Capítulo 8

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Capítulo 8

Ao ver a figura majestosa e gloriosa de Annatar passar pelo portão de Eregion, Celebrimbor sentiu o coração falhar. Até então ele pensava que tal amor já havia arrefecido; porém, naquele mesmo momento constatou que não; e ao ver os cabelos louros do Maia a esvoaçar enquanto ele andava até si - os mesmos cabelos que ele tantas e tantas vezes acariciara, maravilhado com a substância deles, sendo ele Ainu - percebera que aquele sentimento apenas arrefecera dentro de si, e não morrera, tão-somente para despertar com toda a força logo se viu ele na frente de Annatar.

Assim que se aproximou do Elda, Aulendil beijou a sua mão respeitosamente, como que a se colocar hierarquicamente abaixo dele. Finalmente o Noldo conseguiu proferir algumas palavras:

- Annatar... pensei que não voltava mais.

- E por que pensou isso? Já não me ausentei outras vezes e em todas não voltei?

- Nós discutimos da última vez.

- Uma discussão só não é suficiente para extinguir um vínculo como o nosso, minha prenda.

O coração de Celebrimbor bateu forte. O Ainu percebeu e ia beijá-lo, quando o Elda se esquivou e o evitou.

- Disse que não me amava. Que nunca havia me amado! Que seu amor foi aquele Ainu e ainda é. E agora vem dizer que nosso vínculo é forte? Como me vê afinal de contas? E por que saiu sem querer responder ou resolver estas questões? Creio que temos muito o que falar.

- É verdade. Vamos falar em privado, alguém pode nos escutar.

O Senhor de Eregion o fez, levando o outro a uma das salas, na qual poderiam conversar mais sossegados. Assim que fechou as portas, Annatar principiou a falar:

- Celebrimbor, eu lhe devo um pedido de desculpas. Não se fala daquela forma com alguém que me acolheu com tanta gentileza. É verdade, você é essencial para meus trabalhos. Sei que não devia ter me ausentado por tanto tempo sem sequer enviar uma mensagem, mas-

O Noldo o interrompeu, deixando seu orgulho falar mais alto:

- Se ausentou por cinco anos! Isso é muito tempo! Sem nem sequer dar uma explicação! Eu já havia me resignado com o fato de que não voltava mais.

- Perdoe-me novamente. Estava eu a cuidar de nossos negócios também.

- E não me diz nada. Fiquei aqui sem saber o que fazer!

- Agora já está muito próximo do clímax. Enfim conseguiremos colocar em prática todos os nossos planos. Foi pra isso que trabalhei consigo todo aquele tempo!

- Vai me contar... o que dizia precisar contar? Ou continuará mantendo segredo?

O Ainu foi até os cabelos negros de Celebrimbor e tomou uma mecha no meio de seus dedos. Brincou um tempo com ela e em seguida proferiu:

- Eu vou contar tudo. Não agora, mas muito em breve. Agora está mais próximo do que nunca. Mas terá de confiar em mim.

- Confiar... confiar! Só fala disso, de confiar! Mas como fazê-lo, se some por cinco anos sem dar notícia?

- Não vou mais sumir. Depois que estiver tudo pronto, eu e você vamos ser, juntos, os senhores de toda essa nova ordem que pretendo estabelecer.

- Mas... e o amor? Disse que não me amava. Mas eu preciso... eu preciso do seu amor, Annatar!

- Nesses cinco anos, pensei muito nisso. Pensei no nosso relacionamento e cheguei à conclusão de que você merece, sim, ser amado por mim. Você é diferente, superior. Não merece ser "somente um amante". Nunca! Celebrimbor, eu me decidi: eu vou amar voce.

Amor de PerdiçãoOnde histórias criam vida. Descubra agora