16 de Fevereiro de 2020
Finalmente chegamos no teu último ato covarde de desamor. É aqui que depois de tudo que já escrevi, que você verá o porque isso nunca mais vai acontecer. Mas eu duvido que sinta vergonha, da mesma forma que duvido que você tenha procurado alguma ajuda, assim como disse antes de finalmente ter te deixado ao Deus dará. Só que agora eu não me importo mais, da mesma forma como você não se importa, como nunca se importou. Caso não tenha feito ainda, permaneço persistindo para que procure, pois, mais assustador do que tudo foi, seria se você acordasse um dia sem se reconhecer, perdido no meio da tua estranheza e da tua toxidade inadmitida.
Era dia 11 de outubro, aniversário de Aline. Você odiava festas pequenas e, pensando o quanto você odiava, talvez continue odiando, e quem sabe depois do que aconteceu, você tenha acabado odiando ainda mais.
Você me acompanhou na compra do presente e foi até você quem assinou como definido um e-reader que ela tanto queria, e eu adorei a ideia.
— Quanto tempo você acha que leva pra alguém terminar de ler um livro num desses? — você perguntou.
— Nas mãos dela, acho que tão pouco quanto um livro físico.
— Bom, se ela ler tão rápido quanto você, com um desses ela vai aposentar o celular. — disse e sorriu.
E eu amava quando você fazia alguma piada, por mais sem graça que fosse, porque esbanjava o quão bem você estava. Mas essa tinha sido boa, ou talvez eu já estivesse tão acostumada a gostar dos teus raros acessos de humor, que não achava mais nada do que você dizia sem graça.
Em casa enquanto tomávamos banho e nos arrumávamos para finalmente sair, você penteava os cabelos de um lado para o outro constantemente, puxava para um lado, para outro, para cima, para o lado de novo, e para o outro lado outra vez, e aquilo me incomodou, mas era fofo. Fui até você e penteei eu mesma, do jeito que eu mais gostava. Seu agradecimento veio em forma de um selinho. Enrolada na toalha eu entrei para o quarto e só sai quando já havia decidido definitivamente a roupa que usaria.
— Uau! Você está impressionantemente linda.
— Espero não estar mais bonita que a aniversariante e acabar roubando a cena.
— Isso aconteceria de qualquer forma.
Sorri aceitando o elogio que me fazia me sentir uma pessoa horrível.
Às 21:30 estávamos na casa dela. Ela estava num godê prata com franjinhas na bainha e de all star, como se fizesse total sentido, mas se tratando dela, sempre fazia. Cumprimentei ela com um beijo amigável de sempre e deixamos você de escanteio para fofocar sobre algumas coisas no banheiro. Foram poucos minutos, talvez uns 5 ou talvez 10. Aline estava finalmente gostando de outra pessoa, e enquanto víamos as fotos dele no Instagram, ela pedia minha ajuda para chamá-lo para a festa.
Quando voltamos você estava conversando com um cara, ele estava de costas e você de frente para mim, de modo que assim que me viu, você disse um provavelmente ensaiado:
— E aí está ela!
Quando ele se virou ao comando de sua voz orgulhosa, estava ele, Guilherme, bem diante dos meus olhos. Aline não tinha me dito que o convidaria, nem ao menos suspeitei de que ele pudesse vir, ou que pudessem ser tão próximos.
— Tessa? — ele falou surpreso. — Que bom te ver por aqui!
Ele me abraçou e eu gostei de vê-lo ali, só estava espantada com a imensa coincidência.
— É bom te ver também! — respondi.
Você ficou imóvel e imediatamente perdeu aquela postura amigável, e eu temi aquilo.
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Por Isso Você Nunca Poderia Me Amar
RomansaTessa faz uma introspecção nesse romance epistolar, quando escreve para o ex companheiro, que não vai mais aceitar essa forma ilógica de amor. Todos os direitos desta obra estão reservados Obra registrada ®️