𝑪𝑨𝑳𝑳𝑨𝑰𝑻𝑨 ⇢ Oscar Diaz (Pausada)

O c h o

Los Angeles, Sábado.
22:40

S o z i n h a?

- Estou tão cansada mentalmente de tudo - Sussurrei para as meninas, que estavam na sala da minha casa. Estávamos fazendo um "encontro feminino", assistindo filmes tristes e comendo. Haviam colchões por todo o chão, e cobertas e mais cobertas.

Deitei minha cabeça no colo na Monse que fez carinho do meu cabelo, não tiramos a atenção da tv e da série que passava. Era um tanto engraçado ver Jasmine levar a pipoca lentamente até a boca, super concentrada no episódio, e errar a boca.

Elas me faziam esquecer um pouco, a ausência da minha família na minha vida, e eu tenho certeza de uma coisa, eles são a minha família. Brigamos por tudo, não nos entendemos, críticamos Deus e o mundo, errando e acertando, mas nunca desistindo um dos outros. Com eles eu tinha certeza, eu estava em casa.

- Acabei de receber a notícia que vai ter uma festa lá na casa do Sad Eyes! - Olivia sorriu animada estendendo o celular em nossa direção.

Jasmine largou seu balde de pipoca se jogando no nosso lado. Todas elas estavam visivelmente animadas, todas nós precisamos encher a cara esquecer até o nosso nome, e consequentemente os problemas.

- Eu vou! - Quebrei a briga interna que estava se formando na minha mente.

- Se a Ayls vai, eu vou também - Monse Olhou sugestivamente para Olivia, Jasmine e Ágatha que não haviam se pronunciado.

- Eu vou também - Disseram juntas dando de ombros.

Pelo menos se eu encontrar Oscar por lá, não irei estar sozinha. Levantei do colchão inflável, arrumando meu pijama.

- Estou com fome ainda, vou encomendar uma pizza. - Disse segurando meu celular.

- Encomenda de calabresa

Ágatha gritou da sala enquanto eu me afastava indo para a cozinha, aquele povo não sabe falar baixo. Preciso pedir minha pizza em paz. Disquei o número da pizzaria colocando o celular no ouvido.

- Bom dia, gostaria de uma pizza de calabresa e uma de quatro queijos! - Pode se passar anos, nunca vou perder a vontade de perguntar, "vocês vendem pizza?"

Após a mulher ao lado da linha anotar meu pedido, desliguei o celular voltando para o grupo que me esperava.

- Pedido feito, esperem agora 30 minutos que logo chega - Voltei a deitar no meu lugar.

A série estava ficando entediante então resolvemos desligar a tv e conversar. Deixar a conversa em dia, cada uma contava as novidades, e não eram poucas não.

- ... E então, ele disse que vai ficar aqui em Los Angeles por tempo indeterminado, apenas para acabar com os trabalhos que faltam - Ágatha terminou de contar a fofoca sobre seu "ficante"

- Mas qual é o trabalho dele? - Perguntei a morena que pareceu pensar um pouco.

- Não sei, pelo simples fato de que não termos nada para mim me interessar nele, é só sexo entre nós! - Parecia estar falando mais para si mesma que para nós.

- E como está indo o plano para salvar César? - Tomei um gole da minha Coca-Cola.

- Na mesma, as vezes eu sinto que ele gosta da vida que está levando e não quer ser ajudado. Eu tento conversar com ele, mostrar que quando ele entrar, não vai ter como sair. Mas parece que ele não liga, para nós! - Suspirou cansada, abraçamos ela coletivamente, tentando passar por meio do abraço, o conforto e o apoio.

- Saiba que para qualquer coisa, nós vamos estar aqui! - Olivia apontou para todas nós, que convidamos sorrindo.

- Eu tenho as melhores amigas ao meu lado - Disse sorrindo de orelha a orelha.

E assim acabou a nossa noite, juntas e comendo. Não podendo esquecer das fofocas!

†

Los Angeles, Segunda-feira
13:55

- Estou tão cansada, compra um carro logo - Disse para o Jamal que olhava para seu celular atentamente.

A nossa aula havia acabado agora, as garotas foram por um caminho diferente, elas estavam um tanto quanto estranhas, desde sábado. E Jamal se prontificou a me acompanhar até chegar em casa.

- Eu disse que sou seu guarda costa particular, não um Uber - Brincou, dei um tapão no braço dele.

- Me sentindo uma senhora com seus planos 79 anos - Fiz uma carreta, sentindo mais uma das minhas crises existenciais se aproximarem.

Estava tão submersas em meus pensamentos que me assustei quando um Impala vermelho cereja encostou ao meu lado, quase me atropelando.

- Tá cego agora? - Perguntei para Oscar que sorriu de lado, arrumando seus óculos escuros.

- Entra aí! - Tão educado que me assusta.

- Dispenso, se for para entrar no mesmo carro que você, prefiro ir caminhando - Olhei para o lado não encontrando ninguém.

Olhei para frente vendo Jamal quase virando a rua, mas esse garoto é um medroso mesmo. Sorrio internamente, Jamal sendo Jamal. Dei mais dois passados me assuntando com a voz grossa do Oscar.

- Entra aí, caso contrário eu te jogo aqui dentro, por bem ou por mal mi reina! - Bufo com raiva, abrindo a porta do carro e me sentando ao lado dele.

- Satisfeito, agora eu estou aqui por pura e inocente pressão! - Joguei minha mochila no banco de trás, me sentindo em casa.

O caminho estava sendo feito em silêncio, não tanto assim pois um rap mexicano era ouvido bem baixo. Minha atenção vai para um carro que se aproxima lentamente de nós, sinto o corpo do Oscar ficar tenso, e a mão dele para inconscientemente na minha perna apertando ela um pouco.

Meu Deus! a pegada dele ainda não mudou. O homem do outro carro parecia estar declarando guerra apenas com um olhar. Até que ele muda sua atenção para mim, sorrindo de maneira maliciosa, me dando uma vontade imensa de vomitar.

Oscar percebeu e só faltava sair do carro e quebrar a cara do ser a nossa frente. Quando o carro arrancou soltando fumaça, me deixando bem curiosa, quem é ele? E porque Oscar ficou assim quando viu ele?

Ele parou em frente a minha casa, a mão dele continuava na minha perna, mas sua mão fazia desenhos imaginários nela. Muito carinhoso para o meu gosto!

- Obrigada pela carona! - Peguei minha mochila do banco de trás do carro, meu olhar caiu de maneira inconsciente, para sua boca. Preciso sair agora daqui - Até mais! - Disse já fora do carro atravessando a rua.

Me odeio por ainda ficar como uma garota de 13 anos em plena puberdade, perto dele.