(DEADLY FLASH!)
1998
No dia seguinte, não consegui parar de pensar na câmera a aula inteira. E a aula parecia que nunca ia terminar.
Eu sentia falta de Noah.
Sadie também já tinha voltado a me tratar normal; pelo sobrenome e sendo sarcástica.
Depois da aula, saí voando para casa. Derrubei rápido toda a pilha de roupa suja e peguei a câmera que antes estava escondida lá. A enfiei de qualquer jeito na mochila e desci as escadas correndo.
Peguei a bicicleta e saí pedalando. Não via a hora de me livrar daquela coisa.
Tinha certeza que ainda me lembrava do caminho para a pequena casa de madeira.
O vento gelado batia no meu rosto e fazia as árvores balançarem. Havia uns meninos da minha turma andando de skate. Como eu queria estar no lugar deles!
Seguindo, virei a lareira íngreme que dava no parque.
Senti umas gotas geladas de chuva caírem sobre meu rosto. Também vi que algumas nuvens escuras e carregadas iam tomando conta do céu.
Não importava, eu iria devolver aquela câmera nem que fosse rastejando.
O vento ficou mais gelado e eu me culpei pela escolha de roupa. Uma blusa de alça rosa clara com uma saia jeans.
Definitivamente não era uma roupa para um dia frio e chuvoso.
"Dê meia volta." uma voz ecoou dentro da minha cabeça.
— Não! — respondi alto.
E continuei pedalando.
Me perguntei se estava na rua certa. Olhei para a esquina, com certeza eu estava na rua certa.
Lá tinham várias casinhas umas do lado da outra. No meio tinha a casa de madeira cheia de papelão nas janelas.
O vento já soprava forte, mas ainda não chovia para valer. Larguei a bicicleta na grama molhada e olhei para a casa.
Não tinha mais mesas, nem cadeiras se praia.
Tremi de frio. Abaixei a cabeça e corri pelo caminho de pedrinhas que davam até a garagem.
Ela estava fechada. E alguém tinha pintado um "X" enorme na frente.
O cachorro também não estava mais lá. A casa estava escura.
Me virei para a janela e encarei o macaco de pelúcia. Era o único que continuava lá.
As gotas de chuva batiam no vidro, parecendo uma percussão.
Olhei ao meu redor e não vi ninguém. Apertei a campainha, já tremendo de frio.
Ninguém respondeu.
Esperei alguns segundos e toquei a campainha de novo. Dava para ouvi-la ecoando pela casa.
Nada.
Abri a porta de tela rasgada e bati na outra porta. Ela se escancarou.
Dei uma espiada lá dentro.
— Olá? — gritei.
Silêncio.
— Alguém?!
Ouvia apenas o barulho da chuva atrás de mim.
Entrei na sala quadrada e a examinei. O lugar estava completamente vazio. Sem móvel, sem nada.
— Moça do vestido amarelo?
Quase todas as janelas estavam tapadas com papelão então me surpreendi com o fato de ainda estar frio dentro da sala.
Frio até demais.
Não tinha nenhum móvel, nenhum tapete no chão.
— Menina do moletom rosa?
Minha voz ecoou pela casa. Não tinha ninguém lá.
— Elas devem ter vendido tudo às pressas e se mudado. — murmurei baixo, para mim mesma.
Não demorei para chegar a conclusão que eu iria deixar a câmera lá mesmo, sozinha.
Abri minha mochila que já estava ensopada com água da chuva e tirei a câmera maligna de lá.
Peguei o macaco de pelúcia e o coloquei na sala, com a câmera em seu colo.
Então me afastei devagar. Comecei a sorrir. Eu tinha me livrado daquela máquina maldita!
Dei um grito de comemoração e me afastei mais um pouco.
O olhar do macaco de pelúcia parecia me acompanhar. Boneco esquisito.
Fechei a porta da frente e depois a de tela. Ainda estava chovendo mas nada estragaria o dia. Coloquei a mochila branca nas costas e corri para a grama.
Peguei minha bicicleta e comecei a pedalar rápido.
Mesmo com a chuva fria e o céu nublado, o dia parecia muito melhor. Eu estava muito mais leve.
Pedalei a ladeira íngreme e o parque público.
Minha mochila começou a parecer pesada demais.
"É a água." Pensei.
Como eu estava errada.
Puxei a mochila com uma mão enquanto guiava a bicicleta com a outra.
Com auxílio da minha boca, abri o zíper com cuidado para não fazer eu mudar de rota.
Não. Não poderia ser.
Arregalei os olhos assustada e senti vontade de chorar.
Fiquei enjoada.
Era a câmera. E o macaco. Os dois estavam na minha mochila.
Talvez foi o choque, talvez foi raiva. Ou até tristeza. Só sei que meus braços enfraqueceram e eu perdi o controle da bicicleta.
Caí na rua com força. Minha testa foi praticamente esfolada com asfalto.
Senti dor e ardência.
E comecei a chorar.
Sim, eu sou uma boba.
Agora eu sentia a água gelada da chuva em meus machucados que provavelmente saiam sangue, lágrimas quentes no meu rosto e dor. Muita dor.
Ouvi a voz de um homem e depois de uma garota. Mas os dois pareciam distantes.
Distantes... Distantes...
n/a:
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deadly flash | sillie
Fanfiction[millie bobby brown + sadie sink] ❝Millie é a fotógrafa da escola. Ela divide o cargo com Sadie, filha do dono de uma loja de câmeras, assim, sempre tendo o melhor modelo. As duas fazem uma aposta para ver quem tira as melhores fotos dos eventos e...