Sarah estava no quarto bordando uma toalha, enquanto recordava alguns momentos vividos ao lado dos pais na época em quemoravana antiga casa. Lembrou-se de um dia em que saíra com uma amiga até a vila, sem avisar, o que provocara uma grande confusão, já que os paisde Sarah não sabiam onde a filha estava. A jovem justificara o sumiço dizendo que tinha ido até a vila para comprar doces com a intenção de logo retornar. Fora um dos dias em que seus pais mais ficaram bravos com ela.
Mas Sarah nunca fora uma filha que desse trabalho realmente, era muito tímida e gostava de ficar em casa, o que facilitava muito as coisas. Tanto que, se não tivesse se casado com Willian, dificilmente teria achado outro bom casamento. Ou talvez se casasse, sim, pois um jovem na região demonstrara interesse na menina, que o rechaçara diversas vezes.
Era seu destino casar-se com Willian, pensou ela alegremente.
Alguém bateu à porta, era Mia, que parecia ansiosa por alguma coisa.
— O que houve?
A jovem criada mal conseguia falar, de tão nervosa.
— É Anna, a dona da casa de jogos. Está no escritório com o lorde.
Sarah queria ter ouvido mal, contudo era real, aquela mulher estava ali, na casa de Willian.
Ela se levantou jogando o bordado para o lado e passou pela criada, que a olhava com os olhos arregalados.
— A senhora vai até lá?
— É claro que vou — disse Sarah arrumando os cabelos, com uma olhadinha no espelho.
Abriu a porta e saiu para o corredor, andando calmamente, enquanto por dentro tremia de raiva. Desceu os degraus da escada e chegou ao salão principal, onde se sentou no sofá, à espera da visita inoportuna.
Precisava admitir que a mulher era corajosa ao aparecer ali, sabendo que a esposa de Willian estaria naquela casa. Mas Sarah era mais corajosa ainda, por isso a estava esperando tranquilamente.
Não demorou para que a porta do escritório fosse aberta e uma figura vestida de vermelho saísse, rindo. A mulher se despediu de Willian e caminhou para o salão principal, onde encontrou uma jovem sentada, esperando-a.
Ousada, a mulher a cumprimentou.
— Deve ser Sarah, a mulher de Willian.
A jovem se levantou, fitando-a com raiva.
— Sim, eu sou a esposa. E você,quem é? — perguntou como se não soubesse.
Anna sorriu descaradamente.
— Sou uma amiga de Willian. Nós nos vemos frequentemente, você deve saber — respondeu de um jeito debochado.
Sarah suspirou, desconfortável. Mas se manteve impassível, mostrando-se superior.
— Eu devo ter ouvido falar da senhorita por aí. Nada realmente importante, é verdade — falou, alfinetando-a.
A mulher passou a mão pelos cabelos, ajeitando-os, e olhou Sarah de cima a baixo.
— A verdade dói, não é mesmo?
Sarah deu de ombros.
— Não sei de que verdade está falando, senhorita. Acho melhor ir embora.
— Eu preciso ir mesmo. Espero que nos vejamos novamente, querida.
— Eu espero que esta seja a última vez, senhorita — retrucou Sarah quando a mulher passou por ela em direção à saída.
Anna ignorou-a caminhando para a porta, enquanto atrás Sarah fervia de raiva.
A mulher se foi, e a jovem levou a mão ao peito, respirando fundo, porque tinha passado por uma situação complicada, ver a amante do marido frente a frente e ter que enfrentá-la sozinha.
Mas ela se saíra bem, tinha conseguido enfrentá-la à altura.
Agora havia outro problema na vida de Sarah: o marido. Teria que falar com ele, e sabia que essa era a pior parte.
Encaminhou-se para o escritório, bateu e esperou. Ele apareceu no vão da porta e espiou, então abriu, por fim deixando-a entrar.
A jovem entrou no escritório e esperou que o marido falasse.
— Aconteceu algo? —perguntou desconfiado.
Ela o encarou.
— Encontrei-me com sua amante no salão principal. Veio fazer uma visita, não é?
Willian ficou pálido, perdeu a cor, de tão nervoso.
— O que isso tem a ver com a senhorita? Posso receber qualquer visita — respondeu na defensiva.
Sarah cruzou os braços, ainda o fitando com raiva.
— Pois sou sua esposa, senhor, e exijo respeito neste casamento — ela falou, decidida.
O lorde ergueu uma sobrancelha achando aquilo divertido de repente.
— Este casamento não é real, senhorita.
Ela bufou, irritada.
