Para ser sincero? A cada dia que passável, se tornava mais difícil não pensar que DeltaPhoenix e Kurumi Takamino eram a mesma pessoa. O fato delas não estarem disponíveis, coincidentemente, de sexta a domingo, me deixava sempre encucado. Sim, talvez fosse um dos dilemas mais absurdos pelos quais eu teria de passar: eu amava Delta, adorava o que nós tínhamos e estava conseguindo controlar a influência do mundo real dentro do jogo, enquanto me aproximava a cada vez mais de Kurumi. E se fossem a mesma pessoa? E se não fossem? Bom, o pior de tudo isso, era lembrar que Haru e "Haru777" seriam facilmente reconhecíveis.
Naquela quinta-feira, último dia da semana com Delta no HHO, isso tomou a minha mente completamente. Enquanto transávamos e sorríamos, eu olhava o avatar de DeltaPhoenix nos olhos, e nunca tinha senti algo novo e mais forte, eu sentia de certeza, que estava lidando com a mesma pessoa com quem eu estava encontrando sempre na biblioteca. Então, acabei fazendo algo que eu nunca havia feito antes, ainda que sentisse aquio:
— Delta — ela pausou o beijo e me olhou — Eu te amo e amo tudo isso.O olhar dela travou. Em todos aqueles meses, vi ela chocada daquela maneira em oportunidades muito raras. Em todos aqueles meses, eu nunca disse o que sentia com as palavras. Ainda que fosse programação, aquele era o meu sentimento, lá fora e lá dentro, e lá dentro era o nosso mundo, que podia ser tão real quanto o de fora, se a gente quisesse.
— Haru... — Delta ainda parecia estática, e finalmente piscou os olhos — Eu também — o sorriso se formou no rosto delicado, que eu acariciei no mesmo instante. Voltamos a nos beijar e ficamos em silêncio, curtindo nosso momento, até dar a hora de irmos.
Não sei o motivo, mas me sentia amado tanto por DeltaPhoenix, quanto por Kurumi, como se eu realmente estivesse convicto, inconscientemente, que eram a mesma pessoa.
. . .
Assim que saí do jogo, com meu sorriso bobo no rosto, olhei as notificações no celular, e tinha uma notificação de mensagem da Fuyuko no meu instagram. Eu reviraria os olhos com nojo, mas eu tava tão bem, que respondi de maneira disposta. Nem pensei sobre, mas depois daquele dia, ela nunca mais me procurou... e sei lá, eu nem lembrava direito do que realmente tinha acontecido, vi como uma oportunidade de esclarecer tudo.
"Haru, preciso falar com você"
Respondi: "É, a gente realmente precisa conversar... pode falar""É melhor pessoalmente"
"Fale agora, Fuyuko"
"Preciso descansar, mas vamos marcar essa conversa depois, por favor"
"Tá bem"
Fiquei madrugada a dentro me perguntando sobre o que caralhos a Fuyuko queria falar. Tudo o que eu lembro daquela noite, é de ir com ela pro quarto, começarmos a nos beijar, já que eu visualizava a Kurumi Takamino no lugar dela. Na minha lembrança, quando despertei, senti muito nojo e respondi pra ela que não queria fazer aquilo.
Bom, só tinha uma pessoa que poderia me ajudar em relação a isso.
. . .
Cheguei atrasado no dia seguinte, então não tive tempo de me encontrar com a Asuka antes da aula começar, mas enviei uma mensagem dizendo que precisava conversar com ela. Ficamos sozinhos na sala durante o intervalo e isso nos ajudou a ter privacidade e tempo para falar sobre aquilo.
Fiquei sentado na minha carteira, ela se sentou sobre a mesa e ficou me olhando com uma expressão curiosa — Então, a Fuyuko me mandou uma mensagem esquisita — notei a expressão no rosto de Asuka se fechar um pouco.
— Foi? E o que ela disse? — pelo tom de voz, parecia que minha amiga estava chateada com a maluquinha de cabelo rosa por algum motivo.
— Disse que precisava falar comigo — respondi olhando pela janela — O que você acha que pode ser?
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DeltaPhoenix
RomanceEm 2031, os jogos de realidade virtual avançaram bastante. No entanto, o jovem Haruoka Togashi ainda é viciado em um jogo online VR mais antigo, onde ele se encontra diariamente com uma jogadora chamada "DeltaPhoenix", com quem ele se relaciona sexu...