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Quando eu imaginava beijar seus lábios era sempre um momento muito bonito e repleto de emoção, onde eu declarava meu amor por ela e então era correspondido. Imaginava eu me aproximando vagarosamente do rosto, acariciando com as pontas dos dedos e então ela deitaria a cabeça em minha mão, tocari seus lábios levemente com os meus em uma provocação delirante, por fim tomaria o tão esperado beijo. Poria nossos corpos o mais juntos que pudessem e resto do mundo iria sumir e eu à teria em meus braços com a paixão e desejo que sinto por ela e por fim, entre os beijos ouviria dizer em um sussurro, eu te amo.

Mas aqui estou eu tendo um surto de coragem - ou de loucura - eu não sei dizer. Com uma mão em cada lado de sua face, os olhos fechados com força como se tivessem medo de serem abertos, eu sentia o sabor salgado das lágrimas mas não me importava. O calor  em meus lábios era tão gostoso, a macies era indescritível e apesar do momento infeliz eu nunca poderia imaginar algo melhor. Nenhum sonho ou devaneio teriam comparação com o real. Foram literalmente algum segundos que pra mim se tornaram horas e mesmo nesse curto momento eu consegui guardar cada sensação antes dela me empurra pra longe.

- Nick? O que foi isso?- os olhos ainda vermelhos demonstravam espanto.

- Me desculpa.- Tento me aproximar, mas ela se afasta.

- Por que me beijou?- silêncio.- Nicolas, por que me beijou?- ela aumenta seu tom de voz.

- F... Fo... Foi um... Impulso.- casei cada palavra como se fosse algo difícil de se dizer.

- Está mentindo! Pelo amor de Deus, por que você tá mentindo?- ela se alterava mais ao perceber que eu estava tentando disfarçar as coisas e eu me irritava mais a cada vez que ela insistia.- Que merda foi essa? Por que fez isso? Me diz.

- Por que eu não aguentei te ver assim, não pude suportar ver a mulher que eu amo sofrendo por algo que não deveria.- disse rápido em um só fôlego, com as minha lágrimas já rolando.- Não consegui ficar só escutando você se por pra baixo, dando razão a um filho da... Um cretino, um agressor. Tudo tá errado.- limpo o rosto com dorso da mão e me viro indo em direção a cama.

- Nicolas você sempre foi meu melhor amigo.- essas palavras me trouxeram a esperança de que ela tivesse me compreendido, mas ao por meus olhos sobre ela novamente; os braços cruzados, os pés batendo freneticamente no chão e a cara fechada indicava uma fúria que presenciei poucas vezes.- Tinha em você alguém de total confiança, nunca tive pudores com você por te consideram um irmão e agora isso. Desde quando você tem esse tipo de intenção comigo Nicolas?- silêncio.- Responda!

- Se eu disser, a dez ano ou a uma semana, não vai fazer diferença.

- Eu me sinto usada, você tirava proveito da nossa intimada.- isso jamais.

- Alguma vez te toquei sem sua perdição ou de um jeito mais íntimo? Alguma vez você me viu de um jeito mais pervertido na sua presença? Alguma vez eu fui abusado com você?- eu entendia sua revolta, mas não aceitava sua acusação.- Eu te amo a tanto tempo que não poderia dizer à quanto, eu te desejo...- respiro fundo.- Porém, eu sempre aceitei que não era recíproco. Se eu gostava da nossa intimidade? É claro. Mas eu nunca fui além de admirar você.

A esse ponto eu já me encontrava de pé novamente e admito que decepcionado, esperava tudo menos que ela me acusasse de tal forma. Sim eu sempre gostei de poder olhar seu corpo contudo, nunca me atrevi de ir além disso. Vou em direção ao banheiro e paro assim que abro a porta.

- Jamais me atreveria a fazer algo por que o meu amor por você é maior que o desejo pelo seu corpo e além disso eu não faria nada com alguém que nem se atrai por mim.

Tudo que eu queria depois dessa conversa era um banho quente, algo longo e que eu pudesse pensar em paz. Não sei quando tempo se passou enquanto eu estava lá, mas foi o bastante para meus dedos ficarem enrugados.

Quando olhei o celular me lembrei que tinha saído para almoçar e que deveria voltar para o trabalho só que já tinha se passado tempo demais e não valia a pena voltar a essa altura.
Sai do banheiro com a mesma roupa que entrei apenas dispensei o palitó e deixei a camisa aberta.

Sentei a beira da cama com uma toalha sobre os ombros tentando secar os cabelos que estavam um pouco grandes demais, algumas gotas teimavam em cair pelo meu peito fazendo pequenos rastros úmidos na camisa de botões. Eu não olhava diretamente para ela, mas mesmo assim sabia exatamente a expressão em seu rosto e posso ate dizer que podia ver os milhões de pensamentos que rodeavam sua mente nesse instante. Em todo a minha vida tudo que eu menos quis foi isso, esse clima, esse distanciamento.

Eu me coloquei nessa situação e preciso sair dela, como sempre por puro egoísmo, eu admito. Um longo e pesado suspiro veio da sala me fazendo olhar em sua direção e automaticamente vou até lá. Me sento ao seu lado, no entanto apenas o suficiente para conversamos, não a toco e nem tento nada do tipo.

- Júlia, vamos esquecer de tudo isso, por favor?- ela se manteve na mesma posição por um tempo antes de me olhar e responder.

- Tudo bem.

Suspiro aliviado e abro os braços em um pedido silencioso de abraço, ela então se aproxima e eu a aperto pelos ombros. Eu jamais me perdoaria se deixássemos de nos falar e se é amizade o que tenho eu aceito e me contento com isso.


 Eu jamais me perdoaria se deixássemos de nos falar e se é amizade o que tenho eu aceito e me contento com isso

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Mais um capítulo para vocês meus amores.
Gostaram?
E mais uma perguntinha: Alguém quer que o próximo capítulo seja da Júlia?
Comentem ai.
Bjss..

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