Ops! Esta imagem não segue nossas diretrizes de conteúdo. Para continuar a publicação, tente removê-la ou carregar outra.
O verão ainda não havia acabado em Londres, mas já era possível sentir o vento soprando mais frio a cada noite que avançava. Frio como um beijo de adeus. Foi o que ela havia lido para ele na última vez que estiveram juntos, em um sussurro inebriante. Que esfria mais a cada instante depois da despedida. E ainda não havia saído da cabeça dele, assim como ela não saía, porém ele sentia os lábios esfriarem cada vez mais depois daquele último beijo quente na quinta avenida e não pararia até que pudesse beijá-la novamente.
Na verdade Alex poderia até mesmo admitir que estaria satisfeito somente em ouvir a risada dela, mas sabia que no fim não seria o suficiente se não pudesse se aproximar, a sentir perto, a sentir o abraçando, a sentir o beijando e a observar enquanto ela fala sobre suas poesias e citações. Observando a forma que os olhos dela brilham e como os lábios se curvam quando sorri; sorrindo com as palavras complexas que saíam de dentro.
Desde que havia a conhecido, há tão pouco tempo, não podia deixar de pensar na próxima vez em que se veriam de novo. Não podia deixar de pensar nela. Talvez tivesse tentado não pensar tanto antes, mas nem insistia mais em se conter; ele gostava de pensar sobre ela.
Mas era difícil entender aquela moça de olhar distante e sorridente chamada Y/N. Ela se dizia um livro aberto, era verdade, mas com letras tão minúsculas que se tornava difícil de ler. Porém a cada parágrafo o vício de querer mais se intensificava, e Alex não podia mais parar. Estava mergulhando naquelas páginas e estava gostando da mistura de sensações.
Foi por isso que chegou tão cedo ao Royal naquela noite. Ela não disse que estaria lá, mas ele já sabia onde ela estava todos os sábados a partir das 20:00, embora a vida dela fora daquele período de tempo fosse algo quase desconhecido. Sabia que ela não era da Inglaterra e que morava sozinha num apartamento pequeno perto daquele pub bem iluminado, mas sobretudo sabia que ela gostava de beber sidra sem álcool e observar as pessoas, um livro no colo para disfarçar quando a percebiam e um sorriso nos lábios para dar de vez em quando. Sabia que ela provavelmente conhecia a maioria das pessoas dali, já que sempre trocava algumas palavras ou risos com alguém. Sabia que o livro favorito dela era Conte-me Seus Sonhos e que ela não podia parar de usar citações do Saint Exupery. Sabia que ela gostava de Foster The People e estava feliz com o trabalho que tinha - seja lá qual fosse esse trabalho.
Era um livro do qual ele não podia parar de virar as páginas, de ler, de saber mais. Era provável que já estivesse submerso.
O coração dele se acelerou quando entrou pela porta do bar e sentiu o cheiro de pinho e cigarros. Estava tocando Elvis na jukebox e Alex teve que se espremer entre o balcão e uma garçonete extremamente irritada falando no telefone. Mas ali estava ela, afinal; na mesma mesa de sempre, onde ele a viu pela primeira vez, quando pensou que estava olhando por tempo demais e depois veio descobrir que ela havia olhado antes.
