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Nada estava bem.

Joguei quinze anos de amizade fora por cinco segundos de seja lá o que tenha sido aquilo. Dormir no sofá foi uma merda, a falta de jeito entre nós foi uma merda, o caminho ate o trabalho foi uma... Já deu pra entender.
    Não tiveram mensagens durante o dia nem ligações como costumava ter, praticamente me arrastei o dia todo, concluir apenas metade das tarefas que geralmente faço e apesar disso não fiz nem uma pausa. Fiquei na minha sala olhando nossas fotos, elaborando outros pedidos de desculpas, pesquisando - como uma maldita adolescente - como reatar amizades e nada parecia bom o suficiente, em todos os anos de amizade com ela nunca me vi em tal situação. Na verdade acho que nunca me vi nessa situação com ninguém.
     Quando o fim de expediente finalmente chegou eu fui a sala de Oliver antes de ir pra casa.

- Ei!- ele sobe o olhar assim que chamo.

- Nick, o que foi?

- Vou se direto, a Júlia precisa de um emprego e pensei que talvez você conheça alguém que precise de uma assistente, se você puder ajudar eu agradeceria.- não sou de pedir favores a ele, pode até ser um amigo, mas ainda é meu chefe e menos de 2 semanas esse já é o segundo que peço.

- É claro eu ajudo, assim que souber de uma vaga eu te aviso.- ele sorri simpática.- Você tá bem? não parece bem.

- Vou ficar, boa noite cara.- saio do prédio a passos lentos e pego a caminho mais longo ate em casa.

Já faziam 10 minutos que eu tinha estacionado e ainda estava dentro do carro. Que porra de situação eu me coloquei, com vergonha de entra na minha própria casa. Quando finalmente tomei a coragem necessária para ir adiante, ainda me demorei antes de girar a maçaneta. Deixei a bolsa e o paletó no holl e segui para sala, ela estava no sofá com as pernas cruzadas e um livro nas mãos.

- Você demorou hoje.- ela se pois de pé.

- Muito trânsito.- tirando os meus sentimentos que mantive em segredo dela, essa era a primeira vez que mentia.- Eu vou tomar um banho e quando terminar venho preparar algo pro jantar.

Posso por ela como um raio, sequer olho pra trás - na verdade sequer olhei pra ela direto - pego um dos shorts de moletom e a primeira camisa que minha mão alcança e sigo para o banheiro. Os jatos d'água não eram fortes o suficiente pra aliviar toda a tensão do meu corpo e não estava fria o bastante para conter o calor da ansiedade que vinha do meu peito. Me permiti ficar ali de baixo ate sentir as pontas dos dedos enrugarem. Em controvérsia, me sequei ate sentir as pontas dos dedos voltarem ao normal, nunca passei tanto tempo dentro desse banheiro.
     A primeira coisa que vem a mim quando abro a porta é uma lufada do seu cheiro, por que agora o quarto era tomado por esse aroma delicioso de jasmim, a lembrança constante de sua presença ali. Ela novamente se pois de pé quando volto a sala.

- Já estava fiando preocupada. Achei que passaria a noite lá dentro.- seu tom beira o zombeteiro mas, as feições eram neutras, em outro momento eu daria uma resposta atrevida. Porém, me limito em apenas similar um "foi mal" enquanto vou para cozinha.- Eu já deixei uns ingredientes pra um risoto, se você quiser.

Na bancada estavam os ingredientes básicos para um dos meus pratos preferidos. As habilidades de Júlia na cozinha eram curtas, já eu até que peguei gosto pela culinária depois que passei a morar sozinho.

- Eu quero ajudar.- já com a faca em mãos ela pega uma cebola para descascar.

Eu sinceramente preferia que ela continuasse sua leitura no sofá e não ficasse a tão poucos sentimento de mim. Enquanto ela terminava de limpava a cebola eu descansava alguns dentes de alho.
    Tentava me concentrar na minha tarefa quando percebi que ela havia parada a dela e agora penas me olhava, seria e pensativa.

- O quê?- digo encarando de volta.

- Preciso tirar minhas próprias conclusões.- diz em um sussurro.

Meu cérebro mal tinha processado suas palavras quando seus lábios tocaram os meus. Nada parecido com o meu rompante da noite anterior - e agora eu era o surpreso - dessa vez ela se manteve firme em sua procissão, sem fazer menção em se afasta. Nossos lábios estavam apenas se tocando mas, quando percebi sua determinação, eu os movi.
   Esqueçam que eu disse que aquele selinho nervoso foi a melhor coisa, isso é a melhor sensação do mundo.
   Assim que movi os lábios ela me acompanhou, uma das minhas mãos de repente estava em sua nuca aproximando ainda mais nos dois e quando minha língua pediu passagem fui presenteado com ela fazendo o mesmo e puta merda isso é demais. Eu estive com tantas outras mulheres entretanto, nenhuma trouxe algo sequer semelhante a isso. Mas, como poderiam se nunca houve em meu coração outra além dessa e o meu corpo reagia muito bem aos desejos do meu coração.
   Quando sinto sua delicada mão no meu antebraço um arrepio me corre e quando ela sobre em direção ao meu pescoço um raio me atinge. Eu a beijo cada vez com mais avidez, enterro meus dedos em seus cabelos e a conduzo para onde quero, é a coisa mais sensual que já fiz. De repente estou sem controle, agarro sua cintura e colo nossos corpos antes tão distantes, um gemido me escapa quando ela me abraça e sua outra mão segura com força minha camisa, tanto que posso sentir as unhas rasparem na pele. Imagens dela me arranhando brotam na minha mente. Não queria abandonar aqueles lábios mas, com calma ela nos afastou.

- O que foi isso?- não tive como conter o sorriso

- Precisava das minhas conclusões.- seu peito subia e descia tão rápido quando de um corredor.

- E qual foi o veredito?- como ela se manteve serio eu também me mantive

- inconclusivo.

- huum... Então só tem um jeito de resolver isso.- nos olhávamos ambos sérios.- Testar novamente.

Sempre Fui SeuOnde histórias criam vida. Descubra agora