— Por certo que é, senhor. Nós estamos casados de verdade, e eu exijo que respeite minha posição de esposa. Não aceito que traga amantes para dentro de casa — disse ela, exaltada.
Willian ficou em silêncio um momento, pensando nas palavras dela.
— Assim seja então. Não acontecerá novamente, senhorita. Tem minha palavra — ele prometeu solenemente.
Ela assentiu concordando.
— Se me dá licença, agora preciso sair — ele disse pegando o chapéu de topo alto em cima da mesa.
Sarah voltou a ficar nervosa, porque sabia onde ele estava indo.
— Não vá, por favor, fique —pediu desesperada.
Ele parou e virou-se para ela.
— Por que está fazendo isso, senhorita?
Ela deu de ombros olhando para ele.
Estava indo por um caminho perigoso, sabia Sarah, mas era sua última opção para impedi-lo de ir à casa de jogos, pelo menos daquela vez. Ela poderia aguentar as consequências.
Sarah se aproximou do marido sorrindo-lhe e segurou na gola da camisa dele, puxando-o para mais perto.
— Fique aqui comigo — pediu olhando-o de baixo.
Notou como o rosto do marido endurecera, e ele parecia contrariado.
— Não me peça isso, senhorita — Willian disse com a voz rouca.
A jovem ficou na ponta dos pés, somente para aproximar-se do rosto do marido e depositar-lhe um beijo no queixo.E, por tudo que fosse sagrado, ela o ouviu gemer.
— Eu o quero, senhor — ela murmurou contra a boca dele, que engoliu em seco.
E não havia nada nem ninguém que pudesse impedir o que aconteceu em seguida, quando o lorde a envolveu pela cintura e colou os lábios sobre os dela, a boca quente dominando a jovem, que entregou-se rapidamente. Beijavam-se com desejo, as línguas unidas, os lábios deslizando docemente.
Willian a empurrou até a mesa, onde a colocou sentada e abriu-lhe as pernas, deixando-a exposta para ele. Deslizou os lábios pelo pescoço dela, enquanto suas mãos puxavam o vestido pelos ombros, revelando a camisa fina e os seios endurecidos. Ele expôs os picos rosados, prontos para serem adorados. Seus lábios desceram até os mamilos, fazendo Sarah agarrar-se às laterais da mesa, tamanho prazer sentia.
O lorde mordiscou os mamilos levemente, arrancando gemidos de prazer da esposa, que ofegava de boca aberta. A mão de Willian serpenteou pela cintura de Sarah e desceu até o meio de suas pernas, erguendo as saias do vestido. Sem cerimônia, o lorde procurou pelo centro do prazer da esposa que gemeu alto quando ele se pôs a estimulá-la com os dedos, com círculos rápidos.
— Diga meu nome, por favor — ele pediu.
— Willian — clamou ela, em meio aos gemidos.
Os movimentos da mão de Willian aceleraram, e a esposa jogou a cabeça para trás, em êxtase. Ela tremeu quando o prazer em fim chegou, jorrando ondas por seus membros. Em seguida amoleceu escorando-se em Willian, que apenas assistia.
Ele soltou-a e passou a mão pelos cabelos, ansioso. Respirou fundo e pensou no que tinha acabado de fazer. Tinha ultrapassado os limites do que era certo.
Sarah se ajeitou e desceu da mesa, enquanto olhava para o marido com um sorriso no rosto. Quando a viu, ele desviou o olhar. E então ela soube que havia algo errado.
— Willian —chamou, mas ele lhe deu as costas.
— Pode se retirar, senhorita. Isso foi um erro meu, peço desculpas — ele disse secamente.
Sarah pensou em dizer algo, mas sabia que seria inútil. Então decidiu sair.
— Vou me retirar, senhor — e tinha voltado a chamá-lo de senhor, toda a intimidade havia acabado.
Ela se foi, fechou a porta ao sair, e Willian, sozinho, praguejou. Porque era um fraco que não conseguia resistir ao convite de uma mulher e porque estava envolvendo-se cada vez mais com Sarah. Se continuasse assim, não haveria volta.
Ele precisava admitir que havia algo naquela mulher que o deixava louco, que o atormentava de desejo, mas não podia esquecer o que ela tinha feito, o beijo em Eddy. Tudo que precisava era evitar ficar a sós com a jovem, com o resto conseguiria lidar.
***
Alguém bateu à porta do quarto de Sarah, e ela foi atender. Era Érica esperando-a do lado de fora com um sorriso.
Mandou-a entrar, ainda sem entender o motivo da visita.
— Já temos o primeiro evento para vocês irem, querida — anunciou Érica, batendo palmas.
