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Henry massageava a cabeça com os dedos, tentava minimizar a dor que sentia. Aquela manhã de terça parecia que nunca iria acabar, entre discussões com fornecedores que não estavam cumprindo o prazo, arranjos mal feitos por seus novos aprendizes na filial, encomendas de gosto duvidoso e uma atendente que estava sendo alvo de várias reclamações, o Hart mal esperava para que o dia passasse logo e ele pudesse ir para casa descansar.

Uma batida na porta o tirou dos contratos que analisava, voltou sua parcial atenção para Bob, que era responsável pelas entregas.

- Então, chefe, parece que temos mil dólares de flores parados no caminhão.

- Como assim? - perguntou de forma arrastada, já se preparando para o próximo desastre.

- A festa de casamento não vai mais acontecer. A noiva pegou o noivo com a mãe dela ou coisa assim. - respondeu, claramente querendo segurar uma risada. - O que eu faço com as flores?

- Coloca no estoque, vou dar um jeito depois. - pediu, soltando um alto suspiro assim que ele saiu. - Não falta mais nada acontecer. - resmungou, ouvindo em seguida o toque de uma notificação em seu celular. Ao ligar a tela viu que era uma mensagem de Charlotte.

Lottie: Olha, querido, você quer uma notícia boa/ruim?

Ele definitivamente estava farto de notícias ruins.

Vamos começar pelo pior então.

Lottie: Não é tão ruim assim, vamos só dizer que talvez tenhamos que trocar uma parte do teto da sala.

Como assim, Charlotte?!

Lottie: É uma pequena história.

O Hart não acreditava que ela tinha alguma coisa de pequena. Resolveu ligar para saber mais detalhes, sendo atendido no segundo toque.

- Harriet! Já falei que você está de castigo, nada de TV. - Charlotte brigou do outro lado em um tom firme, em seguida um choro irritado foi ouvido.

- Char.

- Oi, querido.

- O que houve? - se fechasse os olhos podia ver claramente o momento em que ela franzia a boca antes de responder.

- Harriet estava brincando com um martelo que ela achou na caixa de ferramentas, então fui atrás dela para pegar de volta. Só que na hora em que eu ia alcança-la, ela meio que flutuou até o teto.

- Como assim meio? - perguntou assustado.

Escutou a respiração apressada de sua esposa.

- Ela subiu, Henry. Flutuou até o teto com o martelo levantado e foi tão rápido que acabou fazendo um pequeno buraco, mas ela se assustou e então deixou cair o martelo, ele acabou acertando a mesa de centro que quebrou. Mas o pior foi quando ela caiu de volta, ainda bem que eu consegui pegar ela porque se não, ai, eu não quero nem pensar no que teria acontecido.

Charlotte narrou tudo de forma nervosa. Por alguns segundos ele escutou somente o silêncio do outro lado.

- Charlotte? - chamou preocupado.

- Ah, oi. Desculpa, é que eu tenho uma reunião daqui a pouco, vou aproveitar que o Oliver está dormindo e a sua filha parece estar em uma greve de silêncio. - contou, quase rindo ao falar sobre Harriet. - Não sei de onde ela puxou essa teimosia, não tem nem três anos direito. Olha, baby, quando você chegar em casa conversamos melhor. Estou muito ocupada agora.

Henry olhou ao redor de sua mesa e notou que havia muito trabalho também a ser feito antes de poder ir para casa e ajudar Charlotte.

- Nos vemos mais tarde.

- Te amo. E, ah, é para pegarmos o Kid e o Danger no fim de semana.

- Ok. Também te amo. - declarou, tendo a chamada encerrada por ela.

Harriet tinha poderes, e pelo visto iria requerer muita paciência para ajudá-la a controla-lo. Agora eles tinham mais um ponto a discutir antes de dormir, trocar a filha de creche, uma que de preferência soubesse lidar com superpoderes. E ainda buscar seus cachorros na casa de um primo de Charlotte, onde eles estavam há quase cinco meses por conta da loucura que se encontrava sua casa, e que pelo visto ficaria ainda mais.

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