• Utopia || As Diversas Formas De Amar •

3 - Deep Conversation

Bom, depois de todo esse drama da bebida eu não lembro mais de nada do que eu fiz até às três horas da manhã. Pra não dizer que eu não me lembro de nada, eu consigo me recordar de pequenas cenas sem sentido, em todas elas tinham muita bebida, tanto da minha parte, como da parte do Max, nós bebemos muito e beijamos algumas pessoas, só de brincadeira, não me lembro o rosto de nenhuma pessoa!

Por que nós bebemos tanto? Não sei, provavelmente pra esquecer em quem eu derramei bebida, mas pode ser pelo simples fato do Max ser a companhia mais divertida de todos os tempos!

{Domingo}
• Malibu Beach | 3:00 |

Eram três horas da manhã e todas as pessoas da festa haviam ido embora, menos os anfitriões (Jah e Isha) e nós dois. Eu e Max decidimos que iamos ver o amanhecer, já que não estávamos conseguindo dormir, então fomos para a areia da praia, com uma toalha que estava em uma das mesas, uma garrafa de dois litros de água e dois pratinhos com as sobras da festa.

- Eu sinto falta desses momentos, Em. - Disse o Max, deitado na toalha, enquanto eu apoiava minha cabeça em seu braço. Calma, somos apenas melhores amigos.

- Sinto falta também. Queria que a Dessa estivesse aqui.

- Eu também queria que a Dessa estivesse aqui, aí meus dois braços estariam ocupados! - Max falou, rindo. Éramos inseparáveis, Eu, Ele e Dessa. Sempre e para sempre.

- Vocês são as únicas pessoas que eu tenho certeza que nunca vão me magoar. - Eu falei, enquanto olhava para o céu que estava totalmente escuro.

- Você precisa deixar outras pessoas entrarem na sua vida também, Em. - Ele disse, também olhando para o céu.

- Mas eu tenho você, a Dessa, e os outros. - Com "os outros" eu me referia a nossos amigos/colegas.

- Não é esse tipo de pessoa que eu estou falando! - Ele exclamou, risonho.

- Ah, qual é o tipo então? Eu já tenho mãe e pai.

- Não se faça de songa! Estou falando de um amor.

- Pra quê? Pro meu coração ser partido e eu ficar dormindo no sofá da sala, vendo filmes de amor e chorando?

- Como se alguém fosse fazer isso com seu coração. Você é mais fria que o Alasca, Emma!

Eu dei um pequeno sorriso e logo me aconcheguei nos braços do meu melhor amigo. Ficamos um longo tempo vendo o céu e comemos um pouco das sobras que levamos.

- Em, você me dá tanto orgulho. Queria ser como você!

- Como assim ser como eu, Max?

- Você é a pessoa mais determinada e confiante que eu conheço. Por mais que as pessoas te critiquem, te ofendam ou te desprezem, você nunca se importa!

- A única opinião que eu me importo é a de vocês, a da mãe e a do pai. As pessoas sempre vão te criticar Max, mas os de verdade vão te ajudar a crescer. Vocês me ajudam a crescer.

- Nha, quero continuar desse tamanho. - Respondeu ele, brincalhão.

- Idiota! - Exclamei, rindo.

Esperamos o amanhecer enquanto conversávamos sobre besteiras, mas quando o sol apareceu, o assunto mais radiante de todos também surgiu:

- Imagina só Max, lojas espalhadas por todo o planeta! Produtos novos são esgotados em cerca de minutos! Desfiles, revistas, entraremos para a história da moda.

- Viu só? Você é muito sonhadora! "Heaven" para todos os estilos, uma única solução!

- Cada loja de Los Angeles vai ter uma temática diferente, elas vão se espalhar pelo mundo! Vai agradar muitos estilos, vai unir as pessoas!

- Todas as pessoas, de todas as classes sociais, vão se juntar pra usar as suas roupas!

- As nossas roupas! A Heaven não seria a mesma sem vocês. Eu não seria a mesma sem vocês!

Ambos sorrimos e logo deram seis e meia da manhã, eu e Max levamos a água e as sobras para dentro, assim como a toalha de mesa. Logo, nos unimos ao Jah e a Isha para tomar café e com certa velocidade, eles nos levaram para casa novamente.

Hoje era o dia antes do casting da Andressa, ou seja, ela passaria o dia inteiro aflita, nervosa e levemente estressada. Se tem uma coisa que falta nela é autoconfiança.

• Apartamento | 7:00 |

Ao voltarmos pra casa, sabíamos que encontraríamos a nossa amiga preocupada, correndo pelo apartamento inteiro e cheia de roupas bagunçadas em seu quarto. Mas quando abrimos a porta, a situação a nossa frente era muito pior.

Andressa estava sentada no chão da sala, a casa não estava tão bagunçada, mas haviam peças de roupa espalhadas por todo lugar. A respiração da garota era pesada, como se seus pulmões fizessem o maior esforço do mundo para continuarem exercendo sua função, seus olhos eram desesperados e cheios de lágrimas, estavam em busca de algo que não conseguiam achar. Minha amiga suava frio, as gotas de suor eram visíveis em seu rosto, mas podiam ser confundidas com suas lágrimas.

As mãos de Andressa apertavam seus próprios braços com força, mas não com força suficiente para os lesionar, suas pernas eram ligeiramente trêmulas e seu corpo se esforçava para se manter ereto, por mais que ela estivesse sentada.

Ao ver aquela situação, Max correu até ela e a abraçou o mais forte que conseguiu, eu, por outro lado, adentrei o apartamento rapidamente, tranquei a porta do mesmo e corri até a cozinha, peguei um recipiente e o enchi de água fria, minhas mãos buscaram o pano mais próximo e corri até a sala.

- Andressa. Olha pra mim, você precisa respirar. - Disse Max, calmo, se ele entrasse em desespero só ia piorar a situação, mas acreditem, eu conheço meu amigo, por dentro ele está em crise.

Levei a água fria e o pano até a Andressa, molhei o tecido na água gelada e o coloquei em sua testa calmamente, fiquei repetindo o processo várias e várias vezes.

- Estamos aqui por você, meu amor. Você viu o jornal dessa manhã? - Eu perguntei, pois os médicos nós haviam dito que precisávamos distrair ela dos sintomas, para que os seus músculos relaxassem.

- Por que não tenta respirar com calma, vamos lá, me acompanha. - Max disse, após uns instantes.

Eu continuava aplicando a o pano molhado e geladinho em todo o seu corpo até mesmo por cima das roupas que ela usava, enquanto Max fazia exercícios de respiração com ela. Tudo isso que estamos fazendo nos foi ensinados, desde que descobrimos do transtorno.