Sarah indicou a ela que se sentasse na cama e acomodou-se ao lado.
— O baile de Lady Jane, em três dias — contou a mulher, animada.
— Oh, já estou nervosa apenas em imaginar — disse Sarah, com a mão no peito.
Ela sabia o que fazer e como se comportar, mas ficava nervosa ao imaginar-se no baile, com todo mundo olhando. Bem, em parte o nervosismo se devia a Willian, pois Sarah temia a maneira como as pessoas reagiriam a ele.
— Não é necessário que fique nervosa, Sarah. Tudo dará certo. Estou aqui para orientá-la sobre o que fazer.
— Por favor, ajude-me — pediu a jovem, um pouco insegura.
Érica arrumou as mechas de cabelo que caíam sobre os ombros e pensou por um momento.
— Para que todos os vejam e saibam quem são, é importante que circulem pelo salão e cumprimentem as pessoas que encontrarem. Deixe que vejam como vocês conversam, mostre que se dão bem e quando possível troquem olhares — orientou Érica.
— Devemos dançar? — perguntou Sarah, curiosa.
A jovem sorriu.
— É evidente. Dancem juntos a contradança, você sempre sorrindo, mostrando estar feliz. Rodopie como uma borboleta, leve e delicada — disse Érica.
— Temo que eu não possa fazer isso — negou Sarah, receosa.
— É claro que pode, querida. Encantará todos com seu jeito — afirmou a mulher.
Sarah não tinha mais tanta certeza. O nervosismo estava começando a deixá-la preocupada, e ela já não sabia mais se faria o certo. Tinha medo de cometer algum erro e prejudicar o marido.
— Irá conosco?
Érica a encarou.
— Eu não posso, Sarah. Não com esta barriga enorme — negou, triste porque desejava ir.
— Então eu estarei sozinha lá — reclamou Sarah.
A prima sorriu, segurando sua mão.
— Não é verdade, querida. Estará com seu marido, a melhor companhia possível.
Sarah assentiu mais aliviada.
Érica levantou-se, disse que precisava voltar ao seu quarto e despediu-se de Sarah, que a acompanhou até a porta. Sozinha, a jovem ensaiou alguns passos de dança e tentou sorrir como a prima havia aconselhado. Acenou para pessoas imaginárias e fez uma mesura a um cavalheiro que só existia em sua mente. Tudo para tentar repetir o que Érica falara, e talvez assim não errar nada.
No fim, ela deitou-se na cama e relaxou. O dia tinha sido ótimo e tinha terminado melhor ainda depois que ela estivera nos braços de Willian e ele fizera todas aquelas coisas fantásticas. Sarah não conhecia tanto prazer quanto o marido lhe proporcionara e nem sabia de todos os lugares em que o próprio corpo era capaz de reagir.
Perguntava-se se o coração de Willian também estava como o seu, aos pulos, desesperadamente. Desejava saber se ele sentia o mesmo que ela, aquela paixão avassaladora, que fazia suas pernas tremerem, que lhe tirava o ar e que a fazia ter sonhos quentes. Ou tudo aquilo era insignificante para ele? Sarah temia por isso, que fosse uma relação unilateral, e que apenas ela estivesse tão envolvida daquele jeito.
Com tantos pensamentos a atormentando, tentou dormir, rolando pela cama sob a luz da lamparina, procurando pelo sono. Demorou para que finalmente se acalmasse e dormisse, enfim.
***
O dia do baile havia chegado, e Sarah olhava pela terceira vez sua figura no espelho, com medo de que não estivesse bom o suficiente. Usava um vestido azul-claro, adornado de fitas escuras, e tinha o cabelo preso em mechas no alto da cabeça, preso com pequenos grampos decorados que ela comprara no dia em que fora com Cecil a Oxford Street fazer compras. Mia, a criada, garantia que sua senhora estava bem, mas a esposa de Willian ainda temia não estar vestida corretamente.
Érica apareceu no quarto junto de Cecil, e as duas, quando viram Sarah, abriram um enorme sorriso, elogiando-a com entusiasmo.
— Está linda— disse Érica, fazendo-a dar uma volta para vê-la melhor.
— Realmente, está belíssima —elogiou Cecil ao lado.
— Estou um pouco nervosa, mas vai passar — comentou Sarah.
— Vamos descer, Willian a está esperando — Érica falou puxando-a pela mão, levando-a para a porta.
No andar de baixo, Willian suspirou pela terceira vez, olhando para o alto das escadas para ver se Sarah estava descendo. Esperava por ela, estava pronto e tinha pressa. Queria acabar com aquilo rapidamente.
