Can you feel my heart?

capítulo nove

Leia os instruiu a sair antes que o sol nascesse, assim teria quase nenhuma pessoa circulando pelos corredores da base, seria melhor para todos que a identidade de Ben permanecesse desconhecida.

Rey terminou de calçar suas botas, pegou a mochila que havia arrumado mais cedo e saiu porta afora.

Os corredores estavam particularmente frios na madrugada, sendo uma pessoa que viveu toda sua vida em um deserto, ela era bem sensível ao frio. Não que tivesse outra escolha a não ser o sol escaldante de Jakku, é claro. Rey foi direto ao hangar, confiando que Ben já teria deixado seu quarto.

Ela não encontrou uma única pessoa até chegar as portas enormes do hangar, Rey digitou o código no painel de controle, que se abriu revelando Ben e Chewie parados no meio da sala.

Ben tinha a cabeça abaixada, os olhos cravados no chão e o corpo tenso como uma corda esticada. O Wookiee se elevando sobre ele, fazendo o homem que Rey sempre viu se amontoar sobre ela comicamente pequeno

Os dois pares de olhos se viraram para ela com o som da porta se abrindo, fazendo-a se mexer desconfortável

- Desculpe, não queria interromper...-

- Não interrompeu nada - Ben disse em um rosnado baixo

Ele deu as costas a Chewie e a Rey se afastando até o painel de controle do hangar para abrir a porta principal. Ela optou por deixá-lo lidar sozinho com sua raiva e se aproximou do Wookiee, as órbitas marrons de seu amigo estavam presas nas costas de Ben.

Rey pousou uma mão em seu braço peludo e sua atenção voltou-se a ela, que sorriu tentando amenizar a tensão no ar

- Você está bem?

Chewie grunhiu uma concordância

- Você não precisa se preocupar, ele não vai fazer nada..- outro grunhido - eu sei, mas agora é diferente Chewie. Qualquer coisa eu posso cuidar de mim mesma, okay?

Ele chiou uma risada triste, seus olhos viajando até Ben novamente, que agora fingia estar mexendo no painel encostado ao dispositivo e evitando olhar de volta para eles.

Rey abraçou o Wookiee enterrando o rosto em seu pelo o garantindo que tudo iria ficar bem. Seu amigo precisava que isso seja verdade, ele disse baixo a ela, que não podia perder mais ninguém não depois tudo, e cuide do garoto de Han

- Eu sei - ela soltou-se de seu abraço, sentindo aquela picada familiar das lágrimas chegando - nós vamos ficar bem, eu prometo.

Rey caminhou até a Falcon, abrindo sua escotilha que soltou o familiar chiado hidracrílico. Ela se virou para acenar para Chewie, porém o mesmo já estava desaparecendo no corredor, com ombros caído e tristes. Seus olhos foram naturalmente atraídos para Ben

Ele ainda estava paralisado ainda ao lado do painel, mesmo que a porta do hangar estivesse completamente aberta pelos últimos cinco minutos.

- Vamos? - ele não desviou os olhos de um ponto cego no cargueiro, eles estavam tão escuros que por um momento a lembrou da primeira vez que se viram- Ben...?

Sua voz foi menos que um sussurro, embora pareça ter soado muito alta no silêncio mortal do hangar. Ben finalmente encontrou seu olhar preocupado.

Rey não precisava abrir o vínculo para sentir as ondas altas de angústia, estava escrito por todo seu rosto, dor e remorso que puxavam Ben em muitas direções diferentes. Fazendo-o querer quebrar tudo naquela sala, e gritar até que seu pulmões explodissem

Qualquer coisa menos essa dor, não por favor...não essa dor de novo.

Rey abriu o vínculo, e foi como levar um tapa forte no rosto ou tentar se orientar em um mar revolto no meio da noite.