Prólogo

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A floresta está em silêncio, a lua já se encontra no céu junto das estrelas iluminando um pouco a escuridão que a noite trás consigo. Os animais descansam em suas tocas se aquecendo do frio assombroso que o inverno impetuoso daquela região causa, os únicos corajosos o suficiente para sair são as corujas que velam a escuridão da noite com os seus olhos atentos registrando tudo que ocorre entre as árvores.

O vento sopra trazendo o seu assovio gentil acariciando a audição apurada de quem ousa cruzar a floresta, não há barulho de cigarras anunciando um dia ensolarado que seria facilmente escutado se a estação da vez fosse o verão, ao invés disso o som que corta o silêncio da floresta são de passos desesperados quebrando gravetos abaixo de seus pés.

A única pessoa corajosa — ou desesperada — o suficiente para cruzar a escuridão daquele lugar tão tarde da noite é um ômega de corpo franzino e cabelos rosados, a sua respiração é audível e entrecortada indicando as complicações em adquirir oxigênio enquanto corre de maneira afobada.

Tentando manter toda a concentração possível entre correr sem cair no chão e respirar para continuar correndo o ômega sente o gosto ferroso de sangue tomar a sua garganta que arde como se tivesse bebido fogo líquido. Seu pulmão se encontra no mesmo estado deplorável que sua garganta, ardendo tanto que a impressão que o ômega tem é que ele simplesmente irá parar de funcionar a qualquer segundo o deixando morrer.

A idéia de morrer por causa de seu pulmão parece atrativa aos olhos castanho-mel do ômega, certamente será uma morte melhor do que a morte que o espera caso seja capturado por seu perseguidor.

O ômega se lembra de seu avô o dizer certa vez que quando se está perto da morte um filme se passa na sua cabeça com vários momentos importantes em sua vida, esse não seria o momento perfeito para o filme passar? Afinal nunca esteve tão perto da morte como agora, se bem que não há muitas coisas para passar em sua própria retrospectiva de vida, nunca sequer saiu dos arredores da casa onde cresceu.

É arrancado de seus pensamentos sobre como não viveu quase nada quando esquece de se concentrar somente em respirar e correr, o que resulta em uma queda dolorosa onde seu corpo atinge o chão com força e seu estômago é esmagado contra seu corpo por uma pedra que já estava no chão. Ele deixa um gemido alto de dor escapar de seus lábios grossos e avermelhados que são mordidos para impedir que mais algum gemido escape sem sua permissão e atraía a atenção de seu perseguidor que não deve estar muito longe.

Levantando com dificuldade e com uma mão sobre o estômago que agora está queimando junto do pulmão e da garganta o ômega caminha aos tropeços em uma velocidade lenta demais para a situação em que se encontra. Ao levantar a vista ele se depara com uma enorme poça de lama e uma idéia brilhante surge em sua mente, afinal o seu avô havia lhe ensinado isso.

"quando você quiser despistar alguém você deve se livrar do seu cheiro, afinal ele é como um rastreador, e a maneira mais fácil e rápida de conseguir isso é se cobrir de lama, porque além de esconder o seu cheiro dependendo do território onde você estiver a lama se torna uma camuflagem"

O ômega se lembra perfeitamente das palavras que seu avô dizia para si várias vezes em mais uma de suas aulas de sobrevivência que o ômega nunca viu sentido, mas agora consegue perceber a utilidade das lições que aprendeu, só gostaria de poder agradecer ao seu avô por tudo.

Sem pensar suas vezes ele se joga na poça de lama e começa a rolar para que fique com o corpo completamente coberto, inclusive os seus cabelos rosas desnecessariamente chamativos. Após estar devidamente camuflado o ômega volta para sua corrida ainda fazendo careta pela dor em seu estômago.

Mas a maldita sorte não se mostra favorável para si quando ele olha para trás por alguns segundos somente para conferir se continuam atrás de si, nesse um segundo de distração seu corpo se chocar com toda a força contra um tronco de árvore e ele cai para trás choramingando alto de dor e sentindo algumas lágrimas surgirem em seus olhos enquanto vê o topo das árvores acima de si.

Com a visão embaçada pelo impacto e o corpo dolorido o ômega não desiste e começa a se arrastar pelo chão repleto de pedras e galhos que só contribuem para que se machuque ainda mais.

A noite parece ficar ainda mais escura ou talvez seja a sua visão que está escurecendo o ômega não sabe ao certo, um zumbido incomodo surge em seus ouvidos deixando o som abafado. Ao longe ele consegue escutar passos cautelosos se aproximando, certamente esse é o seu fim, algumas vozes surgem e parecem conversar entre si mas a inconsciência o toma antes que possa descobrir.

A última coisa que conseguiu sentir antes de desmaiar foi um aroma de menta com um toque amadeirado.

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Só queria dizer que eu não pretendia postar nenhuma fanfic além de "A Matilha" por enquanto, mas ontem de madrugada eu tive um surto criativo e simplesmente comecei a escrever essa.

Surto criativo é como eu chamo quando eu simplesmente crio uma história nova do nada, eu tenho vários escritos no meu writer que eu pretendo publicar futuramente mas esse ficou tão bom que decidi postar agora.

Espero que gostem.

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Perfeito Para Mim • jjk-pjmOnde histórias criam vida. Descubra agora