Fifteen || the truth

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CARLOS SAINZ

O silêncio no carro era pesado, quase sufocante. Jasmin estava ao meu lado, inquieta, mexendo nos dedos e olhando pela janela enquanto cruzávamos as ruas de Londres. A ligação que recebi no meio da tarde de autógrafos ainda ecoava na minha mente: finalmente, eles haviam descoberto quem vazou o vídeo. Eu estava preparado para encarar essa pessoa, mas uma parte de mim temia o que estava por vir. Quem teria sido capaz de fazer isso conosco?

Lewis, sentado no banco da frente, estava calado, o maxilar tenso, com o olhar fixo no caminho à frente. Ele sabia o quanto isso me afetava, o quanto esse escândalo havia virado nossas vidas de cabeça para baixo. Mas, mais do que qualquer coisa, ele estava preocupado com Jasmin, que mal havia pronunciado uma palavra desde que recebemos a notícia.

Quando chegamos ao prédio do escritório de advocacia, a fachada de vidro refletia o céu cinzento de Londres. O vento frio batia forte, e o ambiente parecia mais sombrio do que o habitual. Desci do carro, senti o peso da responsabilidade sobre os ombros, mas ao olhar para Jasmin ao meu lado, a certeza de que estávamos juntos nisso me deu um pouco de força.

— Estão esperando por nós. — Disse um dos advogados enquanto nos acompanhava até o elevador.

Jasmin agarrou meu braço levemente, e eu entrelacei meus dedos nos dela. Ela me olhou, e por um instante, o medo e a ansiedade nos olhos dela me atingiram como um soco. Eu sabia que esse momento definiria muitas coisas para nós dois.

Subimos até o andar do escritório e seguimos pelo corredor vazio até a sala de conferências. Ao entrar, meu estômago se revirou. Sentada no canto da sala, com uma expressão que misturava nervosismo e desafio, estava Rebeca.

Eu parei na porta, incrédulo. Lewis, ao lado de Jasmin, olhou para Rebeca com uma expressão de choque. Jasmin, por sua vez, deu um passo atrás, tentando processar o que via.

— Rebeca? — Minha voz saiu baixa, como se eu ainda não acreditasse no que estava diante de mim.

Ela se levantou, arrumando o casaco com as mãos trêmulas, mas ainda mantendo aquele ar de superioridade que sempre a caracterizou.

— Carlos... Eu posso explicar. — Sua voz era fria, como se soubesse que o que estava prestes a dizer não mudaria nada.

— Explicar? — Eu dei um passo à frente, sentindo a raiva borbulhar. — Você vazou aquele vídeo! Você destruiu minha vida, nossa vida, e agora quer se explicar? Você me expôs, expôs a Jasmin, e tudo por quê?

Ela respirou fundo, cruzando os braços, o semblante mais firme.

— Porque eu estava cansada, Carlos. Cansada de ser a segunda opção. Nosso relacionamento sempre foi uma fachada, você sabe disso. Eu fui sua namorada por contrato, mas todo esse tempo, você estava mais envolvido com ela do que comigo. — Ela lançou um olhar de desprezo para Jasmin, que se manteve firme ao meu lado.

Eu pisquei, tentando absorver o que ela dizia. A traição me atingia em cheio, não só pela ação, mas pela motivação. Era tudo por ciúmes, por ressentimento.

— Você fez isso por vingança? — Minha voz estava baixa, mas carregada de fúria. — Você nos destruiu por... ciúmes? — Eu mal conseguia acreditar.

— Não é só ciúmes, Carlos! — Rebeca explodiu, finalmente deixando a máscara cair. — Você nunca me amou, sempre foi ela! Eu vi como você a olhava, como falava dela quando estávamos juntos. Nunca importou o que eu fizesse, você sempre voltava para Jasmin.

Ela deu um passo à frente, o olhar cheio de amargura.

— Quando descobri sobre aquele vídeo, sobre o que vocês fizeram... eu pensei que finalmente teria uma chance de mostrar para o mundo o quanto você é fraco, o quanto você não é o herói perfeito que todos acham. Então eu vazei o vídeo. Eu sabia que isso destruiria sua imagem e a dela também. — Ela lançou um olhar venenoso para Jasmin. — Porque ela nunca deveria ter tido você.

A raiva queimava dentro de mim, mas antes que eu pudesse falar qualquer coisa, Lewis deu um passo à frente, sua voz firme.

— Você arruinou a vida da minha irmã, expôs o Carlos, tudo por ciúmes? — Ele perguntou, a voz quase um rosnado. — Você é uma mulher perigosa, Rebeca, e merece pagar por isso.

Os advogados, que estavam em silêncio, deram um sinal para os policiais que já aguardavam do lado de fora da sala. Eles entraram imediatamente, prontos para levá-la.

—Rebecca Donaldson, você está presa por violação de privacidade, distribuição ilegal de conteúdo íntimo e outros crimes relacionados. — Disse um dos policiais enquanto colocava as algemas nela.

Rebeca não resistiu, mas ainda olhou para mim uma última vez.

— Isso nunca foi só sobre o vídeo, Carlos. Foi sobre você me ignorar. Sobre você escolher ela. — Sua voz carregava um ressentimento profundo.

Eu não respondi. Não havia mais nada a dizer. Eu sabia, no fundo, que nosso "relacionamento" sempre foi uma fachada, mas nunca imaginei que ela pudesse fazer algo tão cruel, tão egoísta.

Os policiais a levaram, e o silêncio que restou na sala foi esmagador. Jasmin ainda estava ao meu lado, quieta, processando tudo o que havia acontecido. Eu soltei um suspiro longo, o peso finalmente saindo dos meus ombros.

— Acabou. — Falei baixinho, olhando para ela.

Ela assentiu, sem desviar o olhar de mim. Havia uma mistura de alívio e tristeza em seus olhos, mas o pior estava para trás. O pesadelo, enfim, tinha um fim.

❞ 𝐒𝐄𝐗𝐓𝐀𝐏𝐄 | CARLOS SAINZ Onde histórias criam vida. Descubra agora