Cap. XV: REVELAÇÕES: CLAVIUM TEMPUS

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O aquecedor da casa já não estava lá estas coisas; e o dia estava realmente muito frio, razão pela qual resolvi colocar o casaco grande e vermelho que ganhara da minha avó, no Natal. Era também uma forma de diminuir minhas saudades dela, afinal as minhas férias escolares já estavam acabando e ela ainda não havia voltado da tal viagem de negócios que fizera no dia seguinte ao Natal daquele ano.

Me lembrando de ter passado o réveillon na casa de Robert Bullen; com ele e os empregados da casa já que além dos pais excepcionalmente estarem fora e a trabalho, os tios e a irmã dele também resolveram viajar no Ano Novo.

Eu já descia as escadas quando meu amigo vampiro gritou lá de baixo:
- Rose; vem! - Robert disse dando aquele sorriso que mexia comigo. - Já te disse que não mordo.
- Sim, Robert! Eu só preciso... Pegar uma coisa, e já volto! - falei ao me lembrar de algo e subir de novo a escada para o andar superior da casa.
- Vai lá, de boa! - Ele disse parecendo estar contente por estar ali, a sós comigo, ou seria o contrário?
- Foco Rosanne! - Disse ao meu reflexo no espelho, enquanto abria a gaveta da cômoda e pegava a correntinha, com aquele artefato achado no laboratório do professor Newton.
- Isto aqui não é nenhuma saga adolescente cheia de triângulos amorosos com finais felizes previsíveis! - Murmurei colocando aquele colar no meu pescoço e escondendo sob a camiseta enquanto saia do quarto.
- Rose, tá tudo bem? - Robert gritou ao pé da escada, quando eu respondi respirando devagar enquanto voltava à sala:
- Sim amigo, está,! - Eu disse descendo os degraus. - Eu só precisava pegar uma coisinha.
- Tá legal. - Ele disse enquanto tomávamos um chocolate quente na sala onde ligávamos aquele notebook que pegamos do apartamento do professor Newton. - Onde a gente estava, sobre mim?
- Ah, é mesmo! - Eu disse tentando me concentrar no assunto já que ele me deixava assim, e embora isso incomodasse, estava ficando estranhamente agradável. Embora agora uma parte de mim quisesse fugir para o mais longe que pudesse dele, outra me prendia àquele sorriso encantador e abraços envolventes quando eu tinha crises de choro por causa da minha avó.
- Você estava me contando sobre o fato de ser um... - Eu ainda falava quando fui interrompida:
- Na verdade, Rose... Você é... A primeira pessoa para quem praticamente "fui obrigado a contar", por assim dizer... Quem eu sou!

Fiquei sem resposta naquele momento, mas tive que concordar. Robert e Kirsten não eram absurdamente pálidos, e comiam normalmente como todo mundo. Inclusive adoravam ir à praia como qualquer pessoa normal, ao contrário de todos os familiares deles!
O fato de eles não beberem sangue humano definitivamente jamais os entregaria, mas... O fato é que Robert havia se exposto, para me salvar de algo que possivelmente era muito pior que um vampiro, e também assustou muita gente na cidade ao perseguí-lo e quase alcançá-lo, e eu... Pecisava saber o que era!
À nossa frente, o televisor agora exibia um vídeo gravado por uma câmera no laboratório do professor Newton.
O vídeo em baixa resolução tinha algumas imagens deformadas, mas por alguma razão me fez lembrar de uma gravação de resolução semelhante a que vi num notebook, ainda ligado quando chegamos ao apartamento do professor.

- Lembra que esse notebook que estava sobre uma daquelas mesas na sala do professor? - Robert disse falando justamente do mesmo dispositivo.
- Robert... - eu agora sentia o peso da moral e da boa educação dada pela minha avó.
- Não acredito que estamos fazendo isso! - eu murmurava diante das numerosas invasões a propriedade alheia, destruição de patrimônio particular e público entre outras coisas, além da minha mente estar confusa com tanta informação.

Enfim, eu estava sentada na sala da minha casa, investigando um verdadeiro conto de fadas totalmente sci-fi na companhia de um vampiro.
- Surreal! - Robert disse parando o vídeo que agora mostrava o professor Newton se aproximando duma parede de seu laboratório enquanto dizia:

[ UDG ] A GAROTA DA CAPA. O CONTO REPAGINADO IIOnde histórias criam vida. Descubra agora