Epílogo

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AVISO: CONTÉM CENAS DE VIOLÊNCIA E MORTE. LEITURA NÃO RECOMENDADA A MENORES DE IDADE OU PESSOAS SENSÍVEIS AO TEMA.

Epílogo

Após a investida de Sauron contra Eregion, bem como a tentativa de barganha com Galadriel, todos os Senhores Élficos sabiam que ele voltaria. Se Celebrimbor se mantivesse firme e não dissesse o que o Senhor do Escuro queria, certamente estaria perdido. Infelizmente já não tinham mais esperanças de recuperá-lo vivo. Todavia a região de Eregion poderia e deveria enfrentar a uma luta ferrenha e armada muito em breve.

Prepararam as suas tropas, uniram forças e e foram todos a proteger Eregion. Demoraram dois meses para haver sinal de revanche, porém logo ele veio.

Por muitos dias, juntaram mantimentos e os enviaram às mulheres e crianças, os quais ficariam abrigados em esconderijos em Eregion. A luta era tão séria, que foram a ela pessoalmente Gil-galad, Elrond e um representante de Lórien dentre os Eldar nobres que lá habitavam, a saber, Amroth, o príncipe que somente vinha abaixo do Senhor Celeborn e da Senhora Galadriel. Os Senhores de Lórien não vieram somente porque a Senhora fora tomada de tal terror após o ataque mental de Sauron, que ainda se encontrava em recuperação, embora já bem melhor. Celeborn estava a gerir o reino em sua ausência, por isso também não fora e enviara o representante.

Os corações de todos estavam gelados. Não sabiam porque, mas previam que Eregion nunca mais seria reerguida após aquilo. E o contra-ataque de fato sequer ainda começara.

Quando começou, foi de uma forma que ninguém esperava.

A tropa que Saurou trouxera da outra vez havia sido somente uma guarda pessoal, uma vez que não esperava matar ninguém. Se o Elda se unisse a ele e aceitasse os seus termos, ele tomaria Eregion sob seu poder porém não mataria. Dirigiria o local indiretamente através de Celebrimbor, o qual se tornaria um dos seus representantes. Era o que almejava desde o começo.

Todavia, com a negativa e morte daquele, o Maia preparara um exército de verdade, pronto para matar. E de fato as perdas de início foram tantas, que muitos dos menos valorosos saíram correndo diante do sangue que tingia o gramado. Eram tantos os pés a pisotear a lama barrenta do sangue dos tombados, o qual se misturava com a grama e o solo, que muitos tropeçavam e tombavam diante da massa cada vez maior de inimigos que se formava e era esmagada pelas patas dos cavalos os quais eram montados pelos guerreiros.

Um pavor ainda maior tomou o coração de todos, os quais não conseguiam quase respirar de tão opresso que o ar se tornara.

Então o pior veio.

Mais uma vez, o Senhor do Escuro viera pessoalmente para a batalha. Estava, novamente, sem armas visiveis, apenas com suas vestimentas negras e douradas, os olhos dessa vez pintados de negro e vermelho. A carga de terror que trazia em seu semblante, todavia, era muito mais pesada do que quando vinha como Annatar. Ou mesmo quando viera como Sauron da primeira vez.

Belo e terrível, exalando pujante desejo de vingança de seus Olhos, os quais eram de fato suas principais armas, vinha o Maia em seu cavalo negro, pisoteando os mortos em campo de batalha como se fossem seu escabelo ou um tapete pelo qual ele passava com sua Cruel Majestade.

Alguns Eldar ali presentes nunca o haviam visto pessoalmente, e também o imaginavam com forma de troll ou monstro. Quando viram aquele senhor alto, louro, os cabelos dourados o coroando e descendo por suas costas como se fossem um estandarte de sua terrível e obscura glória e poderio, mal acreditavam, assim como Celebrimbor antes não pôde acreditar, que o Mal podia ser tão maravilhoso, e ao mesmo tempo que a beleza podia vir acompanhada de tanta agonia e dor.

Sim, pois logo atrás de si vinha um bando enorme de orcs, como se uma comporta do próprio inferno houvesse sido aberta e um montão deles houvesse saído aos borbotões, a guinchar, a berrar, a matar.

Mas a pior e mais horrífica parte do tétrico espetáculo preparado por Sauron ainda não havia sido revelada. E logo o foi.

Atrás de si, sendo carregado por vários orcs, os quais se regozijavam com o cheiro e a atmosfera da morte, estava o corpo de Celebrimbor.

Exibido tanto como um troféu de guerra quanto um exemplo do que acontecia com o que os ousavam trair o Senhor de Mordor, o corpo do Senhor de Eregion vinha cravado de flechas de orc, nu, dependurado num madeiro como se fosse um estandarte de guerra.

Isso era o que o Senhor do Escuro fazia com os inimigos que de alguma forma ele admirava. Ninguém quis imaginar o que ele faria com os que desprezava completamente.

Foi a visão do antigo artífice Noldorin - o último da linhagem de Feanor, a cumprir com aquela ignominiosa exposição de seu cadáver a última parte da Maldição de Mandos aos descendentes de Feanor, a qual o atingira tantos e tantos anos após ter sido proferida - foi aquela terrível visão, mas do que o número de orcs, mais do que o horrendo poder do Olho de Sauron, que fez os soldados élficos fraquejarem e perderem Eregion por completo para as mãos do Senhor do Escuro.

FIM

Amor de PerdiçãoOnde histórias criam vida. Descubra agora