01. Hate Hunters Onlineᵛʳ

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Era incrível como eu podia sentir tudo. Ainda que meu corpo pressionasse o dela contra a parede úmida da caverna, eu podia sentir sua respiração quente, tão quente quanto a textura do interior do seu corpo. 

— H-Haru... — eu mal escutava seu gemido abafado entoando meu nome, de tão hipnotizado que eu ficava com o vermelho forte do seu cabelo na minha frente. Era incrível — Continua assim!

Por trás, segurei firme seu peito farto e movi meu quadril de forma mais precisa, forçando minha perna esquerda contra a dela — Estou quase — minha respiração ofegante tomava minha voz quase por inteira, senti aquele calor indescritível descendo da minha garganta para a barriga, causando uma tontura momentânea, até sair tudo.

Depois de terminar, sentei meu corpo no chão da caverna e respirei, recuperando um pouco a energia. Olhei de lado, ela ainda ofegava, encostada na parede do cenário — Você melhorou, hein? — DeltaPhoenix se sentou do meu lado, depois de vestir seu equipamento de volta.

Sorri para ela. Seu rosto estava suado, as orelhas de gato tremiam — Você continua muito boa — ela sorriu de volta — Aposto que também é boa lá fora.

— Já disse que não quero falar da vida real — as expressões da avatar dela voltaram a ficar relutantes.

— Você está certa — toquei seu ombro, tentando me desculpar — E... bom, já está na hora de ir! — notei ela checando o horário no seu visor.

— Verdade, Haru — DeltaPhoenix ergueu a mão e checou algo no menu — Amanhã pegamos uma dungeon boa e, quem sabe, se diverte de novo.

O último sorriso no seu rosto me animou um pouco — É... — ergui a mão, abri o menu e chequei meus status, antes de sair — Comando: Logout!

. . .

Despertei, tirei os sensores neurais e a máscara e desliguei o console — Que droga, passei muito tempo lá de novo — pensei sozinho, em voz alta, enquanto notava o volume no meu short... de novo. Era desconfortável saber que meu corpo real se excitava e tinha estímulos motivados pelo que acontecia dentro do Hate Hunters. Mas eu precisava descarregar, sempre que acabava. E mais uma vez fiquei acordado, devorando a noite, me tocando enquanto lembrava das imagens e da sensação virtual de transar com a DeltaPhoenix.

Mesmo que eu soubesse que aquele não era seu corpo real, que aquela não era sua voz real e que, provavelmente, nunca ficaríamos juntos do lado de fora, eu me confortava em, pelo menos ali, poder ter sua atenção. Eu me sentia valorizado, ainda que aquele não fosse meu corpo e que aquela voz não fosse a minha, muito menos a técnica.

Enquanto, no jogo, meu avatar (Haru77) era alto, sarado, habilidoso, com cabelos cor de nuvem e olhos azuis, na vida real eu era só um adolescente japonês qualquer: Haruoka Togashi, 16 anos, magro, desajeitado, com cabelos escuros, olhos mortos e praticamente um fantasma na escola.

. . .

Na manhã seguinte, eu acabei driblando o despertador pela segunda vez na semana e cheguei atrasado na escola. Minha mãe sempre saía bem cedo e, como eu já era grande, ela não tinha com o que se preocupar, mas havia alguém que se preocupava.

Entrei na sala 2 - B, o professor já estava começando a escrever no quadro. Ninguém notou minha presença, como sempre. Ninguém naquela merda de turma ligava para a minha existência, exceto ela. Mas naquele instante, não queria que ela lembrasse que eu estava ali.

Seu olhar me afunilava de raiva, mas eu sabia que era de preocupação. Afinal, Asuka era a  minha melhor amiga, desde que eu me entendia por gente... praticamente uma irmã de outra mãe.

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