18. Logout

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Aquela tarde de domingo acabou em segundos. Quando acordei, ao sair do jogo, me senti impotente, fraco, inútil... fui derrotado por Ryotaro em todas as situações possíveis, mas o pior daquele momento foi descobrir algo sobre DeltaPhoenix sem partir dela...

"Todo mundo aqui já comeu a tarada da Dela"

"Lavagem cerebral"

"Nova cadela da Delta"

"Viciada em sexo virtual"

O que Ryotaro quis dizer com tudo aquilo? Bom, até que tudo se encaixava de alguma maneira, eu acho. A sequência lógica das informações me fazia chegar a uma conclusão triste e quase impossível de ser assimilada pela minha ingênua mente: DeltaPhoenix me usava e me manipulava do jeito que ela queria, talvez para ter sexo... não, não tinha como ser só aquilo. Eu precisava de ajuda, mas havia esquecido que alguém precisava mais de amparo do que eu.

Peguei meu celular, desbloqueei e chequei as minhas mensagens. Kurumi não enviava mensagem desde o dia anterior, mas não visualizava desde 3 horas antes. Eu só podia esperar que ela estivesse bem, mas queria muito saber como ela tava.

"Ei, como você tá?"

Enviei a mensagem e me deitei de novo, ainda desolado e embriagado com as lembranças do meu vexame no PvP que perdi para o filho da puta do Ryotaro. Só tive resposta na hora em que estava indo dormir.

"Haruoka, não posso falar muito agora, tá tudo uma merda"

"Eu conversei com meus pais e o Taro veio aqui em casa muito transtornado"

"Ele e meu pai brigaram, foi horrível, mas amanhã conversamos, tá?"

Respondi concordando e lhe desejei boa noite.

Aquilo só serviu mais ainda para deixar minha cabeça mais ocupada, sensibilizada, preocupada e paranoica. Quando eu não estava pensando sobre a Delta e o que tudo aquilo que Taro falou significava, ficava imaginando o que de pior poderia ter acontecido na casa da Kurumi, e o pior, comecei a me sentir estúpido e culpado... afinal, eu desafiei ele dentro do jogo, perdi, citei o nome da Kurumi, chamei ele das piores coisas possíveis. É lógico que ele iria tirar satisfações com ela. Eu expus Takamino ao risco e só conseguia desejar firmemente que estivesse tudo bem fisicamente com ela.

. . .

Dia seguinte, segunda-feira. O dia mais importante de toda a minha adolescência, o dia que definiu o ano de 2031, para mim.

Para começar com o pé direito, eu sequer consegui dormir. Tive curtos cochilos de no máximo 10 minutos, ao longo da conturbada noite de insônia, ansiedade, preocupação e aflição. Meu psicológico, a cada cena daquela madrugada, ia sendo devorado pelos minutos e corroído pelo amanhecer.

Com o rosto marcado pela péssima condição de sono, me ajeitei. Tomei um torturante banho quente ainda cedo, preparei comida para mim e para minha mãe, com quem sequer falei. Não tive apetite, saí sem comer, ainda descabelado e fui andando pelas ruas até chegar no colégio. Ventava frio naquele dia, talvez fosse o inverno se aproximando lentamente, mas ainda estávamos em Novembro.

A aula foi uma tortura, eu fiz o máximo para conseguir dormir nela, mas era praticamente impossível. Só durante o intervalo, onde eu sequer comi, consegui descansar um pouco meu cérebro, para não pensar nem em Delta, nem em Kurumi Takamino, nem em Ryotaro. Quando abri os olhos, vi Asuka entrar na sala, me olhando com uma expressão esquisita, mas eu ignorei completamente a existência dela depois disso.

Quando a última aula do dia terminou, eu levantei meio sem forças, um pouco tonto, com a sensação de que algo ruim ia acontecer. Caminhei até o lado de fora, sem escutar 1/3 do barulho que os alunos faziam na saída. Na hora que coloquei os pés fora do prédio, senti alguém me segurar, sem muita força, pelo antebraço.

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