Capítulo 4
Tomando assim da mão do amante, Annatar o levou até o riacho próximo e então ambos se banharam. Ora, o Maia sabia que os Eldar eram mais difíceis de corromper que os Edain. Porem, os últimos não tinham o mesmo poder e o mesmo alcance dos primeiros. Portanto, para tornar útil a um grupo de Eldar - e ainda mais um grupo tão bem conceituado de artífices noldorin - o Ainu precisaria acessar a um campo muito mais profundo que somente o da amizade.
Ele sabia muito bem o quão vulnerável uma pessoa fica quando apaixonada. A vulnerabilidade é tanta, que o objeto da paixão pode até mesmo destruir o enamorado caso assim queira. Quantas vezes não vira apaixonados até mesmo desistirem da vida por causa de histórias de amor mal resolvidas? Não fora ele mesmo, em seu passado, obrigado a desistir de muita coisa por causa da paixão - embora tivesse ganhado muitas outras?
Pois ele sabia que o amor era ainda mais avassalador quando se tratava de Eldar. No povo élfico, tanto nos de nobre linhagem quanto naqueles que viviam simploriamente nas florestas, a promiscuidade não era costume. O sexo a eles estava profundamente ligado ao amor e ao companheirismo. Tanto era daquela maneira, que poucos dentre os Eldar vinham a se separar após unidos - e os adultérios eram ainda mais raros. Os Eldar eram como os lobos - tinham como costume ter a um único parceiro ou parceira por toda a vida, e usualmente mesmo caso enviuvassem não se envolviam novamente com outra pessoa.
Sabia também que entrega sexual, vinda de um Elda, significava amor e paixão duradouros. E esse nível de amor e paixão demonstrava uma enorme vulnerabilidade. Era esse grau de entrega que ele queria atingir, por isso fizera Celebrimbor se apaixonar por si. E quando enfim o chamou para terem relação sexual, soube que ao se entregar completamente, o Noldo já estava muito enamorado. E isso significava estar ele maleável a seguir em frente com seus planos, do jeito que ele queria.
Aquele momento, portanto, era crucial. Provavelmente após o enlace Celebrimbor estaria esperando juras de amor eterno, abraços, beijos ao luar. E era aquilo que Annatar faria - justamente para sedimentar a semente que cultivara em Eregion nos últimos anos.
Não se enganou. Durante e após o banho, o Elda não queria desgrudar de si. Acariciava a seu fána com amor e dedicação. Dizia a ele que queria ficar consigo. Que seriam os senhores artífices de Eregion, um exemplo para todos os reinos em volta.
O Ainu sorria a ele.
- Então a minha prenda está feliz?
- Mas é claro!
- O nosso enlace... foi bom pra você?
- Bom? Foi maravihoso! Annatar, foi tão incrível que estou flutuando até agora!
O Maia sorriu a ele, acariciando seus cabelos escuros.
- Eu quero te fazer ainda mais feliz, minha prenda. Mas para isso, preciso que confie em mim.
- E eu confio! Annatar, no começo resisti a confiar, mas agora sinto que é um sonho muito bom tê-lo aqui! Apenas.. tenho medo de acordar e perceber que não foi de verdade!
- Pois foi. Foi e será! Veja, pegue em meu corpo. Ele é de verdade!
E ainda a sorrir, maravilhado, o Elda tocou nos cabelos, no rosto, nos ombros do outro. Sabendo que ele precisava se sentir amado, Annatar o beijou nos lábios outra vez, e o abraçou contra si. Celebrimbor tomou a mão do outro entre a sua, entrelaçando os dedos. O Maia tomou a palavra outra vez:
- Eu quero fazê-lo muito feliz. Veja, vou lhe contar qual será o próximo passo do que pretendo fazer.
O Noldo então bebeu as palavras do Maia cos os olhos e os ouvidos, enlevado com tudo que ele falava. E Annatar falava de novos objetos a serem encantados e feitos nas forjas de Eregion, "as maiores e jamais superadas forjas de toda a Terra-média": os Anéis de Poder.
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Amor de Perdição
TerrorFanfic na qual Celebrimbor e Annatar são amantes, porém tal "amor" é extremamente destrutivo. Mais uma história de relação abusiva.