Mas, então, ela apareceu como se estivesse flutuando pelo ar, descendo as escadas, e um mar azul invadiu os olhos dele. Sarah estava linda,com a pele rosada e os olhos castanhos luminosos. Willian se perguntou se aquela figura era real, tamanha a beleza.
E algo dentro dele gritou dizendo: É sua esposa. Mas Willian sufocou essas palavras e se recompôs, desviando o olhar, deixando de encarar Sarah.
Ela parou em sua frente com um sorriso bonito, e ele obrigou-se a fitá-la, sua felicidade o incomodando.
— Senhor, está muito bonito — elogiou ela, os olhos brilhando.
— Também está muito bonita, senhorita — obrigou-se a dizer, e seu coração falhou uma batida ao ver a reação de Sarah, que levou a mão ao peito, emocionada.
— Ambos estão apresentáveis — concordou Érica ao lado dos dois. — Lembrem-se de mostrarem-se aos outros e serem simpáticos.
— Sei como agir — respondeu Willian, amargo. — Vamos depressa, antes que fique tarde.
— Como quiser, senhor — falou Sarah ao lado dele.
Com um último olhar a Érica, Sarah despediu-se enquanto caminhavam, e passaram pela porta. Lá fora, a carruagem de Willian estava posicionada em frente ao portão, e ele a ajudou a subir oferecendo-lhe a mão. Ela sentou-se no banco do veículo e esperou pelo marido, que logo se acomodou ao seu lado.
Willian bateu no teto da carruagem, indicando ao condutor que se pusesse em marcha.
O caminho para Covent Garden não era longo, mas demandava alguns minutos, passando pelas ruas pavimentadas e pela grande quantidade de pessoas.
Não demoraram para chegar em frente ao grande salão, a carruagem parou ao lado de outras, e Willian desceu primeiro, ajudando Sarah em seguida.
Na entrada do salão, do lado de fora, duas crianças maltrapilhas, uma maior que a outra, pediam comida, as pequenas mãos estendidas para os convidados do baile. Sarah sentiu-se mal pela cena e queria ajudar, mas simplesmente não podia. Willian não parecia ter notado a situação, ou tinha apenas ignorado, ela não sabia. Mas doía-lhe o coração ver tal coisa.
Quando chegaram à porta do salão, Willian pegou o braço da esposa e cruzou com o dele sem dizer nada. Estavam de braços dados quando entraram no suntuoso salão de baile.
O local era bonito,bemiluminado pelas lamparinas espalhadas pelo salão, decorado com flores amarelas, e havia uma mesa de bebidas no fundo, lotada de taças.
Havia cadeiras dispostas nas laterais, e muitas damas estavam sentadas, conversando. Cavalheiros espalhavam-se pelo local, muitos reunidos para conversar antes que as danças começassem.
Sarah não conhecia ninguém, mas, quando Willian a deixou sozinha, ela caminhou timidamente até um grupo de mulheres e sentou-se ao lado, chamando-lhes a atenção.
— É a esposa do Lorde Fantasma, verdade? —uma jovem perguntou.
Sarah assentiu com um gesto de cabeça.
— Sim, eu sou.
As mulheres cochicharam entre si, rindo, o que deixou Sarah desconfortável.
— É uma surpresa ver o Lorde Fantasma novamente. Achamos que ele nunca mais se revelaria — comentou uma das mulheres.
— Ele estava ansioso para voltar — respondeu Sarah.
— É a novidade da temporada, com toda a certeza — disse a mulher loura, sorrindo.
— Precisamos admitir que ele continua bonito — falou outra mulher, dando uma risadinha.
Sarah sorriu. Era isso que ela queria ouvir falar sobre o marido. Que o achassem bonito e que gostassem da presença dele. Isso o deixaria feliz.
— As danças já vão começar, vou procurar meu marido. Com licença — disse Sarah levantando-se, indo atrás de Willian.
Ele a viu se aproximar e deixou os amigos. Encontraram-se no meio do salão, todos os olhando com atenção.
Willian a surpreendeu com um sorriso e depois lhe ofereceu a mão, para que caminhassem até a lateral do espaço, para longe dos olhares curiosos.
— Como estou me saindo? — ela perguntou.
Ele a encarou por alguns segundos.
— Está fazendo tudo certo, senhorita. Agora precisaremos dançar. Irá conseguir?
— Por certo que sim — garantiu ela.
O mestre de cerimônias começou a falar, e Willian e Sarah viraram-se para prestar atenção. O homem explicou qual era a dança e que deveriam dançar em pares. Os casais começaram a entrar em formação, e Willian levou Sarah até seu lugar.
