JÚLIA
Já confiaram em alguém a ponto de se jogar de olhos fechados? Eu sim, confiei a ponto de me jogar sem paraquedas do avião.
Já se arrependeram de uma decisão? A pior delas e continuo me questionando - por quê?- eu tive todos os sinais e ignorei.
Já viveram uma ilusão? Eu vivi, demorei, mas finalmente me livrei daquele truque que me prendia.
E por fim, já tiveram o coração partido? O meu já foi destroçado, e sei que a sensação é horrível, mas é ainda pior quando a dor é tanto interna quanto externa.
Deixe-me contar o que houve.
Eu sou a Júlia.Se eu tivesse que dizer um única palavra sobre o Marcos, quando nos conhecemos seria: incrível. Era isso que ele era.
Um homem bonito e que demonstrava tanto sentimento por mim, o que mais eu poderia querer? Hoje eu sei bem o que mais eu deveria querer.
O primeiro ano de namoro não podia ter sido melhor, muito romance, muitas promessas. Eu adorava o fato de ter um homem como ele ao meu lado, um homem forte e atraente.
Eu sabia da aversão da minha mãe por ele, mas imaginei que fosse porque ela sempre me quis ao lado de outra pessoa. Então veio o noivado e fomos morar junto em uma casa simples, ainda assim do jeitinho que eu sempre quis. Então um dia eu fui visitar meus pais e perdi a noção do tempo e acabei chegando em casa tarde, foi quando ele grito comigo pela primeira vez, disse que era preocupação e isso o fez ficar nervoso. O tempo passou e aquilo foi se tornando irrelevante pra mim, um momento isolado, até que aconteceu de novo; por um outro motivo qualquer e então voltou a acontecer e foi se tornando recorrente. Ele não me queria mais perto dos meus pais dizia que eles me colocavam contra ele e isso causava as brigas. Não demorou muito até os primeiros tapas, os empurrões, os xingamentos, a humilhação e o ciúme descontrolado. Eu já não tinha contado com uma das pessoas mais importantes da minha vida quando as grandes agressões começaram e apesar de ter demorado, eu finalmente consegui ir embora e não a lugar melhor para se recuperar de um trauma do que com seu melhor amigo.
Sabe quando você assisti um desenho enquanto criança e então quando cresce percebe malícia em algumas coisas? Essa é a sensação que tenho. Sempre que penso no nosso passado fico vendo malícia onde antes não existia. Prometemos esquece, mas o beijo mudou tudo.
Agora eu tinha a cama só pra mim, já que ele foi dormir no sofá. Eu já não conseguia olhar pra ele do mesmo jeito, é como se durante todo esse tempo houvesse uma névoa a frente dos meus olhos - ouso dizer que esse névoa já se dissipou umas vez, mas muito rapidamente voltou a seu lugar. - contudo agora eu via claramente, eu via ele nitidamente. Seria uma ingenuidade minha dizer que nem uma vez reparei em sua beleza. O meu melhor amigo sempre foi um homem bonito, ainda assim agora esse a quem observa tinha algo diferente. Somente agora eu notará como em olhava com identidade, recordava como me tocava com tanta devoção mas também com cuidado.
Agora aqui estou eu, imóvel na cama fingindo dormir enquanto sorrateiramente observo ele, com uma toalha envolta dos quadris, escolher a roupa para o trabalho. Antes eu não tinha reparado como ele está mais forte e robusto do que eu me lembrava, ele tinha bem menos músculos da última vez que nos encontramos. Agora os bíceps estão maiores, o peitoral e o abdômen mais definidos; eu nunca tinha reparado tanto nele sem camisa e eu nunca tinha me sentido assim...
Com a roupa escolhida em mãos ele vai rumo ao banheiro e eu finalmente me levanto. Obviamente eu não dormi com as mesmas vestimentas de noites antes, seria constrangedor, estão optei por um short que ia até o meio da coxa, mas a blusa ainda era a mesma que me deu na primeira noite.
Durante o trajeto em direção a cozinha prendi o cabelo em um coque desajeitado; com a água e o pó já na cafeteira, eu apenas esperei recostada na bancada enquanto a máquina fazia seu trabalho, esperei até que houvesse líquido suficiente para duas canecas. Em menos de 2 minutos eu já estava servindo aquele delicioso e fumegante café, deixei o dele sobre o mármore enquanto bebericava o meu.
Quando ele finalmente apareceu na porta do quarto, vestindo seu terno slim azul - que caia muito bem nele - eu já estava terminando o meu café.
- Bom dia!- disse tímida
- Bom dia, eu já estou indo, ok?- disse pegando uma bolsa preta do cabideiro e colocando a alça sobre o ombro direito.
- Não quer beber pelo menos um xícara de café? - apanto para o copo a minha frente.
- Não, mas obrigada.- ele me olha parecendo querer falar algo, porem se limita a dizer apenas...
- Eu já tenho que ir, tchau.
E desaparece porta a fora.
O seu beijo não tinha sido sentimental, foi repentino e abrupto, na verdade foi um falha tentativa de acalmar e de reconfortar. Entretanto, fez com ele mudasse, com que eu o visse diferente e sem dúvida com que algo mudasse dentro de mim em relação a ele.
Espero que tenham gostado desse capítulo dela e acho que deu pra notar algo mudando ai né.
Bjs e até o próximo capítulo, meus amores.
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Sempre Fui Seu
RomanceJá tiveram um amor não correspondido? Eu sim, passei minha infância e adolescência ao lado dela, sem expressar o que sentia. Já tiveram um amor de infância? Aqueles inocentes, que com o passar do tempo deixa de ser? Meu Deus, como eu amava aquela g...