando de um relacionamento a outro, na verdade ela tá namorando com a Jane há quase um ano e aposto que vão morar juntas, o Ryan é filho de uma ex super vilã e nem por isso seguiu os passos da mãe, a Ella é filha de um super-herói e de uma ex vilã e não vive uma crise de identidade como todos esperam. Você não ficou neurótico após trabalhar anos combatendo o crime e a mamãe só não dominou o mundo como todos esperavam porque ela não quis.

- Entendo seu ponto. - falou apressado ao ver que Oliver estava no modo discurso. - São escolhas.

- Sim e não. Si c'était aussi simple. - rebateu enérgico. - Podemos escolher quais caminhos seguir, mas não quem amamos ou o quê nos faz bem. Você e a mamãe escolheram construir uma família longe das confusões de vilões que o tio Ray ainda vive, mas não abriram mão de ajudar sempre que podem.

- Você escolheu não falar nada para os seus melhores amigos, mas o sentimento ainda está aí dentro. - voltou ao assunto principal, cutucando o coração de Oliver, que se encolheu novamente. - Não vai passar em um piscar de olhos, filho.

- Eu queria, mas sei que não.

- Essa vai ser mesmo a sua decisão?

- Vai sim, por favor não conta nada, não importa de quem eles acham que eu gosto, só é melhor a Ella e o Nick ficarem no escuro até tudo isso. - gesticulou para si mesmo. - Passar.

Henry somente assentiu e abriu os braços para Oliver que aceitou novamente o abraço. Pela segunda vez estava ajudando um filho a lidar com o coração partido, Harriet pareceu ter lidado bem com tudo, esperava que Oliver também conseguisse.

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si c'était aussi simple = se fosse tão simples

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