A música começou e o primeiro casal iniciou a dança, seguido dos outros, as mulheres dando um rodopio e mudando de parceiro. Sarah fazia tudo à risca, como aprendera, e depois de um tempo começou a relaxar, aproveitar a dança.
Quando por fim a música parou, Sarah e Willian saíram do centro do salão e se dirigiram à lateral onde os amigos do marido dela estavam. Anthony se aproximou e a cumprimentou; a jovem sorriu para ele.
— É bom finalmente conhecê-la, senhora.
— Eu digo o mesmo, senhor — retribuiu alegremente.
— Está acontecendo alguma coisa ali. — Apontou Willian para o outro lado do salão, onde havia um movimento de pessoas.
Aproximaram-se um pouco e conseguiram avistar um senhor caído no chão, com pessoas tentando socorrê-lo. Havia uma senhora de joelhos ao seu lado, ao que parecia, sua esposa.
— Afastem-se! — gritou um homem que tentava acordar o senhor.
A mulher ao lado começou a chorar quando viu que o marido não acordava, passando a mão pelo rosto dele, inconsciente.
Dois homens se propuseram a carregá-lo, enquanto o mestre de cerimônia anunciava que o baile chegava ao fim devido ao contratempo.
As pessoas começaram a sair, então Willian segurou Sarah pela mão e a conduziu para fora, junto da multidão. Ela seguia em silêncio ao lado dele, desviando-se de algumas pessoas em sua frente.
— Vamos para casa — ele disse do lado de fora, procurando pela carruagem.
— Por aqui. — Sarah o puxou para o lado, de onde conseguia ver o veículo a distância.
Conseguiram sair do meio das pessoas e chegaram onde a carruagem estava. Willian a ajudou a subir e em seguida fez o mesmo, enquanto começavam a andar rumo a casa.
— Que confusão — comentou Sarah, respirando fundo.
— A senhorita machucou-se na multidão? — perguntou ele, preocupado.
— Estou bem. Apenas com pena do senhor que passou mal.
— Acho que ele morreu, senhorita — disse Willian.
Sarah arregalou os olhos diante da notícia.
— A mulher dele parecia desesperada. Não posso imaginar quão terrível é perder o marido dessa forma.
Encontrou os olhos de Willian e notou também que ele ria.
— Do que está rindo, senhor? — ela perguntou sem entender.
— Por sorte seu marido está bem vivo —comentou ele, achando graça da situação.
Sarah sorriu, envergonhada.
— Uma grande sorte, é verdade — disse brincando.
A carruagem parou em frente à casa de Willian, que desceu e a ajudou a descer também. Ele aproveitou para olhar para o céu e contemplar a imensidão de estrelas que brilhavam lá em cima.
— Bela noite, não acha?
Ela olhou para cima e assentiu.
— Maravilhosa, com toda a certeza — falou ao contemplar o céu escurecido.
— Gosto de olhar as estrelas da janela do meu quarto. Posso vê-las quando o céu não está nublado. Sabe, senhorita, se fizer o mesmo, estaremos os dois vendo o mesmo céu ao mesmo tempo — ele disse olhando-a.
— Contemplar estrelas é uma boa distração, senhor. Farei isso todas as noites se me pede —concordou ela.
Os dois ficaram em silêncio, olhando-se sob a luz da lua, de frente para casa, e poderiam passar muito tempo assim, se não fosse por Willian voltar à realidade e desviar o olhar.
— Vamos entrar. Está tarde — ele falou, acompanhando-a.
Caminharam até a porta, que Willian abriu, e entraram na casa totalmente escura em silêncio.
—Não posso ver nada — reclamou Sarah.
— Vamos subir. Venha — ele a pegou pela mão e a levou até as escadas, os dois tropeçando enquanto subiam os degraus.
Conseguiram chegar ao corredor, e Willian levou Sarah até a porta do quarto dela, onde a deixou, seguindo para os próprios aposentos.
— Boa noite, senhorita — ele disse antes de entrar no quarto.
— Boa noite, senhor.
Sarah entrou e ficou agradecida por Mia ter deixado uma lamparina acesa sobre a penteadeira, o que iluminava todo o quarto.
Ela finalmente poderia descansar, depois de uma noite agitada.
CZYTASZ
Uma esposa para o lorde fantasma
Ficción históricaLorde Willian se isolou em sua casa desde o acidente que lhe retirou parte da visão e deformou seu rosto, ganhando o apelido de lorde fantasma. Ele precisou refletir sobre seu passado, e seguiu a vida com um casamento de conveniência acordado com o...