Capítulo 10

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Capítulo 10

Os porteiros não ousaram replicar o que o Senhor do Escuro dissera. Ele, como um bom manipulador, tentava distorcer as coisas a seu favor, como se o ofendido fosse ele ao ser recebido com armas em Eregion.

Sauron se aproximou do portão. Os guardas estavam prontos para atirar em si, porém ele tomou a palavra mais uma vez.

- Não vão me deixar entrar? Até quinze dias atrás eu tinha entrada livre por estes portões.

Um dos arqueiros atirou. O Maia repeliu a flecha com seu poder, mas tal ato alvoroçou os seus próprios soldados. Eles já sacavam de suas espadas e iam partir para o contra-ataque, porém mais uma vez o Ainu fez um movimento de mão que significava suspender qualquer tipo de ação.

Ele foi até o portão. Seus olhos dourados olharam fundo nos dos porteiros e ele proferiu um encanto. A luta não seria física, porém mental.

- Soltem as armas.

Para a surpresa de todos, eles soltaram. Sauron então proferiu uma ordem à sua guarda:

- Imobilizem-nos. Quero eles vivos. Não os firam - ao menos não em demasia. Façam o mesmo com os soldados quando entrarmos em Eregion.

Todos se surpreenderam, porém em breve Eregion parecia um enxame de abelhas, com todos os soldados élficos atacando ao mesmo tempo. Nenhum deles, no entanto, conseguiu atingir ao Senhor do Escuro ou um dos seus. Muitos fugiam assombrados, não sabendo que ele poderia ter tanto poder assim.

O poder, todavia, não era somente do Maia. Era dele também, mas principalmente aquela vitória tão completa se dava porque os habitantes do local, acima de tudo os artífices élficos, haviam lhe dado poder e brechas por muitos anos. Principalmente Celebrimbor.

O Senhor de Eregion olhava, abismado, o avanço das tropas de Sauron. Elas, enquanto avançavam, faziam prisioneiros em todo canto, porém não matavam ninguém. O Ainu andava calmamente pelo meio da balbúrdia, sem se deixar abater. Como se nenhum obstáculo o pudesse deter.

Ia ele em direção das escadarias de Ost in Edhil, no topo das quais se encontrava Celebrimbor. O Noldo observava a seu antigo amante, o qual chamara de Annatar. Era ele e não era ele. Seus lindos olhos dourados, seu cabelo louro e liso, seu belo rosto feérico mais belo que o de qualquer Elda nascido. E aquele uniforme negro e dourado, aquele Olho em seu peito, aquela chispa de indignação em seus olhos. Era ele e não era ele.

Mais de uma vez, o Elda esfregou os olhos, não acreditando no que via. Mas era verdade. Para sua infelicidade, era verdade.

Empunhou sua espada com firmeza. Atingiria a Annatar - a Sauron enfim - e depois morreria. Defenderia seu povo com sua vida!

Quando o Senhor do Escuro chegou perto dele afinal, o Elda apontou a espada em direção a si.

- Saia já daqui. Vá embora! Posso não me bater consigo em poder, porém não oferecerei pouca resistência!

O Ainu o olhou como se estivesse surpreendido.

- Minha prenda, o que é isso? Até parece que não me conhece! Sou eu, o seu Annatar. Eu disse que demoraria apenas alguns dias e logo estaria de volta, e aqui estou. Eu concluí a última parte dos nossos negócios. Veja, o Anel que fiz pra mim não é formidável?

Fez menção de mostrar ao artífice a jóia em sua mão, mas Celebrimbor a repeliu, empurrando seu braço com violência e vigor.

- Não brinque comigo! Você é Sauron! Aí estão suas insígnias! Ou pensa que sou cego?

- Ah, meu bem... Essa parte eu ia te contar depois. Lembra? Os últimos detalhes? Eu ia contar. Mas cometi um pequeno erro na forjadura do Um Anel e você leu meus pensamentos. Você descobriu cedo demais e entrou em choque. Por isso essa tropa toda a me esperar?

Amor de PerdiçãoOnde histórias criam vida. Descubra agora