Ten|| seven years ago

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AINDA NO MESMO DIA...
JASMIN HAMILTON

A manhã antes da corrida estava agitada, como sempre acontece em Mônaco. O sol brilhava no céu, e o porto estava lotado de iates, turistas e fãs ansiosos para ver os pilotos em ação. Eu sempre gostei do clima de competição, mas desta vez, tudo parecia um pouco mais pesado. Eu podia sentir a tensão no ar, não só por conta da corrida, mas por tudo o que havia acontecido entre Carlos, Rebeca e eu. Era como se cada olhar trocado no paddock carregasse segredos e ressentimentos.

Vesti meu uniforme de apoio à equipe de Lewis e me preparei para acompanhar cada segundo da corrida do pit lane. Ele estava em uma ótima fase, e eu sabia que essa era a sua chance de brilhar novamente em Mônaco. Carlos, por outro lado, estava focado, mas eu conseguia perceber algo diferente nele, talvez o peso das últimas semanas finalmente o alcançando. Eu tentava não pensar nisso, mas era impossível ignorar o fato de que, em algum nível, tudo aquilo ainda me afetava.

A corrida foi intensa. Lewis conquistou o primeiro lugar com uma maestria que me fez sorrir de orgulho. Eu sempre soube do seu talento, mas vê-lo superar os desafios daquela pista tão estreita e exigente era algo que nunca cansava. Carlos terminou em terceiro, o que também era um ótimo resultado, mas eu sabia que ele esperava mais. Podia ver em seu rosto que o terceiro lugar não era suficiente para ele, ainda mais depois de tudo.

Depois da cerimônia do pódio e as celebrações iniciais, os pilotos decidiram sair para comemorar. Era tradição: depois de uma corrida em Mônaco, todos se reuniam para uma noite descontraída com amigos, familiares e algumas pessoas da equipe. Fomos para um dos bares mais elegantes da cidade, com uma vista espetacular para o mar. A noite prometia ser longa, mas eu estava determinada a manter as coisas simples, evitar problemas e, acima de tudo, evitar qualquer confronto com Carlos.

Logo que chegamos ao bar, me sentei em uma mesa próxima à janela, observando a vista deslumbrante. Alguns dos pilotos vieram falar comigo, e então Charles Leclerc se aproximou. Ele era sempre gentil, e nós trocamos algumas palavras sobre a corrida e sobre como o clima em Mônaco estava perfeito naquela noite. A conversa era leve, sem grandes expectativas, e eu me sentia à vontade. Charles tinha um jeito fácil de conversar, e logo estávamos rindo de algumas piadas internas do paddock. Estávamos falando sobre os desafios do circuito de Mônaco, e ele comentou como era sempre um prazer competir em casa.

— E você, Jasmin, já pensou em escrever sobre o mundo das corridas? — Ele perguntou, sorrindo. — Seria interessante ver o que você tem a dizer sobre nós.

— Talvez algum dia. — Respondi, rindo. — Mas por enquanto, prefiro ficar no romance. O drama no paddock já é o suficiente.

Ele riu junto comigo, e eu me senti confortável naquela interação amigável. Não havia nenhuma tensão entre nós, apenas uma conversa descontraída. Mas então, tudo mudou em um instante.

Eu vi Carlos se aproximando com passos firmes, o olhar fixo em mim e em Charles. Algo estava claramente errado. Ele já tinha bebido, e seus olhos brilhavam de uma forma que me fez perceber que aquilo não terminaria bem. Charles notou a aproximação e recuou ligeiramente, percebendo a tensão no ar.

— Carlos! — Eu disse, surpresa, quando ele parou ao nosso lado.

Ele ignorou completamente a presença de Charles e se dirigiu a mim, a voz mais alta do que o necessário, e claramente afetada pelo álcool.

— Preciso falar com você. Agora.

Havia uma urgência na voz dele que me deixou desconfortável. Olhei ao redor e percebi que várias pessoas estavam começando a notar o que estava acontecendo. Aquilo não era uma conversa particular, e a última coisa que eu queria era uma cena pública. Mas Carlos não parecia se importar.

❞ 𝐒𝐄𝐗𝐓𝐀𝐏𝐄 | CARLOS SAINZ Onde histórias criam vida. Descubra agora