19 - Tudo volta ao seu lugar

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O carro de João caiu na margem do Rio Tiete, com muita dificuldade, Jonathan desceu o barranco. O jovem encontrou Samuel desmaiado, cheio de machucados pelo corpo. Wal correu para o sentido contrário, em busca de ajuda. Depois de muito gritar, Jonathan, conseguiu chamar a atenção do amigo.

- Jo, Jonathan? O que houve? – perguntou Samuel.

- O carro capotou, eu preciso tirar você daqui. – explicou Jonathan olhando em volta.

- Eu preciso me livrar dessa corrente. – falou Samuel.

Samuel lembrou de um dorama antigo, onde o protagonista ficou preso com algemas e precisou usar toda sua elasticidade para se livrar da situação. Com muito esforço, ele passou os braços pelas pernas, deitou novamente e usou os pés para tentar quebrar o vidro, sem sucesso. Do lado de fora, Jonathan, encontrou uma barra de ferro, tentou acertar a janela, mas estava muito fraco devido ao ferimento no ombro.

- Jonathan? – perguntou Samuel chorando. – Você está bem?

- Eu tô ótimo. – ele respondeu batendo várias vezes na janela. – Essa porra não quebra.

Por causa da violência do acidente, a frente do automóvel ficou amassada, não tinha como Samuel sair pelas portas dianteiras. João estava inconsciente, preso nas ferragens. A chuva não deu trégua, e a água começou a subir pouco a pouco para o desespero de Samuel. Ofegante, Jonathan, continuava batendo na janela do carro, ele queria ajudar o amigo, mas suas forças acabaram.

- Sai daqui. Você vai se afogar! – gritou Samuel chorando.

- Ei, Samuel. – disse Jonathan ficando de joelhos no chão alagado. – Ainda não acabou. – se aproximando e colocando a mão no vidro.

- Por favor! – falou Samuel chorando e gritando ao perceber que a água entrava no carro.

- Eu não vou te abandonar. Eu que devia estar nessa situação. – lembrou o rapaz andando ao lado do carro, enquanto o mesmo afundava nas escuras águas do Tiete.

Aos prantos, Samuel também tocava na mão de Jonathan, mesmo que fosse através do vidro, ele olhou para o lado e viu que João já estava submerso na água, e aos poucos, o carro descia ainda mais. Jonathan tremia por causa do ferimento, mas não deixaria Samuel sozinho naquela situação. Samuel se desesperou e começou a gritar.

- Ei, Samuel. – disse Jonathan com a voz baixa, quase sem forças. – Lembra do dia em que a gente trocou de corpos? -perguntou o jovem tentando distrair Samuel.

- Socorro!! Eu não quero morrer!!! – gritava Samuel.

- Eu, eu fiquei com tanta vergonha de ter ficado no corpo de alguém gordo. – falou Jonathan chorando. – E com o tempo, sabe, fui te conhecendo. Você é a pessoa mais incrível, generosa e corajosa que eu conheci. Eu te amo.

- Jonathan! Sai daqui.

- Samuel, por favor. – pediu novamente Jonathan olhando serenamente para o amigo. – Não tenha medo, eu vou com você. Olha para mim. Só pra mim. – pediu o jovem.

- Não faz isso. – soltou Samuel.

A água cobria praticamente todo o carro, Samuel, estava submerso, e Jonathan, também. Eles se olhavam de uma forma avassaladora, o medo de Samuel sumiu por um tempo, ele se sentiu protegido. As mãos dos dois eram separadas pelo vidro do veículo.

- Eu te amo, Jonathan. – disse Samuel sumindo dentro da água turva.

- Samu... – Jonathan mergulhou e segurou no carro como se sua vida dependesse disso.

Acabou, é isso? Pensou Samuel segurando o fôlego e se contentando com a morte. Ele sentiu o pulmão arder e perdeu a consciência. Samuel lembrou da infância, dos sorrisos, do carinho de Isabella, do orgulho que sentia da tia, Antonella, e a inocência no olhar dos irmãos, Silvio e Suellen. Ele também recordou das conversas que tinha com Lana, e das aventuras que viveu ao lado de Jonathan.

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